Suspeito de ligação com o PCC não participou da venda de Emerson ao Barcelona, apontam documentos – Notícias


Documentos obtidos pela Record TV mostram que o lateral-direito Emerson Royal, do Tottenham e da seleção brasileira, não foi negociado junto ao Barcelona, em 2021, pela agência UJ Football Talent, do empresário Ulisses de Souza Jorge, conforme sustenta a empresa.


Durante a apresentação do atleta na equipe espanhola, Ulisses posou para foto com o atleta brasileiro ao lado de Danilo Lima de Oliveira, conhecido como Tripa. Oliveira, segundo a Polícia Civil de São Paulo, é suspeito de ter ligação com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).


No passado, Ulisses Jorge e Oliveira já se apresentaram como sócios, conforme apurou a reportagem com policiais civis. Entretanto, atualmente, o proprietário da UJ Football Talent nega, veementemente, que tenha existido uma sociedade entre eles. A empresa afirmou à reportagem na quinta-feira (17), por mensagem de texto, ter conduzido, pontualmente, à época, a negociação de Royal que havia saído do Betis para o Barcelona.


A foto de Ulisses Jorge, Royal e Oliveira, ao lado de dois diretores do Barcelona, estava no site da UJ Football Talent, até a Justiça decretar, nesta semana, a prisão temporária (por 30 dias) de Oliveira. Ele está foragido. 


Segundo a UJ Football Talent, “Danilo [Oliveira], no caso, levou o jogador para o escritório [da UJ], prática comum no meio desportivo. A UJ conduziu a negociação, fechou a venda [de Royal] e cada um seguiu seu rumo”.


No entanto, documentos obtidos pela Record TV demonstram que a negociação de Royal foi realizada por meio da Link Assessoria Esportiva e Propaganda, do empresário André Cury.



Em julho de 2021, o dono da UJ Football Talent recebeu autorização da família e de Royal para negociar uma atualização do contrato de trabalho do jogador, válida por 120 dias, o que não prosperou.


O empresário Ulisses Jorge se aproximou da família do atleta e disse ter totais condições de melhorar o contrato do lateral no time espanhol. Com a carta de representação em mãos, o dono da UJ Football Talent foi à apresentação de Royal, na Espanha, com Oliveira. Na ocasião, os dois posaram com o jogador em uma foto. O evento, por conta da pandemia da Covid19, teve a participação de cerca de 60 pessoas.



Na quinta-feira (17), a UJ Football Talent enviou à Record TV uma nota apontando que, desde sua fundação, a empresa é conduzida de maneira unipessoal, ou seja, sem o envolvimento de múltiplos sócios. “Danilo Lima [de Oliveira] não é e nunca foi sócio da agência e nem poderia, dada a modalidade societária dela”, afirmou a UJ Football.


“Ele [Oliveira] apenas participou do processo de indicação de um único atleta [Emerson Royal], entre os 102 que compõem a carteira da UJ, sem qualquer ligação além dessa _o que pode ser facilmente comprovado por meio da documentação pública sobre a fundação da agência”, complementou a UJ Football.


Ainda de acordo com a nota enviada à reportagem, “questionamentos ligados ao caso em específico [de Oliveira ser suspeito de ligação com o PCC] cabem única e exclusivamente à defesa de Oliveira e não à UJ”.



Nesta sexta-feira (18), a Record TV enviou para a UJ Football Talent um novo pedido de entrevista a Ulisses Jorge para esclarecimentos sobre o fato de Royal não ter sido negociado junto ao Barcelona pela empresa. O dono da empresa afirmou que não daria entrevista. Novamente, a UJ Football enviou nota:


“A UJ Football Talent reforça que o jogador Emerson Royal foi, sim, negociado pela agência junto ao Barcelona em 2020 [na realidade, a negociação para melhorar o salário de Royal aconteceu em julho de 2021]. Não à toa, a empresa participou publicamente do momento em que o lateral-direito foi anunciado no time catalão, conforme registro fotográfico que a imprensa (incluindo o portal R7) vem utilizando ao tratar do referido caso.


Existe, de fato, um contrato relativo ao passe do jogador assinado por André Cury. Esses termos foram celebrados em 2019 por outro empresário que, à época, era o responsável pela carreira de Royal e, ao mesmo tempo, atuava como olheiro do Barcelona.


No ano seguinte [2020], foi a UJ Football Talent que, junto ao clube, negociou e firmou os termos do contrato de trabalho do atleta. Tratam-se de processos diferentes e complementares — e não há fatos novos nisso, uma vez que ambos os episódios foram amplamente divulgados na mídia quando ocorreram. Há ainda contratos em posse da UJ que comprovam cada detalhe mencionado.



É compreensível que as partes das negociações entre Royal e o Barcelona queiram desassociar a própria imagem de Danilo Lima [de Oliveira], intermediário da transação e, agora, acusado de crimes pela Polícia Civil de São Paulo. Não é possível, no entanto, criar uma narrativa paralela em que não teria existido ligação, mesmo que pontual, entre Danilo Lima [de Oliveira] e a transferência de Royal.


Até porque a família de Royal foi indicada à UJ pelo próprio Oliveira. Ele era conhecido do pai do jogador porque ambos moraram no mesmo bairro de São Paulo”.


A reportagem pediu acesso aos documentos citados na nota enviada pela UJ Football, do termo citado como realizado em 2020, mas foi informada que não seria fornecido por questões sigilosas. Também foi oferecido à empresa que suprimisse dados que julgasse sigilosos no documento para que pudessem ser analisados. Não obtivemos retorno até a publicação deste texto.

O staff de Royal afirmou que o atleta teve apenas duas contratações entre 2019 e 2021. Em 2019, foi vendido pelo Atlético Mineiro ao Barcelona pelo empresário André Cury. E, em 30 de agosto de 2021, a transferência entre o time espanhol e o Tottenham, pelo agente Emerson Aparecido e a Epic Sports.

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