Elisa Holanda, 10, foi diagnosticada com a doença durante a pandemia e, há oito meses, está em fase de manutenção. Foto: Ascom Hias
O Instituto Nacional do Câncer (Inca) define a leucemia como uma doença maligna dos glóbulos brancos, caracterizada pelo acúmulo de células doentes na medula óssea, que substituem as células sanguíneas normais. Nos pacientes com leucemia, uma célula sanguínea que ainda não atingiu a maturidade sofre uma mutação genética, transformando-a em uma célula cancerosa.
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Segundo a oncologista e hematologista pediátrica Viviany Viana, as leucemias são as causas de câncer mais prevalentes na faixa etária pediátrica, respondendo por 30% de todos os tipos de câncer que acometem os indivíduos entre zero e 18 anos de idade, sendo a leucemia linfóide aguda (LLA) a mais frequente. No Centro Pediátrico do Câncer, 135 crianças e adolescentes estão em tratamento, de um total de cerca de 500 pacientes atendidos na unidade.
“Enquanto familiares, sociedade e profissionais de saúde, devemos ficar atentos quando as crianças e os adolescentes mudam seu estado geral, ficam adinâmicos, menos ativos, apresentam palidez, sangramentos ou manchas arroxeadas, sem uma explicação plausível e, principalmente, quando são persistentes, pois, apesar de poderem não indicar nada mais grave, em alguns casos, são decorrentes de quadros de leucemia”, alerta Viviany Viana.
Tratamento e manutenção
O tratamento da leucemia, em geral, dura entre dois anos e dois anos e meio. Nos primeiros seis meses, é indicada uma quimioterapia mais intensiva, em que o paciente precisa estar no hospital com maior frequência, estando sujeito também a mais intercorrências e efeitos colaterais. Após essa primeira fase, é iniciada a manutenção, cujo principal objetivo é evitar a recaída da doença.
“Nessa fase, os pacientes costumam vir ao hospital uma vez por semana para sessões de quimioterapia e fazem uso de uma quimio oral em casa que, normalmente, não traz tantos efeitos colaterais quanto a fase inicial do tratamento. Nesse período, usualmente, as crianças conseguem voltar parcialmente para suas atividades da vida diária, como ir à escola e o convívio com a família”, detalha a médica.
Após o período de manutenção, vem a etapa final do acompanhamento, na qual os pacientes são encaminhados para o ambulatório de follow-up (pós-tratamento). Este seguimento dura dez anos e, nesta fase, o objetivo é acompanhar o paciente, não só para diagnosticar possíveis recaídas, mas também para observar como ele está se desenvolvendo e quais são os efeitos colaterais que podem ser duradouros do tratamento quimioterápico que foi feito.
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Diagnóstico precoce da leucemia
Ao primeiro sinal de que algo não está normal com o paciente, os responsáveis devem procurar assistência médica em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), com as equipes de Saúde da Família (eSF) ou com o pediatra assistente da criança. Quando algum desses profissionais identifica que existe suspeita de leucemia ou algum outro tipo de câncer, ele pode fazer o encaminhamento direto, sem agendamento prévio, para o CPC.
A unidade conta com um ambulatório de diagnóstico precoce, que funciona sob demanda, onde a criança ou o adolescente já são avaliados por um oncologista que vai proceder a investigação diagnóstica, se pertinente. O paciente precisa estar estável clinicamente, em condições de aguardar uma consulta ambulatorial. Se ele não estiver bem, com exames muito alterados, a família deve procurar a emergência do Hospital Infantil Albert Sabin e, chegando lá, será feita uma triagem com os médicos plantonistas – que vão acionar o oncologista para um parecer, se necessário.
“Nós temos feito várias campanhas de diagnóstico precoce e temos tentado constantemente orientar os profissionais de saúde e a população em geral, pois o câncer pediátrico tem um estigma, as pessoas não querem sequer pensar nessa possibilidade. Felizmente, o câncer na faixa etária pediátrica é uma doença rara, mas ele acontece. Não queremos trazer pânico para ninguém, mas a gente precisa contar com a sociedade para ficar atenta aos sinais que podem ser um indicativo da doença, afinal, quanto antes diagnosticada, maior o índice de cura”, diz Viviany Viana.
Centro Pediátrico do Câncer
O CPC do Hospital Albert Sabin é uma unidade de referência no diagnóstico e no tratamento do câncer infantojuvenil nas regiões Norte e Nordeste. A estrutura conta com 94 leitos, entre eles salas de quimioterapia para atendimento ambulatorial, consultórios médicos, unidades de internação, leitos exclusivos para paliação e uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) exclusiva para pacientes oncológicos pediátricos com dez acomodações.
A unidade atende cerca de 500 pacientes em tratamento. Em média, são diagnosticados 200 novos casos por ano; em 2021, foram 236 pacientes diagnosticados com algum tipo de câncer. No ano passado, o CPC realizou, em média, 12.500 atendimentos ambulatoriais e 6.700 sessões de quimioterapia.
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