Caso tivesse largado Hollywood, Martin Scorsese não teria lançado clássicos como Os Infiltrados (2006) e O Lobo de Wall Street (2013)
Clássicos de Martin Scorsese como O Aviador (2004), Os Infiltrados (2006), Ilha do Medo (2010) e O Lobo de Wall Street (2013) quase não existiram porque o lendário diretor quase se aposentou por conta de tretas nos bastidores de Gangues de Nova York, lançado em 7 de fevereiro de 2003 nos cinemas brasileiros.
O elenco do filme contava com Daniel Day-Lewis (Bill “The Butcher”), Leonardo DiCaprio (Amsterdam Vallon), Cameron Diaz (Jenny Everdeane), Liam Neeson (Pastor Vallon), John C. Reilly (Happy Jack), Brendan Gleeson (Walter “Monk”), entre outros. A sinopse diz:
William Cutting é o líder de uma gangue violenta na Nova York do século 19 que confronta seus rivais. Após ter o pai morto pelo criminoso, um jovem jura se vingar, mas fica dividido entre a sede de justiça e o fascínio pelo carismático gângster.
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Com 2h47 de duração, a produção deveria ter mais tempo para desenvolver a trama – pelo menos era isso que Scorsese queria. No entanto, ele brigou com Harvey Weinstein, responsável por produzir o filme, que também teve questões em relação ao orçamento.
Vale lembrar como Weinstein não trabalha na indústria após receber denúncias de dezenas de mulheres sobre assédio e abuso sexual. A relação do diretor com o produtor mudou totalmente a maneira como ele enxergava a indústria.
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“Percebi que não conseguiria trabalhar se tivesse que fazer filmes daquela maneira novamente,” afirmou Martin Scorsese durante entrevista à GQ. “Se essa fosse a única maneira de eu poder fazer filmes, então eu teria que parar. Porque os resultados não foram satisfatórios.”
Às vezes era extremamente difícil e eu não sobreviveria. Eu estaria morto. E então decidi que estava tudo acabado, de verdade.
Mesmo com esse problema, o diretor não desistiu, mas pensou em largar tudo quando trabalhou com Harvey Weinstein novamente em O Aviador. Inclusive, Scorsese “era contra” colaborar com o produtor, que entrou no filme com a empresa dele, Miramax, responsável pela distribuição.
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“Houve uma reunião e fui forçado a essa posição. Eu já tinha ficado grávido, como disseram. E não há como você sair dessa,” explicou. “Mas a filmagem correu bem, a edição correu bem até as últimas semanas de edição. E eles vieram e fizeram algumas coisas que considerei extremamente maldosas.”
Como GQ relatou, Warner Bros. e Miramax cortaram o financiamento de O Aviador. Por conta disso, Martin Scorsese foi obrigado a usar US$ 500 mil, aproximadamente R$ 2,5 milhões na cotação atual, do próprio bolso para conseguir terminar o filme: “Eu apenas disse: ‘Não estou mais fazendo filmes.’”
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