Justiça suspende cobranças de empréstimos contratados em nome de pacientes de clínica geriátrica no RS


Polícia Civil descobriu que idosos estavam no local em más condições de higiene, desnutridos, desidratados, sem acesso aos próprios cartões bancários para recebimento de benefícios e dormiam em meio a porcos e galinhas. Comida servida no local; galinha encontrada em um dos quartos dos moradores
Polícia Civil
O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) determinou a suspensão das cobranças de empréstimos contratados em nome de pacientes em situação de vulnerabilidade de uma clínica geriátrica em Taquara, na Região Metropolitana de Porto Alegre, pelos proprietários da empresa.
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A Polícia Civil aponta que os empréstimos consignados foram tirados sem o consentimento dos idosos. A investigação indica um prejuízo de milhares de reais – um dos pacientes foi lesado em pelo menos R$ 20 mil. Saiba, abaixo, como o caso foi descoberto.
A decisão é resultado de uma ação ajuizada pela Defensoria Pública do RS contra os três proprietários da clínica e nove instituições financeiras.
Em outubro de 2023, a Polícia Civil descobriu que os pacientes estavam no local em más condições de higiene, desnutridos, desidratados, sem acesso aos próprios cartões bancários para recebimento de benefícios e dormiam em meio a porcos e galinhas. O espaço foi interditado e o caso foi remetido ao Ministério Público (MP). O processo tramita em segredo de Justiça.
O trio de empresários – Jefferson Almeida de Almeida, Thalles Maciel Telles e Eliane Maciel da Silva – responde, em liberdade, pelos crimes de tortura qualificada, cárcere privado, retenção de documentos, furto qualificado, maus-tratos contra animais, associação criminosa e redução à condição análoga à escravidão.
VÍDEO: funcionária e idosos falam das condições de clínica clandestina em Taquara
A defesa dos três confirma que foram feitos empréstimos em nome dos pacientes e justifica que os valores foram usados para custear a estadia deles na clínica.
A descoberta
A Defensoria Pública obteve documentos e identificou, a partir dos extratos junto ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), empréstimos consignados em nome de seis pacientes. Eles foram contratados entre 1º de abril de 2022 e 27 de fevereiro de 2023.
De acordo com a defensoria, os valores dos empréstimos variam, mas houve, em nome de uma pessoa, consignados que chegam a R$ 20 mil. Com benefícios do INSS que vão até um salário mínimo, os descontos mensais por parte de bancos chegavam a R$ 596 – 42% do que ela teria para sobreviver.
“São pessoas em situação de extrema vulnerabilidade, idosas e que estão com os laços familiares rompidos. E, agora, nessa situação em que não podem ter uma vida digna mesmo depois de resgatadas”, diz a defensora pública Bibiana Bernardes.
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