Enchente: 70% dos moradores da grande Porto Alegre tiveram a capacidade de comprar produtos essenciais afetada, diz estudo


Pesquisa mostra que 60% dos entrevistados tiveram renda impactada por temporais e cheias. Balanço da Defesa Civil aponta que quase 2,4 milhões de pessoas foram afetadas no RS. Seis em cada dez gaúchos tiveram algum impacto financeiro por causa da enchente
Seis em cada dez gaúchos tiveram algum impacto financeiro por causa da enchente
Uma pesquisa do Cartórios de Protesto RS aponta que 7 em cada 10 moradores da Região Metropolitana de Porto Alegre tiveram a capacidade de comprar produtos essenciais afetada.
O estudo foi realizado entre 25 de junho e 3 de julho, presencialmente, nos municípios de Porto Alegre, Canoas, Eldorado do Sul, Guaíba e São Leopoldo. Ao todo, 500 pessoas foram entrevistadas.
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Mais da metade dos entrevistados revelaram ter perdido bens materiais. Além disso, seis em cada dez tiveram a renda impactada pelas enchentes.
Imóveis ficaram destruídos durante enchente em Porto Alegre
Reprodução/RBS TV
Das mais de 2,3 milhões de pessoas afetadas em todo o estado, a aposentada Mayumi Nagata foi uma das que teve a residência destruída. A dificuldade se estende ao próprio bolso, já que ela se endividou, e a parcela da aposentadoria permaneceu em R$ 600.
“O que eu faço com R$ 600? Eu tenho que comer, tenho que comprar remédio, e aí? Não é fácil”, indaga.
Dos entrevistados que tiveram a casa atingida pela enchente, 24% disseram que perderam todos os bens materiais e 11% afirmou que a casa chegou a sumir do terreno (veja, em detalhes, abaixo).
“A Região Metropolitana é um importante ponto de expansão econômica, no qual muitas pessoas se conectam devido às ofertas de serviços e empregos. Os desafios, agora, serão grandes, tanto para a população quanto para o poder público”, diz o presidente do Instituto de Estudos de Protesto de Títulos do Brasil – Seção RS, Romário Mezzari.
Aumento da inadimplência
Metade dos entrevistados deixou de pagar contas devido às enchentes. A fatura do cartão de crédito foi o meio que mais sofreu inadimplência, chegando a 26%. Em seguida, aparecem as contas de água e luz, com 14%. Dos entrevistados, 12% afirmam que não pagaram serviços de telefone, TV por assinatura ou streaming.
Além disso, 59% disseram não possuir uma reserva de emergência.
“É um impacto muito grande e diferente de outras crises. Primeiro porque isso aconteceu muito repentinamente. A gente está falando em alguns casos do dia para a noite, às vezes no mesmo dia que as pessoas tiveram o seu negócio atingido, sua casa atingida”, afirma Karine Flores, economista dos Cartórios de Protestos do RS.
Um sistema de mapeamento do governo estadual por meio de imagens de satélites mapeou a mancha de inundação da enchente em todo o território. O sistema apontou que mais de um milhão de estabelecimentos foram atingidos no Rio Grande do Sul.
Entre as afetadas está a empresária Neusa dos Santos, que agora faz uma lista das perdas para ter uma dimensão do prejuízo que teve com o bar, que costumava ter clientes assíduos. Ela vendia produtos feitos na chapa, mas precisou parar as atividades porque o objeto de trabalho enferrujou.
“Eu não vou desistir do meu sonho. Não vou. Eu vou começar do zero de novo. Eu vou começar do zero, mas eu vou voltar de novo”, afirma a empresária.
Eletrodomésticos ficaram inutilizados após o impacto das enchentes no RS
Reprodução/RBS TV
Números da tragédia no RS
Os temporais e as cheias que atingiram o Rio Grande do Sul deixaram 182 vítimas, segundo o mais recente boletim da Defesa Civil, divulgado em 10 de julho. 29 pessoas seguem desaparecidas e 806 ficaram feridas.
Dos 497 municípios do estado, 478 registraram transtornos relacionados aos temporais, afetando quase 2,4 milhões de pessoas.
As ruas, avenidas, estradas e rodovias atingidas pela inundação somam uma distância suficiente para atravessar Brasil de norte a sul ou de leste a oeste, segundo o Mapa Único do Plano Rio Grande (MUP).
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