Tecnologia permite reconhecer animal e identificar dados como raça, espécie e estado de saúde. Animal ficou ilhado em um telhado em Canoas, de onde foi resgatado de barco, em 9 de maio. Cavalo Caramelo ganha microship para identificação
O cavalo Caramelo, que se tornou símbolo de resistência em meio às enchentes no Rio Grande do Sul, ganhou um microchip. A tecnologia permite identificar e monitorar dados de saúde do animal, que foi resgatado por bombeiros em um telhado em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre.
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O procedimento foi realizado na quarta-feira (19), no Hospital Veterinário da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), onde o animal está abrigado desde a cheia, que atingiu 44% da população de Canoas, matando 31 pessoas. A tecnologia será implantada em outros equinos, gatos e cachorros atingidos pelas cheias, em meio às castrações realizadas pela universidade.
“Vamos garantir segurança e responsabilidade tutorial. O microchip permite dar uma ‘voz’ ao animal, com isso ele consegue ‘explicar’ quem ele é”, disse o médico veterinário Thiago Müller,.
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Segundo o médico veterinário da Ulbra, Jean Soares, a tecnologia também permite a identificação em meio a outros equinos de cor semelhante, já que a pelagem dele é bastante comum. Com a ferramenta, as informações vão para um banco de dados, sendo possível acompanhá-lo ao longo da vida.
Dados e implantação
Microchip é implantado em cavalo Caramelo
Divulgação Ulbra/Thamiriz Amado
O microchip é implantado por meio de uma injeção, contendo um número único, que permite distingui-lo de outros animais, a partir de um scanner. Segundo a universidade, o método é menos invasivo pois não faz modificações no corpo, como ocorre com ferro, tinta e argolas. Entre os dados possíveis de ler a partir da tecnologia estão:
Informações do tutor (nome, endereço, contato);
Informações do animal (nome, chip, espécie, raça, sexo, cor, medicações diárias, condições de saúde, vacinas e características especiais).
O microchip não é um GPS, ou seja, só é possível mapeá-lo e compreender como está o animal a partir de um leitor. A tecnologia faz parte da rotina de estudantes do cursos de Medicina Veterinária, que a conhecem ao longo do curso. Entretanto, é pouco conhecida pela população.
“A microchipagem ainda é um processo pouco conhecido, que gera dúvidas nas pessoas. Mas é um método de grande importância, com uma série de benefícios”, diz. “Essa é uma tecnologia amplamente utilizada em países desenvolvidos e é fundamental para o controle e a gestão da saúde pública como um todo”, afirma o coordenador do curso de Medicina Veterinária da Ulbra Canoas, Jean Soares.
Relembre o resgate do cavalo
Cavalo que ficou ilhado sobre o telhado de uma casa no RS é resgatado
No dia 8 de maio, o Globocop sobrevoou o município de Canoas, um dos mais castigados pela enchente, e identificou um cavalo ilhado em um telhado. A repercussão do caso nas redes sociais levou o animal a ganhar o apelido de Caramelo.
Após o registro do animal, que ficou quatro dias ilhado, o prefeito de Canoas, Jairo Jorge (PSD), disse em entrevista à GloboNews que para resgatá-lo seria necessário um helicóptero.
Leonardo Castro, médico veterinário de Sorocaba (SP), ficou responsável pela administração do soro intravenoso que sedou cavalo Caramelo
Corpo de Bombeiros/Divulgação
No entanto, no dia seguinte, o Corpo de Bombeiros de São Paulo realizou o resgate do animal, de bote. Para realizar a operação, veterinários acompanharam os profissionais de resgate, já que o animal precisou ser sedado e avaliado.
O cavalo chegou ao Hospital da Ulbra desidratado e com cerca de 50kg abaixo do ideal, correndo riscos. Com isso, foram necessários litros de soro para repor a quantidade de líquido que ele perdeu durante o tempo sobre o telhado.
Após os primeiros cuidados, nas semanas seguintes de tratamento, a rotina de cuidados do animal realizada por veterinários incluiu alimentação, observação e exames de sangue.
Os veterinários identificaram que o cavalo desenvolveu pequenas lesões na pele por conta do tempo que ficou limitado em cima do telhado. Também acreditam que ele era usado para puxar carroça em função de uma marca no rosto.
Registro do cavalo Caramelo no Hospital Veterinário da Ulbra
Marcelo Monteiro/Ulbra
O tutor do animal não foi identificado, apesar de algumas pessoas se apresentarem no hospital como proprietários, o que não foi confirmado.
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