Diálogos do Sul: Cannabrava | O que é melhor para o desenvolvimento do Brasil: Europa ou Brics?

Tanto Estados Unidos como UE entraram na onda da globalização que impôs o pensamento único neoliberal como doutrina de Estado. Desestatização, privatização, desindustrialização, desnacionalização, precarização, desemprego, miséria e fome, apanágio do neoliberalismo.

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Enquanto isso, a China tornou-se a fábrica do mundo. Desindustrializada a UE, nem os EUA podem prescindir da China, pelo menos num curto e médio prazo.

O que pode a UE oferecer? Não há vantagem alguma em uma associação com esses países que escolheram a guerra como opção de vida e cuja economia está a se deteriorar a olhos vistos. Europa transformada em colônia dos Estados Unidos.

Desenvolvimento, com os Brics, ou estagnação e guerra, com a União Europeia e Estados Unidos. Subordinação ao dólar, papel impresso que vale nada, ou integração a um mundo de cooperação com as moedas nacionais.

Contradição no seio do governo

Essa contradição se reflete ainda no seio do governo de coalizão. De coalizão, mas que foi eleito para executar um programa contrário ao monetarismo. Não faz sentido ministro defender políticas neoliberais que foram rejeitadas nas urnas.

Jean Paul Prates, do PT, presidente da Petrobras, nesses seis meses de governo conseguiu baixar o preço do gás em 25%. É uma cifra significativa numa matéria prima das mais importantes na produção de energia, fundamental para o funcionamento de grande parte do parque industrial.

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Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, do PSD, na contramão do pensamento de Lula, quer acabar com o monopólio, entregar tudo para a iniciativa privada. Recordemos que já entregou, entre outras tantas, os dutos de gás e petróleo e agora paga aluguel para a estatal francesa Total.

Tem duas posições antagônicas dentro do governo. Ao aceitar integrar o governo, partidos da coalizão têm que adaptar-se à política que rege o governo de acordo com o programa para o qual foi eleito.

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Não faz sentido um ministro defender posição contrária. Fica difícil governar. Dá insegurança jurídica e afasta os investimentos tão necessários para a retomada da industrialização.

Quer queiram ou não os neoliberais, esse governo foi eleito para acabar com as privatizações.  

Isso ocorre por falta de uma estratégia nacional de desenvolvimento com seus planos setoriais de curto, médio e longo prazo.

Desindustrialização

Levantamento da Confederação Nacional da Indústria, com 1.682 executivos de 672 pequenas empresas, 599 médias e 411 grandes empresas, ademais de 356 indústria da construção, apenas possuem máquinas com até 2,5 anos de uso. 28%, a maioria, têm equipamentos de 10 a 15 anos. Equipamentos velhos reduzem a produtividade e aumentam os custos de produção.

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Além do processo de desindustrialização a que o país foi submetido nas quatro últimas décadas, a indústria que ainda permanece funcionando está defasada, o que é um problema a mais no processo de retomada, que vem sendo chamada de neoindustrialização.

O processo tem que começar com atenção especial para adequar o parque industrial através de linhas de crédito especiais, incompatíveis com a política de juros altos do Banco Central.

Paulo Cannabrava Filho, jornalista editor da Diálogos do Sul e escritor.
É autor de uma vintena de livros em vários idiomas, destacamos as seguintes produções:
• A Nova Roma – Como os Estados Unidos se transformam numa Washington Imperial através da exploração da fé religiosa – Appris Editora
Resistência e Anistia – A História contada por seus protagonistas – Alameda Editorial
• Governabilidade Impossível – Reflexões sobre a partidocracia brasileira – Alameda Editora
No Olho do Furacão, América Latina nos anos 1960-70 – Cortez Editora

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