Especialistas afirmam que símbolos reproduzem heranças históricas, econômicas, culturais e ecológicas de uma região. Contudo, algumas representações podem não considerar toda uma comunidade. ‘Mascotes’ de cidades do Rio Grande do Sul
Reprodução/Google Street View
Cidades espalhadas pelo Brasil recebem visitantes das mais diversas maneiras: pórticos, letreiros ou com simples placas indicando o nome do município. No Rio Grande do Sul, algumas prefeituras aproveitaram a popularidade de “mascotes” para dar as boas-vindas a quem chega à cidade.
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Nesta reportagem, o g1 lista alguns dos “anfitriões” mais curiosos do estado e explica a origem de cada personagem. Entre eles, aparecem abelhas, camarões, pinhões, seres humanos e até sapatos. Veja abaixo.
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Os pesquisadores Andréa Ines Goldschmidt e José Luiz Goldschmidt Júnior, que coordenaram um estudo sobre o enfoque biológico dos símbolos da tradição gaúcha, comentam que os mascotes reproduzem as heranças históricas, econômicas, culturais e ecológicas de uma região.
“Os símbolos também são um tipo de linguagem, e desta forma são importantes e possuem grande representação, envolvendo tanto as inter-relações dos sujeitos com o ambiente quanto os aspectos socioculturais ou até históricos de uma região”, comenta Andréa.
“Tem tanto um enfoque histórico, da colonização, que acaba virando um símbolo municipal, quanto a economia, a cultura, a ecologia do local. O nosso estado traz, na sua origem, essa cultura pela tradição. Toda cidade gosta de ter seu símbolo enaltecido”, afirma José Luiz.
O sociólogo Iuri Azeredo questiona algumas das representações que retratam grupos sociais específicos sem levar em consideração toda a comunidade de um local, como os imigrantes germânicos.
“É importante ‘entender’ os símbolos de um município. Eles moldam ou reforçam identidades ou identificações. Às vezes produzindo exclusões de grupos. Fritz e Frida representam de fato a história e toda a comunidade santa-cruzense? Ou é algo que privilegia um dos vários grupos do passado e do presente, e ainda de forma muito simplificadora e artificial?”, diz.
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Balneário Pinhal: abelha e urso
O município de 15 mil habitantes no Litoral Norte do RS é conhecido, além das praias, pela produção de mel. Inspirado nisso, a prefeitura colocou uma abelha e um urso na rótula de acesso à cidade.
Enquanto o inseto segura um balde com mel, o mamífero – grande consumidor do produto nos desenhos animados – está com uma prancha de surfe. Os orelhões da cidade também têm a forma de abelha.
Urso e abelhas em Balneário Pinhal
Reprodução/Google Street View
Barão: figo
Diferente de municípios que contam com mascotes com traços de desenhos animados, o figo símbolo de Barão busca representar o fruto de maneira fiel. O monumento fica na Praça dos Símbolos, um dos principais pontos de encontro da cidade de 6,4 mil pessoas na Serra.
Figo gigante em praça de Barão
Prefeitura de Barão/Divulgação
Cidreira: camarão
Vizinha de Balneário Pinhal, a praia de Cidreira, com 17 mil habitantes, adotou o camarão como mascote. O crustáceo, da mesma forma que o urso da cidade ao lado, é fã de surfe e posa com uma prancha em um dos acessos do município.
Em frente ao posto de saúde, o camarão veste roupa de médico. Já na rótula que fica em frente ao ginásio de Cidreira, os camarões aparecem com bolas de vôlei e futebol. Um camarão guarda-vidas, com uma boia nos “braços”, fica em frente ao batalhão dos bombeiros da cidade.
Camarões de Cidreira: surfista, médico, atletas e guarda-vidas
Reprodução/Google Street View
Estrela: Chuck e Ruth
O município de 32 mil habitantes no Vale do Taquari recebe os visitantes com as figuras do casal alemão Chuck e Ruth. O nome faz uma brincadeira com o tradicional prato típico da região, o chucrute, feito com repolho.
Chuck e Ruth, o casal germânico de Estrela
Reprodução/Google Street View
Flores da Cunha: galo
A cidade de 30,8 mil habitantes na Serra ergueu um monumento para uma história curiosa. Em 1934, um mágico teria passado pela região prometendo, durante um espetáculo, cortar a cabeça de um galo e fazê-lo cantar logo em seguida.
Na hora da apresentação, o mágico fugiu, deixando a população esperando na plateia. A história virou lenda no município, a ponto de homenagear o animal – com a cabeça em seu devido lugar – em um parque.
Estátua do Galo em Flores da Cunha
Reprodução/Turismo Flores da Cunha
Fontoura Xavier: pinhão
Conhecida como “Terra do Pinhão”, Fontoura Xavier fica no Norte do Rio Grande do Sul e tem 9,5 mil habitantes. Como um bom gaúcho, o pinhão que recebe os visitantes na entrada da cidade leva um chimarrão nas mãos.
Pinhão recebe visitantes em Fontoura Xavier
Reprodução/Google Street View
Maratá e Santa Cruz do Sul: Fritz e Frida
Colonizada por alemães no Vale do Caí, Maratá tem o casal Fritz e Frida em uma das principais ruas da cidade. Anualmente, a cidade de 2,4 mil habitantes comemora a Oktoberfest, mais uma tradição dos imigrantes do país europeu.
Fritz e Frida também são atrações em Santa Cruz do Sul, cidade de 133 mil moradores, no Vale do Rio Pardo. As estátuas de 4 metros de altura são um dos símbolos do município, que também comemora a Oktoberfest no mês de outubro.
Fritz e Frida em Maratá e em Santa Cruz do Sul
Reprodução/Google Street View
Westfália: sapato de pau
Os 3 mil moradores de Westfália, no Vale do Taquari, têm como símbolo o sapato de pau da cultura holandesa. O calçado de madeira ajudava a proteger os pés do frio e da umidade.
O sapato de pau também é o nome do dialeto falado pelos imigrantes na região. Como quem usava o calçado falava um idioma diferente dos imigrantes da Alemanha, o dialeto levou o nome da “marca” daquele povoado.
Sapatos de pau em praça de Westfália
Reprodução/Google Street View
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