Fenômeno em mineração de Maceió é considerado raro

A região próxima da mina 18 da petroquímica Braskem, no bairro de Mutange, em Maceió (AL), afunda 1,5 centímetros por hora. O risco de formação de um sinkhole, tipo de cratera decorrente do afundamento da superfície, é considerado pela Defesa Civil um fenômeno raro para uma mineração em área urbana.

+ Leia mais notícias de Brasil no site da Revista Oeste

Um agravamento para o episódio foi o esvaziamento da camada inferior, iniciada na década 1970. Segundo Cláudio Amaral, professor de geologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), essa intervenção provocou uma “redistribuição natural do material em direção a esse buraco”.

“Você retirou material lá de baixo e tirou a sustentação; o que está em cima começa a recalcar, ou seja, afundar”, informou Amaral ao Metrópoles. “Se o material retirado estivesse lá embaixo, não aconteceria isso”, acrescentou.

As autoridades informaram que devido ao aumento significativo na movimentação do solo, o colapso da mina 18 pode acontecer a qualquer momento. Há um grande risco de o rompimento atingir as minas 7 e 19, formando uma cratera onde caberia o estádio do Maracanã.

Confira: “MP pede suspensão imediata de exploração mineral em Maceió”

O professor exemplifica casos semelhantes no país, nos quais a exploração de recursos naturais resultou em desastres.

Na cidade de Vazante (MG) houve diversos afundamentos decorrentes da mineração de zinco. O mesmo aconteceu em Cajamar (SP), em 1986, quando a retirada excessiva de água em uma caverna subterrânea causou o desabamento no centro da cidade.

Conforme o professor, já existem estudos científicos que apontam que o surgimento das cidades não deve se dar de maneira aleatória nessas localidades. “Não há mais como a sociedade brasileira aceitar esse tipo de desastre”, protestou Cláudio Amaral. 

‘A maior tragédia urbana do mundo’

Prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, decretou estado de emergência | Foto: Reprodução/X/Twitter

Nesta sexta-feira, 1º, o prefeito de Maceió João Henrique Caldas (PL) disse que a instabilidade do solo foi causada pela atividade de mineração da empresa Braskem durante 35 minas na região.

Ele classificou a situação no município como “a maior tragédia urbana do mundo”. Pela gravidade da situação, o governo municipal decretou estado de emergência. Cerca de14 mil imóveis e até um hospital da região precisaram ser evacuados. Mais de 60 mil pessoas foram afetadas.

Leia também “Prefeito critica Braskem por exploração em mina”

Caldas também afirmou em entrevistas que “a exploração gananciosa e predadora da Braskem gerou um dano material e social sem tamanho”.

Em nota, a Braskem informou que “a acomodação do solo segue concentrada na área da mina 18 e que essa acomodação poderá seguir de forma gradual, até a estabilização, ou de maneira abrupta”.

Ainda em comunicado, a empresa destacou que toda a área nas proximidades da mina 18 está isolada desde a tarde de terça-feira, 28.

Deixe um comentário