A BlackRock anunciou nesta quinta-feira (26) a aquisição de quase 50% da companhia brasileira de infraestrutura renovável Brasol.
O valor da negociação feita por meio do fundo para energia renovável da BlackRock, o Climate Finance Partnership (CFP), que acelera parceiras público-privadas em países emergentes, não foi divulgado.
Ty Eldridge, CEO da Brasol, porém, disse que o aporte permitirá que a companhia dobre sua capacidade de geração de megawatts (de 100 para 200) e também o número de projetos em andamento.
Esse é o primeiro investimento do CFP na América Latina. A Siemens Financial Services (SFS), braço financeiro do conglomerado alemão, é o principal investidor da Brasol desde 2020 e é o majoritário no negócio.
O principal negócio da Brasol é geração de energia solar, por meio da geração distribuída, com a construção de usinas solares para consumidores de diversos portes (em geral, grande).
A partir do investimento da Siemens, a companhia expandiu seu portfólio para projetos de eficiência energética e redes de carregamento para veículos elétricos. “Isso é algo que está um pouco mais distante, mas vemos um potencial muito forte e interesse do mercado”, disse Eldridge.
Com a BlackRock, a empresa estima que os novos negócios criarão até 5.000 empregos diretos e indiretos e uma participação maior em transmissão e distribuição.
Durante o anúncio da parceria com a BlackRock, Eldridge citou também a nova regulação para geração distribuída (que inclui um calendário para progressão da cobrança pelo uso da rede de transmissão de energia elétrica) como um estímulo ao desenvolvimento de novos produtos.
Para a BlackRock, a maior gestora privada de fundos do mundo, o Brasil está bem posicionado para a transição econômica de baixo carbono, processo que mobilizará milhares de dólares.
Karina Saade, presidente da BlackRock no Brasil, diz que os investidores têm cada vez mais olhado para o país
“Acreditamos que o Brasil tem potencial para ser um destino de investimentos importante neste contexto. Estamos confiantes do papel que a descarbonização terá nos fluxos de capital no mundo e confiantes do potencial do Brasil e o quão importante o capital estrangeiro será para o desenvolvimento dessas tecnologias”, afirma.
Anmay Dittman, diretora e gerente de portfólio da CFP da BlackRock, diz que a empresa brasileira impressionou a gestora pelo foco muito claro de atuação.
“A Brasol se destaca como uma desenvolvedora solar líder em C&I [comercial e industrial], com portfólio na maioria das regiões do país e ambição de expansão para outros setores de transição energética”, diz.
Segundo Eldridge, da Brasol, a empresa tem projetos em quase todos os estados brasileiros. Segundo seu site, somente Goiás não tem atuação da companhia. A página também diz que a empresa já passou por 14 países.
A transação entre as empresas deve ser finalizada até o fim deste ano. Participam da operação a XP Investimentos o escritório Pinheiro Neto, com a Brasol.
O CFP da BlackRock foi assessorado Clifford Chance e Cescon Barrieu Advogados. O Lobo de Rizzo Advogados e a White & Case trabalharam com a Siemenes Financial Services.
Os demais acionistas foram assessorados por Barbosa, Müssnich e Aragão Advogados e Apollon Law Group.