Aeroporto Salgado Filho deve retomar voos internacionais a partir de 16 de dezembro, diz concessionária


Voos domésticos já devem ser realizados em outubro. Aeroporto de Porto Alegre não recebe aviões desde maio, durante enchente. Base Aérea de Canoas funciona como pista de pousos e decolagens. Fresagem da área de taxiamento do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre
Fraport Brasil/Divulgação
O Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, deve retomar os voos internacionais a partir de 16 de dezembro. A data foi informada pela concessionária alemã Fraport, que administra o terminal, às companhias aéreas e confirmada à imprensa nesta quarta-feira (31).
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Dezembro é o mês previsto para o fim das obras na pista do Salgado Filho, bem como para a retomada total das operações do aeroporto.
“A informação é necessária para que as companhias possam realizar o planejamento de suas malhas aéreas e rotas com a devida antecedência. Conforme o cronograma de obras e intervenções para a recuperação do aeroporto, em dezembro está prevista a liberação completa da pista de pousos e decolagens, pátio de aeronaves e taxiways, além da infraestrutura necessária para operação de voos internacionais”, diz a Fraport.
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A concessionária alemã afirma que a data pode ser antecipada ou prorrogada em razão de fatores externos, como as condições climáticas.
“Da mesma forma que na previsão de retomada para os voos domésticos, em outubro, a data exata ainda pode ser antecipada ou prorrogada. Reforçamos que a comercialização de passagens aéreas ocorrerá após a liberação por parte dos órgãos competentes e conforme decisão de cada companhia aérea”, afirma a empresa.
Veja reparos na pista do Salgado Filho
Aeroporto afetado pela enchente
O Aeroporto Internacional Salgado Filho foi alagado pela enchente que atingiu a capital e fechou as portas no dia 3 de maio. A concessionária afirma que 75% da pista do aeroporto foi danificada durante a cheia.
Com a capital impossibilitada de receber aviões, a Base Aérea de Canoas, na Região Metropoilitana, passou a funcionar como pista de pousos e decolagens de voos comerciais ainda no final de maio. Já o terminal do Salgado Filho foi reaberto em 15 de julho, apenas para as operações de embarque (check-in) e desembarque – os voos seguem em Canoas.
Os aviões comerciais devem retornar ao Salgado Filho em 21 de outubro, conforme pedido da Fraport ao governo federal.
Pista do Aeroporto Salgado Filho tem data para retomada
Obras na pista
Segundo a Fraport, as obras na pista começaram no dia 13 de julho, após a limpeza e o diagnósticos dos problemas na pista.
Recuperação de 1,3 mil metros de extensão da pista de pousos e decolagens
Recuperação de 20 mil metros quadrados do Pátio 1, local onde as aeronaves ficam estacionadas, e de áreas de taxiamento
Uma terceira etapa está prevista para começar em outubro, onde não houver a movimentação de aviões. Os reparos serão feitos em outros 1,2 mil metros de extensão da pista e nas demais áreas de taxiamento.
A convite do g1, o engenheiro civil Felipe Brasil Viegas, coordenador do curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), analisou a inundação da pista do Salgado Filho.
Na avaliação de Felipe Brasil Viegas, os problemas começam justamente na localização do aeroporto. A primeira pista de pouso de Porto Alegre começou a funcionar em 1923, em um campo da várzea do Rio Gravataí. Ao longo de mais de cem anos, o espaço e os terminais foram ampliados, transformando o local no que hoje é o Aeroporto Internacional Salgado Filho.
As várzeas são regiões alagadiças, como se observou na enchente de maio. Para o professor Felipe Brasil Viegas, o solo onde foi erguida a pista do Salgado Filho é “ótimo para plantar arroz”.
“O terreno no qual a pista está implantada é um solo muito, muito ruim. É um solo, eu sempre brinco, ótimo para plantar arroz. É um solo orgânico de argila mole, muito deformável. Quando é um solo melhor, rochoso, alteração de rocha, fica mais fácil”, diz o engenheiro.
Segundo o engenheiro, o solo da pista é composto por uma camada de pedra rachão, uma lâmina de concreto e o acabamento em asfalto. Essas camadas juntas medem cerca de 4 metros de altura. De acordo com Felipe Brasil Viegas, o problema atual se refere ao grau do impacto da enchente nas camadas inferiores da pista.
“O problema todo está em entender se o profundo alagamento que houve no Salgado Filho comprometeu as camadas de baixo, ou seja, esses 4 metros de aterro que têm ali. Se isso, de alguma maneira, foi carreado [levado de arrasto pela água], se isso cedeu, se isso deformou. Porque isso vai exigir naturalmente algum reforço”, afirma o engenheiro.
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