2024 já começou e, como em todo começo de ano, o brasileiro quer iniciar o planejamento financeiro com o pé direito. Antes de tudo, o trabalhador precisa quitar suas dívidas antes investir.
É o que recomenda Rachel de Sá, chefe de economia da Rico. A especialista explica que, na maioria dos casos, os juros ganhos com investimentos são menores que os juros pagos em dívidas. Ou seja, não vale a pena.
A exceção a essa regra são as atividades de longo-prazo, aqueles que são pagos ao longo de um grande intervalo de tempo. Por exemplo, financiamentos imobiliários, uma ferramenta para quem quer conquistar o sonho da casa própria.
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Segundo Sá, o segundo passo é planejar os custos mensais no orçamento. Ela recomenda “a regrinha do 50/30/20”. 50% do orçamento do trabalhador precisaria ser destinada a custos fixos (contas de água, de luz, por exemplo), 30% para custos variáveis (exemplos: presentes, alimentação fora de casa) e 20% para investimentos.
“Isso já é um grande passo porque o melhor para uma pessoa é a consistência nos investimentos. É a consistência nos investimentos que vai dar ali aquela virada de chave na vida financeira da pessoa”, argumenta ela.
Reserva de emergência
Após esse processo, a próxima etapa recomendada por Rachel de Sá é formar uma reserva de emergência, principalmente para o trabalhador que “está começando a investir agora”.
Como o próprio nome diz, trata-se de um dinheiro guardado para imprevistos que exigem gastos repentinos. A reserva de emergência é importante para quem perdeu o emprego, por exemplo.
Vale ressaltar que ela precisa poder ser rapidamente sacada, com o objetivo de o valor ser aplicado imediatamente. Essa característica é chamada de liquidez pelo mercado financeiro.
No geral, são situações cotidianas, que podem acontecer a qualquer momento. Uma delas pode ser um acidente de carro. É o que diz Rogério Araújo, educador financeiro e líder educacional na Empiricus Investimentos.
De forma semelhante, a educadora financeira Simone Sgarbi diz preferir chamar a ferramenta de “reserva de sossego”.
“O objetivo dessa reserva é ter um dinheiro à mão no caso de qualquer eventualidade. Isso evita que a pessoa caia no uso do cheque especial, solicite empréstimos ou use o cartão de crédito como dinheiro no caso de alguma emergência, sem nem saber como vai fazer para pagar a fatura no mês seguinte”, afirma ela.
Onde e quanto aplicar
Assim, a reserva de emergência precisa ser um dinheiro investido em algum fundo ou título que possa ser resgatado a qualquer momento. É a orientação dos especialistas ouvidos pelo R7.
Eles listaram algumas opções de investimento nessa linha: Tesouro Selic, CDBs de liquidez diária ou Fundos DI com taxa zero de administração. Todos eles são de renda fixa. Em outras palavras, garantem remunerações regulares todo mês.
O Tesouro Selic equivale aos títulos de dívida da União. Na prática, é um empréstimo para o governo brasileiro.
Essa opção é considerada a mais segura no mercado brasileiro, com menor risco de calote. Isso porque, em último caso, um governo pode emitir a própria moeda para pagar suas dívidas.
Nela, seu dinheiro pode ser sacado a qualquer momento, sem prejuízos. A rentabilidade do Tesouro Selic, ou seja, quanto o investidor lucra com isso, está atrelada à Selic, que é a taxa básica de juros da economia brasileira. Atualmente, ela está em 11,75% ao ano.
O título está disponível para compra no site do Tesouro Nacional, em bancos e em corretoras de investimento.
Na plataforma, há mais de uma alternativa. É necessário ter cuidado para não confundir o título Tesouro Selic com o Tesouro Prefixado, que tem prazo e funcionamento diferentes.
De maneira semelhante, o Fundo DI é um grupo de quase somente títulos públicos. É como se o investidor estivesse comprando vários títulos de uma vez só. O fundo pode ser adquirido na maior parte dos bancos e das corretoras.
No entanto, o Fundo DI às vezes tem taxa de administração, que é um pagamento exigido para os funcionários que gerem aquele investimento. Portanto, segundo Simone Sgarbi, somente aqueles que não possuem essa taxa devem ser utilizados como reserva de emergência.
Já o CDB é a sigla para Certificado de Depósito Bancário. Nesse caso, o investidor está emprestando dinheiro para um banco. Nele, o capital também pode ser resgatado a qualquer momento.
Esse título tem ganhos associados à taxa CDI (Certificado de Depósito Interbancário), que tradicionalmente tem valor próximo à Selic. O CDB pode ser comprado em bancos, corretoras e distribuidoras de títulos e valores mobiliários.
Rogério Araújo diz que seria necessário investir, mensalmente, 5% do salário na reserva de emergência. A remuneração mínima para 2024 será de R$ 1.412. Nesse caso, seriam poupados R$ 70,6 por mês.
Por outro lado, Simone Sgarbi acredita que “não existe um valor mensal ideal para investir”
“O que existe é o valor que vai te dar essa tranquilidade, então o recomendado é que se monte essa reserva o quanto antes e só a utilize em caso de emergência mesmo”, completa ela.
Diversificação
Por sua vez, se o trabalhador já conta com toda essa estrutura financeira, com custos planejados e reserva de emergência formada, Rachel de Sá indica que o passo seguinte é a diversificação.
Portanto, o ideal seria ter um equilíbrio entre diferentes ativos, como renda-fixa e renda-variável. “Você não vai colocar todos os ovos na mesma cesta, isso é super importante”, resume ela.
Nesse caso, onde aplicar o dinheiro varia de acordo com o perfil do trabalhador. Se ele é mais conservador, Sá recomenda ativos mais seguros, como o Tesouro Selic. Já se ele tiver mais disposição a se arriscar, uma opção seriam ações de empresas, por exemplo.
* Sob supervisão de Ana Vinhas
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