João Carlos Martins liga para Tiago Abravanel por parque – 01/08/2023 – Mônica Bergamo

A criação do parque do Rio Bexiga ganhou mais um aliado: o maestro João Carlos Martins. “Eu, pessoalmente, considero o Bexiga a alma de São Paulo. E acho uma tristeza a alma de São Paulo não ter um parque”, diz o músico à coluna.

No próximo domingo (6), quando se completará um mês da morte do diretor teatral José Celso Martinez Corrêa, o Zé Celso, João Carlos Martins fará um concerto na rua em frente ao Teatro Oficina.

O evento terá uma dupla finalidade: homenagear o diretor e ser uma manifestação pela criação do parque. Zé Celso foi um dos maiores defensores da implantação do espaço verde no terreno ao lado do Oficina. Por 40 anos, ele e Silvio Santos, proprietário da área, brigaram pelo local. O apresentador deseja fazer um empreendimento imobiliário na área.

“Vamos lá para o meio da rua, do mesmo jeito que eu fui para o meio da rua Augusta na época da definição do parque Augusta”, diz João Carlos Martins, em referência ao espaço verde que também só foi viabilizado após uma grande mobilização de pessoas da cidade.

“Eu sempre acho que o raio pode cair duas vezes, e não só uma [no mesmo lugar]. Caiu no Parque Augusta e deu certo, por que não pode cair no Bexiga?”, indaga.

João Carlos Martins diz que teve o aval do ator Marcelo Drummond, viúvo de Zé Celso, para se envolver na luta. Ele conta já ter falado com promotores do Ministério Público de São Paulo e outras pessoas envolvidas no tema.

Ligou também para o ator e cantor Tiago Abravanel, neto de Silvio Santos. Recebeu como resposta que a responsável pelo assunto é Renata Abravanel, filha caçula do apresentador e que é executiva no Grupo Silvio Santos.

“Como dizia Jorge Amado no livro ‘Os Velhos Marinheiros’: Todos os ventos do mundo se uniram para salvar o sonho do capitão Vasco Moscoso de Aragão”, cita o maestro. “Com ela [Renata] ainda não falei. Estou falando com muitas pessoas. Eu sempre acredito que todos os ventos podem se unir para salvar o parque do Bexiga. Essa é a minha esperança”, diz.

João Carlos Martins lembra que a sua ligação com Zé Celso começou em 1982, quando ele era secretário estadual da Cultura em São Paulo e foi o responsável pelo tombamento do Oficina. Já naquela época, Silvio Santos investia na terra ao lado do espaço e pretendia comprar o lote ocupado pelo grupo do diretor, que então alugava o imóvel.

Martins relata que o tombamento do teatro foi feito em cinco dias. Ele entregou o documento nas mãos de Zé Celso. “Ele começou a chorar. Chorou, chorou. Choramos juntos”, disse Martins.

Para o concerto de domingo (6), que terá participação especial da Vai-Vai, escola símbolo do Bexiga, o maestro revela que prepara um repertório especial.

“Vamos fazer algumas coisas emblemáticas do Brasil que significam o Zé Celso. Vai ter, por exemplo, ‘O Trenzinho do Caipira’, do Villa-Lobos, diz.

A Vai-Vai e o maestro preparam uma outra “loucura”, segundo João Carlos Martins:

“O Zé Celso, apesar de ser o cara mais ousado da dramaturgia brasileira, também respeitava a tradição. A maior forma de homenageá-lo é unir ousadia e tradição com a apresentação do primeiro movimento da 5ª sinfonia de Beethoven”, diz.

O evento de domingo (6) é organizado pela Associação dos Proprietários e Protetores de Imóveis Tombados (APPIT) e pela Sociedade dos Amigos, Moradores e Empreendedores de Cerqueira César e Consolação (Samorcc). As duas entidades também encamparam a luta pela implantação do parque do Rio Bexiga.


TERCEIRO SINAL

O ator Miguel Falabella recebeu convidados na estreia do espetáculo “Kiss Me, Kate — O Beijo da Megera” na semana passada, no Teatro Villa Lobos, em São Paulo. A atriz Marisa Orth e o cantor Lucas Lima prestigiaram a sessão.

com BIANKA VIEIRA (interina), KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH


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