Quando se fala em renda fixa, três letras se destacam, CDI. A maioria nem sabe o que significam as letras, mas se sentem seguras com elas. Apesar de ser o indicador mais acompanhado pelo mercado, ele não garante dois elementos importantes para investimentos de médio e longo prazo. Nesse sentido, outro indicador de renda fixa atende a estes critérios e ainda ganha do CDI no médio e longo prazo.
A ansiedade em acompanhar o rendimento das aplicações com alta frequência é um dos maiores vilões dos investimentos. Ele leva investidores a decisões mais cômodas, porém menos eficientes.
Por exemplo, o que você diria de um investimento de renda fixa que, entre 2003 e 2022, perdeu do CDI em 93 dos 228 meses? Ou seja, você diria que esta renda fixa que perdeu do CDI em 41% dos meses teria sido uma boa aplicação? E se eu disser que ela apresentou retorno mensal negativo em 62 meses, nesse mesmo período, ou seja, em 27% dos meses? Parece que esta aplicação nunca foi interessante, não é verdade?
De fato, a questão central reside sobre o período adequado para avaliar os rendimentos e suportar a ansiedade das oscilações de curto prazo. A segurança não vem da ausência de oscilação, mas de dois critérios.
Quando pensamos em indicador de renda fixa para o médio e longo prazo, ele deve atender a dois critérios:
1 – Garantir a recomposição do poder de compra, ou seja, ter uma referência na inflação;
2 – Garantir um juro real, ou seja, uma taxa de juros acima da inflação.
Nesse momento, o CDI parece muito interessante, mas ele não atende a estes critérios. Já vimos que o CDI pode cair e apresentar retornos bem baixos.
Nesse quesito, o IMAB-5, índice que reflete a média dos títulos públicos referenciados ao IPCA com vencimentos menores que 5 anos, atende aos critérios e ganha do CDI no médio e longo prazo.
Adicionalmente, o fato de ser constituído por títulos com prazo de vencimento mais curtos, ele possui baixa volatilidade.
Entretanto, mesmo com baixa volatilidade, ele foi o indicador de renda fixa citado acima por ter perdido do CDI em 41% dos meses entre 2003 e 2022.
A resistência de investidores em adotar o IMAB-5 e aplicar em ativos atrelados a ele é a dificuldade de suportar a ansiedade da avaliação mensal. Muitas vezes até diária.
Entre 2003 e 2022, o IMAB-5 rendeu 857,2%. Nesse mesmo período, o CDI rendeu apenas 573,6%.
Portanto, o IMAB-5 se valorizou o equivalente a 149,4% do CDI. Nos 19 anos, apenas em 3 anos o IMAB-5 perdeu do CDI.
Não incluí o ano de 2023 na amostra, pois ele ainda não acabou, mas acredito que o IMAB-5 também deve ganhar do CDI e da Selic.
Segundo a Anbima, o rendimento do IMA-B5 está em 5,5% + IPCA. Este é o rendimento médio ponderado de títulos públicos com menos de 5 anos de vencimento. Consulte nesta planilha (link) os títulos que formam este índice.
Com base no passado, existe uma grande probabilidade deste retorno superar o CDI nos próximos cinco anos.
Entretanto, você terá de suportar vários meses com retornos abaixo do CDI. Para reduzir este impacto, há a possibilidade dos títulos privados, pois o rendimento destes é ainda melhor.
Os títulos privados bancários como CDBs e os corporativos como debêntures, CRAs e CRIs têm um prêmio adicional em relação ao juro real de 5,5% ao ano. Adicionalmente, vários dos títulos corporativos ainda contam com isenção de IR.
Portanto, para aqueles que preferem manter títulos de curto prazo, estas são boas escolhas para investimentos de médio e longo prazo.
Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.
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