Tarantino, Del Toro, Villeneuve, Fincher, Peele, Aronofsky, Campion, Anderson (Wes e Paul Thomas) e Lanthimos enxergam o cinema para muito além de um sistema de entrega de produtos. Em comum, todos eles — e mais dúzias e dúzias de novos artistas — olham para trás e sentem-se amparados pelo trabalho de mestres como Martin Scorsese.
A cultura pop, ao menos em 2023, parece a antítese do etarismo. Uma leitura ligeira mostra que, embora a superficialidade de uma geração mais hiperativa pareça dominar o cenário, o equilíbrio é o que determina o estado das coisas. Artistas com bagagem indiscutível tomam a narrativa para si sem nenhum mecanismo moderno, como “likes” e outras bobagens. Tudo pela força de seu talento — e não só no cinema!
O melhor exemplo são os amigos de Scorsese, que atendem há mais de seis décadas por Rolling Stones. Seu novo álbum de músicas inéditas, “Hackney Diamonds”, não parece de forma alguma construído por um grupo que há muito tempo não pega mais fila no banco — ao mesmo tempo em que jamais poderia ser concebido por quem não tem sua quilometragem.
Mick Jagger, Keith Richards, Ron Wood e uma coleção de convidados absurdos — de Lady Gaga a Elton John a Stevie Wonder a Paul McCartney! — criaram um disco de rock que coloca a molecada no chinelo. É pesado, traz riffs que não saem dos ouvidos, é melancólico como o melhor blues, é épico e intimista. Um dos melhores discos do ano, de longe, feito por uma banda que segue com a mesma vitalidade, disposição e bom humor. É absolutamente impressionante!
Taylor Swift pode ser a maior estrela pop do momento, mas sua turnê vitoriosa empalidece com o início do novo passeio mundial de Madonna, disparado em uma série de shows em Londres. Numa época em que palavras como “visionário” são arremessadas sem muito critério, a maior estrela pop do planeta mostra não só o quanto sempre enxergou à frente, mas como continua a pavimentar o caminho para suas pupilas.