Novo Meninas Malvadas mostra que tem uma Regina George em toda geração

Ah, e pode apostar que em algum momento você já cruzou o caminho de uma Regina George. Ela é a aluna mais descolada da escola, a que todas as meninas querem ser, a que tem todos os meninos embaixo da sola de suas botas. Ela dita a moda, determina as tribos, é o centro das atenções sem fazer muita força. Regina George, como o próprio filme descreve, é a predadora alfa — e ai de quem ficar em seu caminho!

Mesmo que a trama se desenrole do ponto de vista de Cady, é Regina George quem comanda toda a atenção. Seria fácil para Tina Fey lhe reservar o papel de vilã, mas “Meninas Malvadas” é perspicaz o bastante para não colocar ninguém em caixinhas pré-determinadas — muito menos sua personagem mais interessante. Se no filme original ela é defendida com fúria por Rachel McAdams, aqui Regina ganha corpo e voz na ótima performance de Renée Rapp.

A atriz e cantora de 24 anos não é uma estranha ao papel, já que foi dela a responsabilidade de interpretar Regina na montagem de “Meninas Malvadas” nos palcos. Aqui ela traz a mesma atitude blasé, o mesmo ar irresistível da dona do pedaço que não parece fazer força para conseguir o que quer. Cady para ela é um pet fofo e exótico, uma menina da África que ela pode moldar como achar melhor.

Essa disputa, contudo, toma rumos inesperados. Cady busca uma fresta na hierarquia da escola e termina alienando os novos amigos — em especial a dupla Janis (Auli’i Cravalho), que tem uma rusga antiga com Regina, e o fiel escudeiro Damien (Jaquel Spivey). São os conflitos de alguém penando para não se tornar outra “garota de plástico”, apelido nada lisonjeiro dado ao séquito de sua mentora.

Cady (Angourie Rice) entre as garotas de plástico em 'Meninas Malvadas'
Cady (Angourie Rice) entre as garotas de plástico em ‘Meninas Malvadas’ Imagem: Paramount

O novo “Meninas Malvadas” pode não ter o ineditismo que deu charme ao original, mas mantém intacta sua verve cômica, seu humor ácido e sua metralhadora de bordões. Existe agora a preocupação em deixar o elenco mais inclusivo e mais sintonizado com os anos 2020, e alguns temas sugeridos 20 anos atrás são discutidos mais abertamente. Fora isso, o texto de Tina Fey — que, por sinal, volta ao elenco no mesmo papel que fez em 2004 — não precisou de muitas atualizações.

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