O centro do filme ainda é D’Artagnan (François Civil), jovem mosqueteiro intempestivo, que não raro prefere resolver seus conflitos na ponta da espada. Em busca de sua amada Constance (Lyna Khoudi), sequestrada ao final da aventura anterior, ele se enrosca nas maquinações da ardilosa Milady de Winter (Eva Green), forjando uma aliança improvável que arrisca o futuro da França.
É no registro do cinema épico, de emoção desavergonhada e altas aventuras, que Bourboulin desenha seu “Os Três Mosqueteiros: Milady”. O terreno mezzo histórico da turbulência na França do rei Louis XIII (Louis Garrel), é palco do confronto de seus mosqueteiros com os protestantes leais ao Cardeal de Richelieu.
As cenas de ação são alinhadas com a dinâmica do cinema moderno, com duelos muitas vezes conduzidos em sequências sem cortes. O peso dramático vem do jogo nas sombras, com traições, revelações, resgates e um vilão oculto. É cinema nostálgico que não se furta de conversar com o futuro.
Esse futuro parece repousar em Athos, mosqueteiro em quem o grande Vincent Cassel injeta carga dramática considerável. Entre as intrigas de Milady (que guarda um segredo com o mosqueteiro) e a missão particular de D’Artagnan, é Athos quem traz mais nuances como personagem. Ele é quem mais arrisca e quem tem mais a perder. O gancho que encerra “Milady” abre espaço considerável para mais aventuras do mosqueteiro e seus companheiros.
Seria um respiro bem vindo no mundo das propriedades intelectuais, dos produtos em forma de cienma. “Os Três Mosqueteiros: Milady” foge do artificialismo reinante e traz um candidato a blockbuster com os pés (literalmente) no chão, o tipo de aventura que não se via em grande escala desde que Spielberg conspirou para colocar capa e espada nas mãos de Antonio Banderas em “A Máscara do Zorro”.