Fóssil foi localizado em 2017, em Santa Maria, e passou por pesquisa desenvolvida como tese de doutorado. Animal, que media um palmo, ficará em exposição até o final do ano em museu da UFSM. O pararréptil Cornualbus primus foi localizado em Santa Maria
Márcio Castro/UFSM/Divulgação
Pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) apresentam à comunidade, nesta quarta-feira (31), as descobertas sobre o fóssil de um pararréptil localizado em Santa Maria, na Região Central do Rio Grande do Sul. O animal viveu entre 235 e 230 milhões atrás, juntamente com os dinossauros.
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Após a apresentação, a descoberta ficará exposta no Museu Gama d’Eça, no município, até dezembro.
O animal, que se assemelha a um lagarto, foi nomeado de Cornualbus primus pela projeção no crânio, que lembra cornos, e por ser o primeiro da superfamília procolofonoide localizado na formação geológica de Santa Maria.
Segundo as investigações, ele tinha o tamanho de um palmo e apresentava condições anatômicas para escavar e viver em tocas.
O fóssil foi localizado em 2017, pelo professor Leopoldo Witeck Neto, quando começaram as investigações. O trabalho se tornou a tese de doutorado do pesquisador Eduardo Silva Neves, na qual se comprovou a nova espécie. Na pesquisa, o material foi comparado com pararrépteis de outros lugares do mundo.
“A gente acabou se certificando de que era um procolofonoide e, mais importante, de quem tinha animais mais velhos, do início do Triássico, e mais jovens, do final do Triássico. Mas faltava, digamos assim, os do meio do Triássico. Então, ele é um fóssil importante porque preenche essa lacuna do conhecimento”, afirma o professor e orientador Átila da Rosa.
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De acordo com o professor, no período Triássico, os continentes ainda estavam reunidos, formando o supercontinente Pangeia. A época também é a primeira da Era Mesozoica. No início desse período, o ecossistema se recuperava de uma extinção massiva e remonta à origem dos primeiros dinossauros.
“Ele vivia no tempo dos dinossauros. Todo mundo acaba prestando só atenção nos dinossauros, mas eles viviam dentro de um ecossistema, que está se mostrando cada vez mais complexo, cada vez mais diverso do que a gente sabia, com a quantidade de novos fósseis que vem aparecendo ultimamente”, explica Átila.
O pesquisador afirma que, para identificar o animal foi necessário realizar uma descrição anatômica, diferenciando em grupos cada vez menores até chegar em uma análise filogenética precisa.
Novos fósseis e um sítio arqueológico também foram descobertos na Região Central após as enchentes de maio. O registro de novos fósseis na localidade são fruto da erosão das rochas pelos rios Jacuí e Ibcuí, segundo o professor.
O que são pararrépteis
Pararrépteis foram organismos que tiveram uma linhagem evolutiva paralela com os répteis – tanto os extintos, como dinossauros, como os atuais, como os lagartos.
No centro do Rio Grande do Sul, já foram encontrados pararrépteis que viveram antes e depois do surgimento dos dinossauros, em diferentes formações geológicos.
Na Sanga do Cabral, foram localizadas as espécies Procolophon trigoniceps e Oryporan insolitus, com cerca de 250 milhões de anos. Na formação de Santa Maria, foi registrada a Candelaria barbouri, que varia entre 240 e 230 milhões de anos. Já na formação Caturrita, foi encontrada a Soturnia caliodon, em Faxinal do Soturno.
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