Brasil é ‘porto seguro para investidores’ na guerra, diz assessor de Guedes

“Conflitos e guerras não são benéficos a ninguém, mas há fatores que podemos controlar e outros que não podemos”, disse Sachsida

Fábio Pupo

O Ministério da Economia afirmou nesta sexta-feira (4) que a guerra na Ucrânia fará recursos globais migrarem de determinadas regiões para onde há mais proteção. Por isso, a pasta defende que esse é o momento de o Brasil se mostrar um porto seguro para investimentos internacionais.

Adolfo Sachsida, chefe da Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos do Ministério da Economia, afirmou que o Brasil deve apresentar aos detentores de capital neste momento fatores de atração como o avanço na agenda de reformas, privatizações e concessões.

“Conflitos e guerras não são benéficos a ninguém, mas há fatores que podemos controlar e outros que não podemos”, disse. “O que está no controle do governo brasileiro é, dado o cenário internacional, mostrar que o Brasil é um porto seguro para investimentos”, afirmou.

O ministério considera que, para esse objetivo ser alcançado, é fundamental aprovar o PL (projeto de lei) do Novo Marco de Garantias, a MP (Medida Provisória) de registros públicos e o PL de debêntures incentivadas. Além disso, obter a aprovação legislativa para a privatização dos Correios e privatizar a Eletrobras ainda no primeiro semestre.

Sachsida afirma que o posicionamento do Brasil, contrário à guerra e alinhado a países democráticos, também é uma medida que favorece. “Por exemplo, alguns países se abstiveram de votar na ONU [Organização das Nações Unidas]. O Brasil não se absteve. Por três vezes, votamos com democracias ocidentais. Isso mostra que a diplomacia brasileira está alinhada com as democracias”, disse.

O movimento nos fluxos globais de investimento está sendo monitorado também pelo mercado. A empresa provedora de índices globais de ações MSCI anunciou na quarta-feira (2) que o mercado russo deixará de fazer parte dos índices de referência dedicados aos emergentes e, segundo o Itaú BBA, a decisão pode resultar em aproximadamente R$ 7 bilhões de recursos externos para o Brasil.


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Os comentários de Sachsida foram feitos durante entrevista sobre o resultado do PIB de 2021. O Ministério da Economia comemorou o crescimento de 4,6% do ano passado, mas afirmou ser necessário monitorar agora o que chamou de cenário internacional adverso.

Um dos principais efeitos da guerra é o aumento do preço do petróleo e uma pressão ainda maior sobre a inflação. Isso tem acelerado a busca da classe política brasileira por medidas para conter preços sobre combustíveis.

Conforme mostrou a Folha na semana passada, a equipe econômica teme que a guerra gere pressão por “medidas heroicas” para segurar os preços -mas que, na prática, não funcionam. Nesta semana, a coluna Mônica Bergamo informou que ministros aumentaram a pressão para que Guedes acelere medidas que possam conter os valores nas bombas.

Sachsida afirmou que o Ministério da Economia é contrário a medidas para combustíveis que gerem instabilidade ou receio sobre o equilíbrio das contas públicas porque elas geram temores entre investidores. Em sua visão, isso faria o risco-Brasil aumentar e o real se desvalorizar -o que faria os preços subirem.


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“O Ministério da Economia trabalha em prol do Brasil. A nossa posição não é ideológica. Ela é ancorada em sólida teoria econômica”, afirmou. “Quando nos posicionamos de forma contrária a determinada medida, não é porque somos contrários a quem está propondo ou por ideologia”, disse.

“O que acontece é que determinadas propostas geram efeitos macroeconômicos adversos. E, com esses efeitos macroeconômicos adversos, em vez de elas gerarem resultado positivo, geram resultado negativo”, disse.

“Você começa com uma medida para diminuir o preço do combustível, só que gera aumento no preço do combustível. Então medidas desse tipo nos parecem equivocadas porque elas vão ter resultado oposto ao que elas queriam”, disse.

O secretário afirma entender “a demanda do Congresso e da população brasileira” e que ela é legítima, mas que cabe ao ministério mostrar que determinadas medidas vão gerar resultado oposto ao esperado. “Se quisermos diminuir o preço dos combustíveis, precisamos tomar medidas estruturais que levem à redução. Por exemplo, todas as medidas que mostrem que o Brasil é um porto seguro para investimento vão atrair investimento internacional. Com isso, o real vai valorizar. Com o real valorizando, o preço dos combustíveis cai”, disse.


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