Mateus Tansini é natural do distrito de Faria Lemos, no interior de Bento Gonçalves. Estado contabiliza 179 óbitos em decorrência das fortes chuvas de maio. Ana Paula Tansini, ao lado do pai Mateus Tansini, vítima da enchente no RS
Arquivo pessoal
Acostumada com a rotina organizada do pai, de repente Ana Paula Tansini se deparou com dias mais desnorteados.
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Mateus Tansini, 55 anos, está entre as 179 vítimas da enchente que assolou o Rio Grande do Sul no mês de maio. Em Bento Gonçalves, Tansini foi atingido por um deslizamento de terra.
“Isso não deveria ter acontecido, (o desmoronamento) pegou ele por pouco”, relata Ana.
Na última quarta-feira (26), a estudante de Agronomia e Agricultura completou 22 anos de idade, mas não tinha o pai ao lado para comemorar o novo ciclo.
“Me considero nova para tantos novos desafios sem ele”, desabafa.
Tansini, natural do distrito de Faria Lemos, interior de Bento Gonçalves, dedicou toda a sua vida à agricultura, especialmente ao cultivo de uvas.
Casado com a também agricultora Mariluci Calza Tansini, o produtor tinha outras duas grandes paixões: gostava de jogar cartas e tinha um amor especial por caminhões.
Mateus Tansini, vítima da enchente que assolou o Rio Grande do Sul.
Arquivo pessoal
Segundo Ana Paula, não é possível saber as exatas circunstâncias do acidente no dia 1º de maio: “A história completa é incerta, pois ninguém viu todo o acontecido”.
“No dia, ele e um vizinho estavam pela estrada pública olhando bueiros que já não estavam mais dando conta de toda água. Eles visualizaram uma barreira e, com isso, Mateus buscou voltar pra casa, enquanto o vizinho resolveu ficar onde estavam”, relata a estudante.
No caminho de volta, Tansini optou por um atalho pela propriedade de outro vizinho. Foi nesse momento que a tragédia aconteceu: um deslizamento de terra atingiu a casa, resultando na fatalidade de Mateus e da família que morava na residência: Artemio Colbachini, de 72 anos, Ivonete Maria Cobalchini, de 62 anos, e Natália Cobalchini, de 27 anos.
“Essa história está contada pelo próprio vizinho que viu a barreira de terra descer sobre eles”, explica Ana.
Artemio e Ivonete eram donos de uma tenda de produtos coloniais às margens da RS-431. Os corpos do casal e de Tansini foram encontrados por vizinhos dois dias após o desmoronamento. No entanto, as buscas por Natália perduraram por 18 dias, até o corpo ser encontrado no dia 20 de maio.
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