A maior parte da população brasileira se declara parda, segundo dados do Censo Demográfico 2022, divulgados nesta sexta-feira, 22, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas eles não são maioria em todas as regiões do país.
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Desde o Censo Demográfico de 1991, percebe-se mudanças na distribuição percentual por cor ou raça da população, com o aumento de declaração por cor ou raça parda, preta e indígena, decréscimo para a população branca, de acordo com a última análise do IBGE.
Pardos
Os municípios com maior concentração de pardos ficam no Nordeste e no Norte – sendo esta região com taxa de 67,2%, o maior percentual. Entre os Estados, o maior número de pardos fica Pará (69,9%).
Foi a primeira vez, desde 1991, que esse grupo predominou no Brasil. Eles somam cerca de 92,1 milhões de pessoas – 45,3% da população do país.
O município de Boa Vista do Ramos, no interior do Estado do Amazonas, tem a maior proporção em todo o Brasil de pessoas que se autodeclaram pardas. O grupo representa 92,7% da população da cidade. Na sequência vêm Nhamundá (86,2%) e Caapiranga (85%), também no Amazonas.
Brancos
Outros 88,2 milhões de pessoas, ou 43,5%, se declararam brancos. A grande parte deles fica basicamente nas regiões Sul e Sudeste. Entre os Estados, o maior percentual de brancos está no Rio Grande do Sul (78,4%), seguido por Santa Catarina (76,3%) e Paraná (64,6%).
A população branca é maioria em 2.283 municípios brasileiros (ou 41% do total), sendo metade destes municípios no Sul e 45,7% no Sudeste.
Os três municípios com a maior proporção de pessoas brancas são gaúchos: Morrinhos do Sul, com 97,4%; Forquetinha, com 97,2%; e Monte Belo do Sul (RS), com 96,2%.
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Com relação ao Censo de 2010, a participação da população branca recuou: de 47,7% para 43,5%, dentro dos últimos 12 anos.
Pretos
Em 2022, cerca de 20,6 milhões de pessoas (10,2%) se declaram pretas, e o Nordeste registrou o maior percentual do grupo em sua população (13%), seguido pelo Sudeste (10,6%), Centro-Oeste (9,1%) Norte (8,8%) e Sul (5%).
A Bahia registrou a maior taxa de pretos – 22,4%, concentrados em oito municípios: Antônio Cardoso, Cachoeira, Conceição da Feira, Ouriçangas, Pedrão, Santo Amaro, São Francisco do Conde e São Gonçalo dos Campos. O nono município com mais negros fica em Serrano do Maranhão, no Maranhão.
Considerando os 5.570 municípios do país, essas nove cidades representam apenas 0,1% do total.
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Em relação a 2010, a população preta aumentou 42,3%, e sua proporção no total da população subiu de 7,6% para 10,2%.
Índígenas
O Censo mostrou ainda que a População indígena representa 0,8% da população ou 1,6 milhão de brasileiros.
A maior parte deles (14,1%) vive em Roraima, seguido pelo Amazonas (7,7%), Acre (3,5%) e Mato Grosso do Sul (3,5%). A Amazônia Legal, que reúne os Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão, concentra 2,4% dos indígenas.
Em 33 municípios, a maioria dos habitantes se autodeclara indígena. Proporcionalmente, Uirimutã, em Roraima, é o primeiro em quantidade de indígenas, com 96,6% da população.
Já Manaus é o que tem a maior quantidade em números absolutos: 71,6 mil pessoas na cidade pertencem ao grupo. São Gabriel da Cachoeira vem em segundo lugar, com 48,2 mil, e depois Tabatinga, com 34,4 mil.
Amarelos
Por fim, o número de amarelos caiu em relação ao Censo de 2010, com uma redução de 59,2%, retornando a patamares de 1991 e 2000. Hoje, eles são mais de 850 mil pessoas, o que representa 0,4% dos habitantes do Brasil.
O Sudeste tem a maior proporção deles: 0,7%. Por Estado, a população amarela predomina em São Paulo (1,2%), no Paraná (0,9%) e em Mato Grosso do Sul (0,7%). A maior parte das unidades da federação tem menos de 0,2% de pessoas amarelas.
Essa população não foi maioria em nenhum município e as suas maiores proporções foram em Assaí (PR), com 11,5%; Bastos (SP), com 10,3%; e Uraí (PR), com 5,9%.
Segundo o censo, considera-se como cor ou raça amarela a pessoa de origem oriental: japonesa, chinesa, coreana. Em 575 municípios do país não há nenhuma pessoa que pertença a essas etnias.
“O Censo demográfico é a única pesquisa que nos permite olhar todas as categorias de cor ou raça e a sua evolução ao longo das décadas”, destacou Marta Antunes, coordenadora do Censo de Povos e Comunidades Tradicionais. “O censo mostra a diversidade da nossa população brasileira”.