Cinco PMs são indiciados pela Brigada Militar por envolvimento em morte de morador após abordagem em Porto Alegre


Caso ocorreu no dia 17 de maio, em frente ao Condomínio Princesa Isabel. Corpo de Vladimir Abreu de Oliveira, de 41 anos, foi encontrado dois dias depois, na Zona Sul da capital. Ônibus foi incendiado em Porto Alegre. Não há informações sobre feridos
Carla Mello/GZH
Cinco PMs foram indiciados pela Brigada Militar (BM) por envolvimento na morte de um morador do Condomínio Princesa Isabel, em Porto Alegre, após uma abordagem. O caso ocorreu no dia 17 de maio. O corpo de Vladimir Abreu de Oliveira, de 41 anos, foi encontrado dois dias depois, na Zona Sul da capital, motivando protestos de moradores – dois ônibus foram incendiados na ocasião.
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Segundo a investigação da Corregedoria, dois PMs foram indiciados por tortura seguida de morte e ocultação de cadáver, um por tortura por omissão, um por prevaricação e um por omissão de socorro. Os nomes e os postos dos envolvidos não foram revelados.
Em nota, a BM afirmou que “lamenta profundamente o ocorrido e destaca que repudia e não pactua com quaisquer abusos ou desvios de conduta por parte de seu efetivo”. A Corporação acrescenta que “não se furta da responsabilidade correcional que lhe cabe”. (Leia a íntegra abaixo)
O Inquérito Policial Militar (IPM) foi concluído em junho, mas o resultado só foi tornado público na quinta-feira (4). Uma investigação da Polícia Civil, independente da feita pela BM, apura a responsabilidade criminal dos fatos.
Policiamento é reforçado após ônibus serem incendiados em Porto Alegre
Relembre o caso
Segundo familiares e testemunhas, Vladimir estava em casa, no Condomínio Princesa Isabel, na região central, quando foi abordado pela BM, em 17 de maio. Sem notícias dele, a família fez buscas em delegacias e hospitais, mas não teve resultado.
O corpo de Vladimir foi encontrado no dia 19 de maio, no bairro Ponta Grossa, cerca de 10 km de distância de onde havia sido visto pela última vez. A irmã, Letícia Abreu de Oliveira, afirmou que o corpo da vítima apresentava sinais de tortura.
“A gente reconheceu o corpo, a minha prima reconheceu o corpo, ele tá todo machucado, todo, todo. A perita falou, ‘torturaram ele, torturaram ele antes de matar’. Torturaram ele. E ele não tinha inimigo, ele não tinha guerra, ele não era envolvido com tráfico”, disse, na época.
Após serem informados de que Vladimir havia sido encontrado morto e com ferimentos pelo corpo, cerca de 50 pessoas bloquearam a avenida em frente ao condomínio. Dois ônibus foram incendiados. Os motoristas contaram à polícia que os manifestantes pediram para todos que estavam nos veículos saíssem. Ninguém ficou ferido.
A Polícia Civil prendeu, no dia 3 de junho, quatro suspeitos de incendiar os dois ônibus. No dia 19 de maio, eles teriam comprado o combustível em um posto de gasolina e ateado fogo nos veículos, segundo a investigação.
No dia 7 de junho, dos PMs foram presos preventivamente. Eles foram encaminhados para o Presídio Militar de Porto Alegre.
Momento da operação que prendeu quatro pessoas por incêndio em ônibus
Divulgação/Polícia Civil
Nota da Brigada Militar
A Brigada Militar, por meio do 9º Batalhão de Polícia Militar, informa que concluiu em 14 de junho o Inquérito Policial Militar (IPM) que investiga os fatos envolvendo o desaparecimento e morte de Vladimir Abreu de Oliveira após ser submetido a uma abordagem policial militar. No dia 07 de junho, sexta-feira, a BM já havia cumprido dois mandados de prisão preventiva relacionados às investigações.
O homem foi dado como desaparecido no dia 17 de maio do corrente ano, em princípio, após ter sido abordado pela Brigada Militar na avenida Princesa Isabel, em frente ao Condomínio de mesmo nome. A vítima foi encontrada sem vida no dia 19 de maio, ou seja, dois dias depois, no bairro Ponta Grossa.
Após o encontro do corpo de Vladimir, imediatamente, instaurou-se o competente IPM, a fim de apurar o eventual envolvimento de policiais militares no desaparecimento e morte do homem.
As investigações apontaram o envolvimento de cinco policiais militares, dois indiciados por tortura seguida de morte e ocultação de cadáver, um por tortura por omissão, um por prevaricação e um por omissão de socorro. Além disso, o procedimento concluiu pelas infrações disciplinares correspondentes.
A Brigada Militar informa que empregou todos os esforços para a mais breve possível elucidação dos fatos e devida responsabilização. Como instituição dedicada à proteção e segurança da população gaúcha, a BM lamenta profundamente o ocorrido e destaca que repudia e não pactua com quaisquer abusos ou desvios de conduta por parte de seu efetivo e não se furta da responsabilidade correcional que lhe cabe.”
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