Segundo Mera, uma parcela dos grãos exportados pela Ucrânia é destinada a países pobres, em regiões como o Norte da África, por exemplo, onde a população local já sofre com a insegurança alimentar e altos preços. Já a Rússia teria exportado quantidades recordes de trigo nos últimos meses.
Mais de 60.000 toneladas de grãos destruídos, segundo Kiev
Alegando o descumprimento de garantias em benefício de exportações russas de alimentos e fertilizantes e o desvirtuamento do corredor de grãos para fins militares, a Rússia se retirou na segunda-feira do acordo que mantinha desde julho do ano passado com a Ucrânia e lançou, em retaliação pela explosão de uma ponte na Crimeia, uma série de bombardeios contra a infraestrutura portuária do país.
A ação teria destruído mais de 60 mil toneladas de grãos, segundo Kiev, e organizações internacionais e países do Ocidente afirmaram que terá repercussão sobre a segurança alimentar global, atingindo sobremaneira os mais pobres.
Previsão de baixa nos estoques globais de trigo
Durante a vigência do acordo, a Ucrânia exportou 32,9 milhões de toneladas de bens agrícolas, dos quais 16,9 milhões de toneladas de milho e 8,9 milhões de toneladas de trigo – antes, esses números oscilavam, respectivamente, entre 25-30 milhões de toneladas/ano e 16-21 milhões de toneladas/ano.
Segundo previsões do Departamento de Agricultura norte-americano, os estoques globais de milho atingirão até o final da temporada 2023/24 o maior nível em cinco anos, mas os estoques de trigo estarão no nível mais baixo em oito anos.
Índia bane exportações de arroz
Responsável por 40% das exportações globais de arroz, a Índia anunciou nesta quinta a suspensão imediata da venda de arroz ao exterior – exceto do tipo basmati.
À agência de notícias Reuters, o presidente da Associação de Exportadores de Arroz na Índia disse que o veto impactaria muito mais rapidamente o mercado global de arroz do que o que aconteceu com o trigo por causa da Guerra na Ucrânia.
Quase 90% da produção de arroz vem da Ásia, região que sob os efeitos do El Niño tende a receber menos chuvas – o cultivo do arroz requer muita água.
A decisão do governo indiano foi justificada como necessária para assegurar o abastecimento do mercado interno e controlar preços, que subiram 3% em um mês após chuvas intensas levarem à perda de safra.
O banimento se soma ao veto à exportação de trigo. De olho nas eleições, a serem realizadas em maio de 2024, o governo indiano já havia restringido as exportações de arroz e açúcar antes.
O arroz é considerado um alimento essencial para mais de 3 bilhões de pessoas ao redor do globo, e os preços já estão no patamar mais alto dos últimos 11 anos.