Catharina Rizzardo Bellé nasceu, viveu e morreu no Vale do Buratti, em Bento Gonçalves. Idosa completou 100 anos no início de 2024. Catharina completou 100 anos no início de 2024
Arquivo pessoal
Aos 100 anos, Catharina Rizzardo Bellé morreu em Bento Gonçalves, na Serra do RS, vítima das cheias e enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul, entre o fim de abril e maio. Durante toda a vida, ela viveu na localidade de Vale do Buratti.
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Por força das cheias, a família de Catharina ficou ilhada. Na tentativa de salvar a todos, os bombeiros e voluntários carregaram a avó em uma cadeira. Porém, ao atravessar o arroio, Catharina começou a passar mal e, apesar dos esforços dos bombeiros para reanimá-la, ela não sobreviveu.
De acordo com a neta, Jéssica Bellé, foi “uma morte serena, uma morte santa”, pois não se sabe o momento em que ela morreu.
“Bom, é assim que os santos morrem”, falou o bombeiro, quando foi dar o anúncio da morte à família.
Catharina “era uma pessoa muito boa, calma e tranquila. Ela viveu a vida com muita simplicidade”. É assim que Jéssica descreve a sua “nona”, como chama carinhosamente a avó.
Viúva desde cedo, após a morte do marido Arlindo, ela assumiu a responsabilidade de cuidar da propriedade e dos filhos. Criava vacas leiteiras e cultivava uma horta.
“Ela fazia queijos e pães maravilhosos”, relembra a neta de como a avó fazia tudo com muito cuidado.
Catharina também foi homenageada no livro “Senhoras do Buratti”, que contou sua história de simplicidade. Para a neta, a vida da “nona” deveria ser um exemplo para a atual geração.
“(O livro) diz sobre ela viver bem. Ela viveu com o simples e bem-vivido. Eu acho que isso é um conselho para nós, jovens, que a gente vive na correria, vive querendo encher a agenda. Ela não viveu numa riqueza abundante, mas viveu bem”, recorda.
Família fez festa para comemorar a vida da centenária
Arquivo pessoal
A estudante de agronomia de 23 anos diz que Catharina “foi um suporte, uma base, um alicerce na nossa família”. Ela participava ativamente da comunidade, organizando festas com amigos e vizinhos, e era devota com as suas práticas religiosas diárias.
“Tinha todos os dias o momento dela fazer a novena, receber a capelinha, fazer a récita do terço com toda a família”, conta Jéssica sobre a rotina.
Com o avanço do Alzheimer, Catharina precisou de cuidados intensivos, mas, segundo a neta, sua família nunca considerou isso um sacrifício: “Mesmo acamada, ela me ensinou muito. Me ensinou sobre o cuidado com o idoso, o cuidado aos mais necessitados”.
Para a família, nas palavras da estudante, cuidar de Catharina era retribuir todo o amor que ela ofereceu ao longo da vida.
100 anos
Em fevereiro deste ano, a família celebrou os 100 anos de Catharina com uma festa especial. Segundo Jéssica, foi um momento de alegria e celebração da vida, com muitos amigos e familiares presentes.
“Mesmo com ela acamada, a gente quis comemorar os 100 anos, porque são 100 anos da história dela”, conta a estudante.
A centenária deixou cinco filhos, sete netos e cinco bisnetos.
Chegou a 163 o número de mortes em razão dos temporais e cheias que atingem o Rio Grande do Sul desde 29 de abril. Em boletim divulgado na manhã desta sexta-feira (24), a Defesa Civil do estado ainda informou que 62 pessoas estão desaparecidas.
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