Malha viária atingida por cheias e temporais apenas nos 78 municípios em estado de calamidade pública soma 4.521 km, segundo governo do estado. Distâncias entre extremos do Brasil são menores. Imagem de satélite feitas em 6 de abril mostra região de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, tomada pela enchente
European Union/Copernicus Sentinel-2 via Reuters
As ruas, avenidas, estradas e rodovias inundadas nos 78 municípios do Rio Grande do Sul em calamidade pública por causa das enchentes somam 4.521 km, segundo uma estimativa do governo do estado. O intervalo é 124 km superior à distância para atravessar o Brasil de norte a sul, nos 4.397 km que separam o Monte Caburaí, em Roraima, e o Arroio Chuí, em Santa Vitória do Palmar.
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Para atravessar o Brasil de leste a oeste, são necessários 4.320 km, entre a Ponta do Seixas, em João Pessoa, na Paraíba, e a nascente do Rio Moa, em Mâncio Lima, no Acre.
A distância em linha reta seria mais que suficiente para atravessar o Oceano Atlântico, entre a América do Sul e a África, partindo de João Pessoa até Guiné-Bissau. O trecho mais curto entre os dois continentes tem cerca de 2,9 mil km.
As vias afetadas no RS também percorreriam uma distância maior do que a necessária para atravessar a Europa, entre Lisboa e Moscou – 3,9 mil km.
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Método e resultados
Os dados da malha viária atingida nos municípios são do governo do estado, que lançou na quinta-feira (30) o Mapa Único do Plano Rio Grande (MUP). Nele, o Palácio Piratini detalha quanto a mancha de inundação afetou acessos urbanos e rurais, como ruas, avenidas, estradas e rodovias.
O documento analisou os dados da tragédia que já deixou 171 mortos a partir de imagens de satélite de alta resolução. Com elas, o governo avaliou os locais atingidos por inundação, enxurrada e deslizamentos e cruzou informações com as bases disponíveis. Os números consideram que 262 dos 497 municípios gaúchos foram identificados.
Os dados também revelam que três municípios da Região Metropolitana tiveram mais de 40% da população atingida pelas cheias. Eldorado do Sul (80,8%), Canoas (44%) e São Leopoldo (40,7%) somam 273,3 mil pessoas afetadas diretamente. A segunda cidade com mais pessoas afetadas foi Muçum, no Vale do Taquari, com 66,3% dos moradores atingidos.
O tipo de endereço mais afetado pela mancha de inundação são os domicílios particulares, que chegam a 283.078 – o número representa 5,3% da totalidade desse tipo de imóvel. Além disso, 1.349 estabelecimentos religiosos foram atingidos.
O governo também mapeou instalações públicas inundadas. Foram 640 equipamentos atingidos, incluindo hospitais, delegacias, bibliotecas, presídios, museus, escolas, unidade básicas de pronto atendimento e saúde, além de comandos do Corpo de Bombeiros.
Números da tragédia no RS
Os temporais que atingiram o Rio Grande do Sul entre o final de abril e o mês de maio deixaram 171 vítimas, segundo o mais recente boletim da Defesa Civil, divulgado na sexta-feira (31). 43 pessoas seguem desaparecidas e 806 ficaram feridas.
O desastre deixou 617,9 mil pessoas fora de casa – 37,8 mil em abrigos e 580,1 mil desalojados (em casa de amigos e parentes).
Mais de 95% dos municípios foram atingidos em todo estado, afetando mais de 2,3 milhões de pessoas.
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