O MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral), que reúne entidades e organizações da sociedade civil, enviou procedimento com pedido de cassação do deputado estadual Arthur do Val, também conhecido como “Mamãe Fale”, depois de fazer comentários sexistas contra ucranianas, em áudio vazado. O documento foi encaminhado ao deputado Carlão Pignatari, presidente da Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo).
O procedimento de Arthur do Val, por ser totalmente incompatível com o decoro parlamentar e com o dever de exercer o mandato com dignidade, deve ensejar necessariamente a aplicação da sanção de perda do mandato, como preveem a Constituição Estadual, art. 16, II e o Regimento Interno, art. 92, I. Trecho do documento
“Diante do exposto, requeremos que a Mesa adote as providências cabíveis para iniciar o processo conducente à perda do mandato, nos termos do art. 93 do Regimento Interno”, acrescenta o movimento.
Mais cedo, quinze deputados estaduais de diferentes partidos assinaram uma representação contra o também deputado.
A representação é dirigida ao Conselho de Ética da Casa. Nela, os parlamentares pedem que seja apurado o cometimento de ato de quebra de decoro parlamentar “com pedido sanção de cassação de mandato em decorrência de suas falas sexistas e misóginas contra as mulheres ucranianas, com especial ênfase a situação de vulnerabilidade em que se encontram devido ao conflito armado que ali ocorre”.
Entenda o caso
O deputado viajou à Ucrânia na última segunda-feira (28) sob a justificativa de acompanhar o conflito e ajudar o povo ucraniano após a invasão da Rússia. A viagem foi realizada junto a Renan Santos, um dos dirigentes do MBL.
Em uma série de áudios gravados ontem e enviados a um grupo de amigos no Whatsapp, o deputado estadual descreve suas impressões sobre as mulheres da Ucrânia e, em um dos trechos, afirma que elas “são fáceis, porque são pobres”.
Na sequência, ele acrescenta. “E detalhe, hein. Elas olham e, vou te dizer, elas são fáceis, porque são pobres. E aqui, a minha conta do Instagram, cheio de inscritos, funciona demais. Não peguei ninguém, porque a gente não tinha tempo, mas colei em dois grupos de ‘minas’ e é inacreditável a facilidade. Essas ‘minas’ em São Paulo, você dá bom dia e ela [sic] ia cuspir na sua cara e aqui elas são supersimpáticas e supergente boa, é inacreditável”, prossegue o deputado. Segundo ele, nas “cidades mais pobres, elas são as melhores”.
Depois da divulgação dos áudios, a repercussão do caso foi imediata: o pré-candidato à Presidência da República Sergio Moro (Podemos) disse ter rompido com do Val, seu aliado político. Já o Podemos classificou como “gravíssima e inaceitável” a conduta do deputado e anunciou a abertura de um procedimento disciplinar para investigar as falas sexistas dele. E a namorada de do Val, Giulia Blagitz, terminou o relacionamento com o deputado, segundo a coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.
Ao chegar ao Brasil, ainda no aeroporto, o parlamentar classificou os áudios como um “erro em um momento de empolgação”.
“Foi errado o que eu falei, não é isso o que eu penso, o que eu falei foi um erro num momento de empolgação e pronto”, disse do Val hoje de manhã, ao ser questionado pela imprensa.
Suposto assédio contra estudante
Em 2016, Arthur do Val foi acusado de cometer assédio sexual contra uma adolescente de 16 anos, depois de entrar em um colégio em Curitiba (PR) para entrevistar estudantes, que ocuparam o local para realizar um protesto. Na ocasião, Mamãe Falei acabou sendo agredido por esses alunos.
Uma jovem alegou que ele teria passado a mão nela durante a confusão. Os dois assinaram um Termo Circunstanciado e foram liberados pela polícia logo na sequência, segundo informou o Tribuna Paraná, parceiro do UOL.