e se a vítima fosse o jovem rico?

Tomara que ele seja preso. Mas, mesmo se isso acontecer, ele já terá tido um mês de liberdade. E, como acreditar que ele vai ficar preso pelo tempo que mereceria, de acordo com a lei, por tal crime?

Desigualdade

Assim como no crime que vitimou o menino Miguel, esse também é um caso cheio de simbolismos. Um jovem dirigindo um Porsche Carrera GTS de 2023, avaliado em R$ 1,3 milhão, bate em um carro de um motorista de aplicativo – uma classe precarizada que reúne cerca de 1,5 milhões de trabalhadores no Brasil, segundo o IBGE – , que dirigia um Renault Sandero avaliado em R$40 mil. Esse é um baita retrato da desigualdade do país. E também da impunidade e da diferença de tratamento que pobres e ricos recebem da Justiça no Brasil.

Em muitos casos, recebemos a mensagem de que rico pode tudo, até causar a morte de outras pessoas, no caso, de trabalhadores. Não importa, ainda mais se a vítima tiver menos dinheiro, fica tudo bem para eles.

Nesse um mês de impunidade, já soubemos de muitas coisas que só aumentam nossa revolta. Vídeos que foram gravados pelas câmeras instaladas em uniformes de policiais (medida superimportante, como esse caso prova) mostraram testemunhas passando pelo local contando que o carro passou em alta velocidade. Elas afirmam também que o acusado pelo crime estava bêbado. Detalhe: a polícia não exigiu um teste de bafômetro. Como assim?

Em vídeos, podemos ver também a mãe do condutor que causou o acidente, Daniela Andrade, tentando tirá-lo da cena de crime. Ela chega e, como se a situação se tratasse de uma travessura de uma criança de 7 anos de idade, sai puxando o filho para ir embora, sem comunicar à polícia. Ela é obrigada a voltar porque uma policial manda os dois voltarem. Depois de passar alguns dados, a mãe convence a polícia de que seu filho precisa ir ao hospital fazer exames, pois ele teria batido a cabeça. “Cada minuto conta”, ela diz, ignorando completamente as outras vítimas.

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