Moradores têm procurado regiões da cidade que não foram alagadas. Busca por aluguel de imóveis aumentou mais de 60% após a enchente. Mais de 39,4 mil edificações foram afetadas. Ruas de Porto Alegre ficam desertas após enchente de maio
Algumas ruas em Porto Alegre, uma vez movimentadas, agora encontram-se vazias, contempladas apenas pelo silêncio e pelos escombros das casas abandonadas após a enchente que assolou o estado do Rio Grande do Sul no mês de maio.
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Muitos dos moradores não retornaram às suas residências depois das águas invadirem suas casas, optando por buscar refúgio em áreas mais seguras para reconstruir suas vidas.
“A maior parte acabou saindo. Restou umas cinco pessoas mais ou menos. Quem trabalhava pela região central da cidade acabou ficando por lá”, conta Luciano Cardoso, que tem um bar há mais de dez anos no bairro Lami.
Bairro Lami, na Região Sul de Porto Alegre, três meses após a enchente que atingiu o RS
Pietro Oliveira/ RBS TV
A situação é parecida no Quarto Distrito, onde muitos imóveis estão vazios. “É assustadora a quantidade, tanto de comerciantes quanto de moradores, que saíram das suas casas e até hoje não retornaram. As pessoas têm medo de voltar”, conta Rodrigo Farias dos Reis, vice-presidente da Associação dos Amigos do 4º Distrito.
Em Porto Alegre, mais de 160,2 mil pessoas e cerca de 39,4 mil edificações foram afetadas, de acordo com dados da prefeitura.
Quem perdeu a casa em regiões alagadas conta que não quer viver o trauma novamente. É o caso do Iverson Rodrigues, que morava em um apartamento térreo no bairro Cidade Baixa. Há pouco mais de um mês, ele conseguiu alugar um imóvel em uma região alta do Centro Histórico.
“Tinha muita fila de espera. E os valores subiram bastante também. A gente olhava num dia e no outro dia já estava um valor diferente”, conta.
A procura por aluguel de imóveis aumentou mais de 60% após a enchente. Um levantamento de mercado realizado por umas das maiores imobiliárias da capital mostra que regiões mais altas de Porto Alegre foram as mais buscadas para aluguel entre maio e junho deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado.
Os bairros mais procurados foram:
Santana (38,1%);
Petrópolis (21,3%);
Passo da Areia (18,5%);
Bom Fim (15,8%);
Partenon (9,3%).
Os que tiveram menos procura no mesmo período:
Menino Deus (-47%);
Praia de Belas (-45,7%);
Centro (-34,1%).
As vendas de imóveis residenciais voltaram a subir em junho, depois de uma queda em maio. Um levantamento realizado pelo Secovi, o sindicato que representa as imobiliárias, mostra que os bairros Centro e Menino Deus, atingidos pelos alagamentos, seguem entre os mais procurados na hora de comprar casa ou apartamento em Porto Alegre.
“Acredito que teremos uma movimentação, mas não em grande proporções. As pessoas possivelmente vão continuar morando onde moram”, explica Lucineli Jeremias da Silva Martins, economista do Secovi/RS.
Para o Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado do Rio Grande do Sul, ainda é cedo para definir uma tendência na mudança de comportamento dos moradores.
“Entendo que, num curto prazo, pode ser que as pessoas vão para essas regiões altas, mas eu acho que no médio e no longo prazo, as coisas tendem a voltar para a normalidade”, explica o presidente Claudio Teitelbaum.
Procura por aluguel aumenta em áreas mais altas
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