Pressão dos EUA contra TikTok expõe falácia contra regulamentação das redes

Conhecido o resultado da votação, Shou Chew, presidente-executivo da rede social, afirmou em vídeo que a empresa tem se empenhado em “manter os seus dados seguros e a plataforma livre de manipulação externa”.

A CONFISSÃO
Qual é o aspecto mais espetacular do projeto, da sua aprovação por ampla maioria — bipartidária — e da anunciada disposição de Biden de sancioná-lo? Tem-se a admissão — que não é tácita, mas escancarada — de que as “big techs” dispõem de um controle formidável da vida de seus usuários, coisa que, vamos convir, é segredo de Polichinelo.

Se o TiKTok e os mistérios de seus algoritmos podem prejudicar a segurança dos EUA porque, afinal, sua controladora tem origem chinesa, deve-se deduzir, é uma obviedade inescapável, que as gigantes americanas servem aos interesses… americanos, razão pela qual a Câmara só deu uma alternativa ao fechamento do TikTok: a venda a alguém de confiança.

Republicanos e democratas, com o aplauso de Biden, numa cruzada que começou com Trump, estão dispostos a promover uma espécie bem particular de fechamento de fronteira: os dados que as gigantes americanas captam de usuários mundo afora também podem se subordinar aos interesses do Estado. E isso explica a obrigatoriedade do controle para um americano da gema.

A REGULAMENTAÇÃO
Não é impressionante que alguns bocós, por aqui, tratem a redes sociais como a ágora livre da democracia, razão por que deveria permanecer imune a qualquer regulamentação ou responsabilização civil, uma vez que apenas expressaria a vontade de seus usuários? É claro que o TiKTok sequestra dados, a exemplo do que fazem todas as outras “big techs”.

Ocorre que as redes têm feito mais do que isso. A depender das circunstâncias, seus algoritmos sequestram também a democracia, e isso implica que elas têm, sim, de ser livres, desde que respondam, como qualquer um de nós, pelo modo como usam essa liberdade.

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