Família revive luto após morte na enchente em São Jerônimo; primogênito morreu por afogamento em 1996


Água foi até o telhado da casa de Jeisel Luan Grandini de Mattos. Em razão das chuvas e temporais, 169 pessoas morreram no Rio Grande do Sul. Segundo a família, Jeisel amava estar pilchado
Arquivo pessoal
A família Grandini, de São Jerônimo, perdeu Jeisel Luan Grandini de Mattos, de 34 anos, vítima da enchente que atingiu o estado do Rio Grande do Sul no mês de maio. O episódio reabriu uma ferida antiga, a morte do primogênito há 18 anos.
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“Minha mãe teve seis filhos. Em 1996, perdeu o filho mais velho, Cristiano, afogado. Ficamos em cinco. Agora, somos quatro mulheres”, explica Letícia Grandini, irmã de Jeisel.
Pai de Bernardo, de 9 anos, e Bibiana, de 2, Jeisel morava com a sua mãe, Maria Odete Grandini, de 64 anos, e teve a casa tomada pela água das fortes chuvas no município de São Jerônimo.
Jeisel (5º da esquerda para a direita), com a mãe (3ª da esquerda para a direita) e as irmãs
Arquivo pessoal
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Jeisel era autônomo, trabalhava em obras, e cuidava de sua mãe. A irmã Letícia relata que Odete “está muito abalada” pela perda do filho. “Não consegue se alimentar bem, chegou a ser hospitalizada”, conta.
Segundo Letícia, a lembrança que fica de seu irmão é de “uma pessoa do bem”.
“Ele era um guri doce, estava sempre sorrindo e gostava muito de ajudar as pessoas. Apaixonado pela cultura gaúcha. Ele gostava muito de cavalos”.
Jeisel era apaixonado pela cultura do Rio Grande do Sul
Arquivo pessoal
A irmã conta que a destruição foi total e a água foi até o telhado. No dia 2 de maio, a água já tomava as casas da região. Odete tinha saído da residência para levar os netos à escola, localizada em um ponto alto da cidade. No entanto, Jeisel preferiu tomar conta do local.
“Acho que, de repente, ele ficou ali até para cuidar, porque nosso bairro foi bem saqueado, foi roubado durante a enchente”, explica Letícia.
Na sexta-feira (3), a família já não teve mais notícias do paradeiro de Jeisel. Segundo a irmã, o corpo foi encontrado seis dias depois, quando foi possível ter acesso a casa.
“Nós não temos IML aqui na região, é só em Porto Alegre, e não tinha mais como esperar, a gente estava muito angustiada, muito triste, seria redobrar o sofrimento, então a causa da morte foi indeterminada”.
Contudo, os familiares suspeitam que Jeisel tenha sido vítima de choque elétrico.
“A gente imagina que tenha sido alguma coisa referente à energia elétrica, ao choque mesmo, porque ele estava ali dentro da casa”, justifica a irmã.
Bairro que Jeisel morava em São Jerônimo foi tomado pela água
Arquivo pessoal
Em razão dos temporais e cheias que atingem o Rio Grande do Sul desde 29 de abril, chegou a 169 o número de mortes no estado.
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