A disparada na importação de aço bruto, vindo principalmente da China, deu início a uma nova temporada de desconfortos entre os diversos setores da economia.
As siderúrgicas defendem que a situação é urgente, que o setor está sob ameaça e que “oportunistas de plantão” estão aproveitando o momento para fazer estoque.
Indústrias que consomem aço veem com preocupação a possibilidade de a matéria-prima ficar mais cara e são contrários à criação de uma tarifa temporária de 25% para o metal.
Marco Polo de Mello Lopes, presidente-executivo da Aço Brasil, diz que Estados Unidos, União Europeia, México e Chile já estabeleceram tarifas nesse patamar para proteger suas produções siderúrgicas.
Segundo ele, a tarifa temporária só passou a ser tratada pelo setor com o governo federal depois de uma escalada no volume de aço importado. De abril a agosto, o aumento acumulado foi de 44,7%, período em que as vendas internas caíram 7,6%.
De uma média anual de 250 mil toneladas, dos quais 113 mil toneladas vinha da China, os dados deste ano, até agosto, chegam a 496 mil toneladas importadas, dos quais 300 mil toneladas vieram do país asiático, segundo a Aço Brasil.
Até julho, o tema das pautas nas reuniões no MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) era a recomposição da TEC (Tarifa Externa Comum) com o Mercosul.
“Em junho, com a escalada [das importações], acendeu-se a luz vermelha absoluta”, diz Marco Polo. Foi quando o assunto das discussões com o governo teve de mudar. O setor espera conseguir uma reunião com o presidente Lula, que se recupera de uma cirurgia, para tratar do assunto.
Parte do aço importado está sendo trazido pelas distribuidoras, a quem o representante das siderúrgicas chama de “oportunistas de plantão”.
Dados da Inda (Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço) de setembro mostram alta de 56,4% nas importações de aços planos em agosto e 69% vieram da China. De janeiro a agosto, o aumento é de 38,7%.
“Você acha que quem comprou aço na ‘bacia das almas’ vai vender mais barato aqui? Não, vai absorver a margem”, afirma o presidente-executivo da Aço Brasil.
Ao Painel S.A., José Velloso, representante da indústria de máquinas e equipamentos, criticou a pressão do setor siderúrgico e apontou que mesmo as usinas estão aproveitando para comprar aço no mercado internacional.
Ele citou a Usiminas, que estaria comprando da China e do Vietnã. Segundo Marco Polo, da Aço Brasil, as compras feitas pela siderúrgicas vêm também de Rússia e Japão e são necessárias para atender compromissos já fechados. O alto-forno 3 da Usiminas está em reforma e, por isso, está desligados.
“Sabe por que não pedimos tarifa para placa? Porque placa não tem volume [entre os importados]”, diz Marco Polo.
Com Diego Felix
LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.