Bairros Humaitá e Farrapos somam 30 mil habitantes e mais de 3,5 mil empresas. À esquerda, rua alagada no bairro Humaitá. À direita, Avenida Mauá, no Centro de Porto Alegre, onde água baixou
g1
O impacto da enchente divide Porto Alegre em duas: nas zonas Central e Sul, a água baixou e a população já voltou ou está por voltar para casa. Já na Zona Norte, a inundação persiste, com imóveis debaixo d’água e pessoas fora de casa já há 25 dias.
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Conforme dados da prefeitura, dois dos bairros mais afetados ao Norte da Capital, o Humaitá e o Farrapos, somam 30 mil habitantes e mais de 3,5 mil empresas, além da Arena do Grêmio.
Elisandro Cichelero, comerciante na região, teve o seu comércio totalmente coberto pela água. De acordo com ele, “ninguém traz uma solução”.
“Se continuar do jeito que está, nós vamos ficar mais um mês fora das nossas casas”, desabafou o comerciante.
Rua alagada no bairro Humaitá, em Porto Alegre
Reprodução/RBS TV
Na segunda-feira (27), moradores do bairro Humaitá tiraram água de balde da área alagada como forma de protesto contra a prefeitura. A BR-290, conhecida como Freeway, foi bloqueada durante a manifestação. As pessoas cobravam alguma medida do poder público em relação ao problema que enfrentam há mais de um mês.
Após a mobilização, a prefeitura instalou uma bomba móvel emprestada pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) no local, ao lado da casa de bombas do sistema anticheias que não está em funcionamento, com o objetivo de tentar desafogar a área.
Das 23 casas de bombas, 11 estão em funcionamento na capital. Além disso, três estruturas móveis estão drenando a água acumulada no bairro Sarandi, também na Zona Norte.
Avenida Mauá após alagamento em Porto Alegre
Léo Bartz/RBS TV
Motivos para água não baixar
De acordo com o Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), há mais de um motivo possível para explicar a razão da região permanecer alagada há quase um mês.
A região fica próxima ao Rio Gravataí e ao Delta do Jacuí. Por conta disso, é protegida por diques e casas de bombas.
Dois dos diques ficam no bairro Sarandi, e a água extravasou a estrutura, ou seja, passaram por cima e alagou o interior dos bairros.
Outro dique, em frente ao bairro Humaitá, é a Freeway. Nesse caso, houve o rompimento de uma comporta do sistema anticheias e a água invadiu, primeiro, o bairro Navegantes. Depois, avançou em direção aos bairros Humaitá e Farrapos.
Para evitar que mais água entrasse na região, a comporta foi fechada. O problema, agora, é que a água está retida no lado interno e precisa ser retirada, razão pela qual há necessidade do uso de bombas.
Sobre a possibilidade desalagar de forma natural, o IPH sinaliza que isso só deve acontecer quando o nível do Guaíba baixar para cerca de 2 metros, equilibrando com a cota da topografia da região.
O problema é que desde o dia 2 de maio que o Guaíba não baixa de 3 metros, conforme medição da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) no cais Mauá. Nesta terça-feira (28), a régua indicava que o nível do lago estava em 3,68 por volta das 10h15.
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