A pedra em seu caminho é Tamira (Mohana Krishnan), amiga de infância que agora parece mais distante e isolada no colégio. Paranoica e solitária, a jovem caminha com um pote de vidro fechado e se torna a piada silenciosa do colégio, o que torna seu afastamento de Sam mais agudo.
Os problemas começam quando Tamira conta a Sam que o jarro fechado contém um antigo demônio, entidade que aos poucos mina sua sanidade. Sam, por sua vez, não quer saber de contos de fadas indianos que as assustavam quando crianças e quebra o vidro. O mal, claro, agora está à solta.
Existe uma linha bacana em “Não Abra!” Que remete segredos e heranças culturais ao medo de não se integrar em uma sociedade estranha. Um demônio seria uma conexão com esse passado ancestral que muitos jovens preferem ignorar para “facilitar” sua vida em um país que não é o seu. Mas a criatura, um pishach, é real. Ele some com Tamira e passa a assombrar Sam, matando as pessoas próximas para estimular seu medo e devorar sua alma. O truque para sobreviver é fazer as pazes com suas raízes e encontrar força para rejeitar a presença do mal.
É uma trama que Dutta, fazendo aqui seu primeiro longa-metragem, resolve bem, com a construção de uma ameaça invisível e as consequências de seus ataques traduzidas nas cenas violentas que fazem a festa dos fãs do terror. Sendo um produto que mira no público adolescente, porém, “Não Abra!” suaviza a carnificina e nunca vai fundo nas imagens mais gráficas. O poder da sugestão, acredita o diretor, é mais eficiente.
É uma teoria que “Não Abra!” sustenta bem até capitular o final, quando Sam finalmente precisa confronta o pishach. Filmes de terror precisam ter muita coragem para revelar seu monstro. Dependendo de seu design e de como ele é executado, a coisa pode ir do sublime (o xenomorfo de “Alien” ainda é o melhor exemplo) ao ridículo.