A penúltima reunião deste ano do Copom (Comitê de Política Monetária), do BC (Banco Central), define nesta quarta-feira (1º) o novo patamar dos juros básicos brasileiros. A expectativa é de que a taxa Selic caia pela terceira vez consecutiva, de 12,75% para 12,25% ao ano, o menor patamar desde março de 2022 (11,75% ao ano).
Antes de chegar ao veredito oficial, válido por 45 dias, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e os diretores da autoridade monetária avaliam as possibilidades futuras da economia. A definição do patamar da taxa Selic será anunciada após as 18h.
Ontem (19), o Copom promoveu apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas da economia e o comportamento do mercado financeiro para facilitar o veredito. Para Miguel José Ribeiro de Oliveira, da Anefac (Associação Nacional de Executivos), a redução a ser anunciada terá um efeito muito pequeno nas operações de crédito no Brasil.
“Existe um deslocamento muito grande entre a taxa Selic e as taxas de juros cobradas aos consumidores, que na média da pessoa física atingem 123,71% ao ano, provocando uma variação de mais de 800% entre as duas pontas”, observa Ribeiro.
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Na ata da última reunião, quando decidiu cortar a Selic para 12,75% ao ano, o Copom (Comitê de Política Monetária) sinalizou a previsão de novos cortes de 0,5 ponto percentual da taxa básica de juros para os próximos meses. No entanto, o grupo diz ser pouco provável elevar o ritmo de corte dos juros básicos.
“O Comitê julga como pouco provável uma intensificação adicional do ritmo de ajustes, já que isso exigiria surpresas positivas substanciais que elevassem ainda mais a confiança na dinâmica desinflacionária prospectiva”, avalia o documento.
Para os próximos anos, o mercado financeiro espera pela manutenção do movimento de corte dos juros. As previsões mais recentes, no entanto, estimam que o ciclo de queda da taxa básica de juros será menos intenso, com a chegada da Selic a 9,25% ao ano em 2024 e 8,75% ao ano, em 2026.
Taxa básica
A taxa básica de juros é a mais baixa da economia e funciona como forma de piso para os demais juros cobrados no mercado. A Selic é usada nos empréstimos entre bancos e nas aplicações que as instituições financeiras fazem em títulos públicos federais.
Em linhas gerais, é a taxa Selic que os bancos pagam para pegar dinheiro no mercado e repassá-lo a empresas e consumidores em forma de empréstimos ou financiamentos. Por esse motivo, os juros que os bancos cobram dos consumidores são sempre superiores à Selic.
A taxa básica também serve como o principal instrumento do BC para manter a inflação sob controle, perto da meta estabelecida pelo governo. Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam alternativas de investimento.
Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Já quando os juros básicos são reduzidos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo.