Folha teria emprestado carros à ditadura para prender, torturar e assassinar militantes

Por mais que a família Frias tenha tentado separar a Folha da Tarde da linha que viria a ser adotada pela Folha a partir de 1974, a pesquisa mostra que, resguardada as peculiaridades de cada veículo, “havia uma direção editorial uniforme no interior do conglomerado jornalístico liderado pelos empresários Octavio Frias e Carlos Caldeira” no período. Além disso, o nome de Frias de Oliveira se destacava como diretor-presidente no cabeçalho da primeira página da Folha da Tarde.

Policiais jornalistas na Folha

Um dos méritos da pesquisa da Unifesp foi reunir informações que estavam soltas em livros, jornais e testemunhas da época para demonstrar que os jornais do grupo estavam infestados de policiais atuando como jornalistas nas redações, ao menos 11, identificados pelos pesquisadores. O diretor da Folha da Tarde, no período, foi o jornalista Antônio Aggio Júnior que era, ao mesmo tempo, funcionário da Secretaria de Segurança Pública e, mais tarde, mas ainda no período repressivo, assessor de imprensa do delegado e ex-senador Romeu Tuma, braço direito de Fleury na área de informação do DOPS. Quando deixou a Polícia Civil para construir carreira e perfil novos na Polícia Federal, Tuma era diretor do departamento.

Delegado Sérgio Fleury teria atuado na segurança da Folha ao lado dos irmãos Quass

Segundo a pesquisa, Aggio também teria se utilizado de um carro de reportagem da Folha para camuflar a entrada de conspiradores num quartel às vésperas do golpe de 1964. Repórter da Folha à época, ele teria usado aparelho de telex da sucursal da Folha no Rio para passar mensagens cifradas como senha do levante do II Exército em São Paulo, seguindo instruções do coronel Antônio Lepiane, chefe do Estado Maior da 2ª Companhia do Exército em São Paulo, que era seu padrinho e foi o comandante da OBAN quando esta foi criada, em 1969, no início do governo Emílio Garrastazu Médici.

Aggio assumiu a direção de redação da Folha da Tarde em 1969 imprimindo uma mudança radical na linha editorial. Saíam de cena jornalistas progressistas, como Jorge Miranda Jordão e o frade dominicano Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Beto, ao mesmo tempo em que a redação contratava dois delegados, Carlos Antônio Guimarães Sequeira, agente do DEOPS, e Antônio Bim, os investigadores Carlos Dias Torres e Horley Antonio Destro, e um major da PM paulista, Edson Corrêa, que chamava a atenção por circular pela redação com uma pistola automática à mostra como se estivesse numa operação de rua.

A linha do jornal, que antes cobria segmentos como o movimento estudantil, passou a ser de apoio irrestrito à ditadura militar e às forças de repressão. A combinação de comando e linha editorial levou o jornalista Claudio Abramo, ex-diretor da Folha, em seu livro de memórias, A Regra do Jogo, de 1988, a qualificar a Folha da Tarde como “o jornal mais sórdido do país”. Mais bem humorado, o jornalista Carlos Brickmann, que assumiu a redação ao lado de Adilson Laranjeiras em substituição ao grupo de Aggio, escreveu em tom de fina ironia que a grande conquista do novo comando foi ter conseguido “reduzir a tiragem do jornal”, uma alusão a expressão “tiras”, como eram chamados os policiais da época. Era também jocosamente qualificado como alusão “o jornal de maior tiragem”, como registraria Beatriz Kushnir em Cães de Guarda

A relação íntima entre polícia e jornalista não era, entretanto, exclusividade da Folha da Tarde. Outro periódico do grupo, o Notícias Populares, o sensacionalista NP, campeão de vendas em banca no período, era dirigido por Jean Mellé, anticomunista de carteirinha e notório entusiasta das Forças Armadas. Waldemar Ferreira de Paula, assistente de Jean Mellé, era policial. Armando Gomide, que substituiu Mellé depois da sua morte, em março de 1970, era policial e ligado ao Serviço Nacional de Informação (SNI).

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Sobre ele, segundo a pesquisa, pesava a suspeita dos próprios colegas de que “nas horas vagas” trabalhasse como agente secreto e informante dos militares. No Departamento de Interior, Correspondentes e Sucursais (Dics) do Grupo Folha o diretor era Paulo Nunes, que se dizia agente da PF. Na Agência Folha, que substituiu o Dics, o comando foi entregue em junho de 1972 a Luiz Carlos Rocha Pinto, delegado da Polícia Civil paulista contratado como jornalista, tornando-se no período o principal interlocutor entre a empresa e a censura. Depois de dez anos na Agência Folhas (departamento cujo nome depois perderia o “s”), Rocha Pinto foi transferido para o departamento de circulação, desligando-se do jornal só em 1995. Em 2005, ou seja, dez anos depois, ele continuava recebendo o mesmo salário, mas sem trabalhar. A pesquisa registra que a quem perguntava como conseguira tal privilégio, a resposta era lacônica: “sou herói de guerra”.

 A partir da retaliação da ALN, com sua inclusão na lista de “justiçáveis”, Frias mudou-se para o 6º andar do prédio que abrigava os jornais, na Alameda Barão de Limeira, Campos Elíseos, região central da capital e, segundo versão difundida pela Folha, conforme a pesquisa, passaria a contar com proteção de dois delegados do DOPS, os irmãos Robert e Edward Quass.

A pesquisa mostra, no entanto, que a relação dos Quass com a Folha seria bem anterior à destruição dos carros pela ALN: Robert havia sido contratado em janeiro de 1961, antes, portanto de Frias comprar a empresa, mas não apenas como datilógrafo e recepcionista de noticiários como informou o jornal.

Num comunicado interno encontrado nos arquivos do DOPS, o responsável pelo setor de transporte da Folha relata o furto de um dos veículos do grupo se referindo a Quass como auditor da empresa. Outros dois membros da família, Joseph Quass e Joseph Quass Filho, respectivamente, auxiliar de auditoria e auxiliar de escritório, ambos ligados diretamente à direção da Folha, haviam sido contratados em 1971 e 1970. Ainda de acordo com a pesquisa, os delegados passariam a fazer a segurança da família, cuidando, entre outras tarefas, da escolta dos dois filhos de Frias nas idas e voltas à escola, Otavinho e o atual diretor do grupo, Luís Frias. Contratado como chefe de segurança patrimonial da Folha, Edward passou a cuidar de todo o patrimônio do grupo e tinha uma sala dentro do jornal.

Comunicado interno do jornal sobre o furto de um dos veículos do grupo

A pesquisadora Ana Paula Goulart anota no relatório: “A presença de tais indivíduos atesta uma problemática relação de proximidade entre o Grupo Folha e agentes que cumpriam funções significativas na engrenagem repressiva da ditadura. A ameaça a Octavio Frias de Oliveira poderia justificar uma atenção especial por parte da Secretaria de Segurança do Estado de São Paulo, mas não explicava a contratação, com vínculo trabalhista e remuneração direta, de delegados do DEOPS para atuarem como funcionários da empresa jornalística”. 

O nome de outro agente, Messias Ayrton Scatena, carcereiro do DEOPS e jornalista que começou no grupo pelo jornal Última Hora surgiria num rumoroso caso que tramitou no Superior Tribunal Militar (STM), em 1973. Acusado de vazar informações sigilosas de operações contra a subversão para sua namorada, a também jornalista do grupo Helena Miranda de Figueiredo, Scatena chegou a ser preso. Em seu depoimento ele afirmou que além de trabalhar no Grupo Folha, “participava de serviços de repressão, combate a subversão e terrorismo”, tendo atuado entre cinco a dez diligências no período de três anos em que exerceu o cargo na delegacia”. O policial-jornalista dizia possuir, àquele momento, uma relação próxima com Octavio Frias de Oliveira e os membros de sua família, uma vez que ficou encarregado de trabalhar como seu motorista pessoal, além de atuar como segurança de seus filhos. Disse também que os diretores do jornal depositavam nele “grande confiança”, ao ponto de ter sido liberado da função de jornalista da empresa “para se dedicar integralmente à segurança da família […] sem prejuízo dos vencimentos”. 

De acordo com o documento, a contratação de Scatena foi recomendada pelo seu chefe, o delegado Edward Quass. É nesse depoimento, nas páginas 130 e 131 da ação penal 829/73 aberta pela justiça militar, que ele cita o nome do delegado Sérgio Fleury, afirmando que ele também atuava na segurança da Folha ao lado dos irmãos Quass. O que se sabia era que Fleury tinha sido visto algumas vezes na Folha, mas a justificativa é que era convidado de Aggio para algum evento festivo.

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A atenção de Frias aos militares ficaria clara também quando este, segundo a pesquisa, a pedido de um major de relações públicas do II Exército, que falava em nome do general Ernani Ayrosa da Silva, fundador da Oban, contratou como jornalista da Folha da Tarde um ex-militante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), Rômulo Fontes, que durante os 18 meses em que permaneceu preso, entre 1979 e 1971, se tornou um dos arrependidos de participar da luta armada, prestando depoimentos contra a esquerda divulgados pela ditadura. Fontes conseguiu o emprego e depois confirmaria: “Entrei para a Folha manu militari”, conforme citação no livro de Pilagallo.

Licença na prisão

A pesquisa aponta perseguição política e violação aos direitos trabalhistas contra jornalistas que trabalhavam no Grupo Folha e foram presos sob a acusação de participarem de organizações da luta armada. O caso mais emblemático é o da jornalista Rose Nogueira, que trabalhava como repórter da Folha da Tarde e, ao ser detida em casa no dia 4 de novembro de 1969, estava de licença maternidade 34 dias depois de um complicado parto em que deu à luz seu primeiro filho.

Ela só descobriria anos depois que a demissão por justa causa, escrita à mão em sua ficha funcional, tinha sido por “abandono de emprego”, uma justificativa duplamente falsa, conforme relataria na entrevista concedida em maio de 2022 aos pesquisadores da Unifesp. “Foi uma das maiores dores da minha vida, ver que a Folha me deu abandono de emprego enquanto eu estava presa! Quem preso vai trabalhar no jornal? Quem, na licença maternidade vai? Eu estava com as duas coisas: licença maternidade e prisão. Eu senti como uma punição. A Folha me machucou muito. Eu já estava sendo punida. A Folha fica a duas quadras do DOPS. Alguém poderia ter ido lá saber se era verdade. Eles me ignoraram e publicaram o que a polícia mandou”, disse ela.

A matéria da Folha da Tarde relacionava Rose e seu ex-marido, Luís Roberto Clauset, como pessoas próximas ao líder da ALN, Carlos Marighella, que havia sido executado pela polícia no mesmo dia em São Paulo e, em ocasiões anteriores, se refugiara na casa da jornalista. Ela não participava da luta armada, mas nunca negou que deu apoio logístico a Marighella. Ficou nove meses presa e, no final, acabou absolvida. Havia, no entanto, algo mais grave. “A Folha falseou a data do nascimento do meu filho. Meu filho nasceu em 30 de setembro de 1969. A Folha escreve (no ato de demissão) que meu filho nasceu em 9 de agosto (…) para me dar o abandono de emprego no começo de dezembro”, disse.

Reportagem do jornal associou Rose e seu ex-marido ao líder da ALN, Carlos Marighella

Em outros casos, como o de José Maria Domingues dos Santos, que também trabalhava na Folha da Tarde e era acusado de ligações com a ALN, preso também em 04 de novembro de 1969, o jornal igualmente “antecipou” a data da demissão para o dia anterior para descaracterizar o vínculo com a empresa. A matéria sobre a prisão de Rose e José Maria informava no título que “Contra a subversão, polícia arma jogo de paciência”. A empresa sabia que as prisões tinham motivação política e ainda assim carimbou as demissões em suas fichas funcionais como “abandono” e “dispensado”, sem maiores explicações. 

No período, em 05 de novembro, foi preso o fotógrafo Carlos Penafiel, que trabalhava na Folha da Tarde, o que não evitou o tratamento policialesco da notícia sobre sua detenção: “Terror: prisão preventiva para jornalista implicado”, dizia o título da matéria, que também citava Rose e Luis Roberto como integrantes da ALN próximos a Marighella. Outros dois jornalistas da Agência Folha, Sérgio Gomes da Silva e José Vidal Pola Galé, presos em outubro de 1975 por ligações com o PCB, também amargaram meses de prisão, e tiveram seus nomes citados numa matéria de duas páginas de 23 de dezembro, com o título “DOPS arrasa bando do nazismo vermelho” onde o jornal divulgava uma lista de “comunistas” com idade, nome dos pais, data de nascimento, estado civil e endereço residencial completo dos suspeitos. Só que ignorava que trabalhavam no jornal ou no grupo. 

Preso entre 05 de outubro de 1975 e 05 de abril de 1976, Sérgio seria demitido em janeiro também por abandono de emprego enquanto esteve encarcerado. Solto, tentou reaver o emprego, mas diz ter sofrido assédio moral do então diretor da Agência, o delegado Luiz Carlos Rocha Pinto, e pressão do diretor do departamento pessoal do grupo, Antônio Pison, para que se demitisse. Os pesquisadores também apontam perseguição política da Folha na demissão de um grande número de jornalistas que participaram da greve de maio de 1979 por melhores salários. O SNI, que monitorou o movimento, informou que dos 128 demitidos de vários veículos, 43 eram do Grupo Folha, enquanto o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo sustentou que na verdade teriam sido 64. 

Folha e o “milagre”

A trajetória do grupo mostra, segundo os pesquisadores, que o apoio à ditadura teria proporcionado expansão e crescimento da Folha já no chamado milagre econômico, entre 1968 e 1973, período em que o jornal estaria mergulhado na mais intensa fase de colaboração com os militares. No final desse ciclo a Folha iniciava um tímido distanciamento para, em meados da década 1980, sob o comando do filho do dono, Otavinho, implantar o Projeto Folha, marcado por mudanças internas e uma guinada forte na linha editorial.

Em 1984, o jornal engajou-se na linha de frente da campanha pelas Diretas-Já, estratégia que lhe rendeu o papel de protagonista e porta-voz dos anseios pela redemocratização do país. Não foi uma transição sem ruído: no dia 1º de setembro de 1977, um texto considerado ofensivo à imagem de Duque de Caxias, publicado pelo colunista Lourenço Diaféria forçou Octávio Frias de Oliveira, pressionado pelo então chefe da Casa Militar do governo, general Hugo Abreu, a pedir que seu então diretor de redação, o jornalista Cláudio Abramo, se demitisse para serenar uma das poucas crises registradas até então entre o jornal e a ditadura.

O texto, “Herói. Morto. Nós.”, comparava um sargento que morreu ao se jogar num poço de ariranha para salvar um menino a uma estátua de Duque de Caxias, na qual populares urinavam, o que foi considerado uma ofensa punível com a prisão do jornalista e de fechamento do jornal caso a coluna continuasse sendo publicada em branco. Frias de Oliveira cedeu e, segundo anotam os pesquisadores, “decidiu afastar o chefe da redação Cláudio Abramo e tirar o seu próprio nome do cabeçalho do jornal”. Abramo foi substituído por Boris Casoy, escolhido por seu bom trânsito na área militar à época, conforme admite o próprio jornalista na entrevista aos pesquisadores.

Coluna “Herói.Morto.Nós” de Lourenço Diaféria (no canto direito da imagem)

O relatório da Unifesp destaca que o jornal chegou ao fim da ditadura com identidade reformulada, o que permitiu que se tornasse o veículo impresso de maior circulação do país, alcançando um recorde de tiragem com mais de 1,5 milhão de exemplares. “Não se trata apenas de uma história de sucesso empresarial. Seu crescimento esteve estrategicamente ligado aos interesses do regime”, diz Ana Paula Goulart. Em 1974, entre o encerramento do governo Médici e início do mandato de Geisel, Frias de Oliveira foi chamado pelo general Golbery do Couto e Silva, eminência parda nos dois governos, para discutir o processo de distensão e, é claro, o crescimento da Folha diante de seu principal concorrente, o Estadão, algo que interessava ao regime.

Naquele momento o lucro líquido da Folha havia dobrado em relação a 1973, e nos anos seguintes, até 1977, triplicaria, saltando, em valores da época, de Cr$ 47.564.807 para Cr$ 210.844.987, conforme balanços acessados pelos pesquisadores. Em valores atuais, pelo IGP-DI, o montante do lucro de 1977 equivale a mais de R$ 330 milhões. 

O material sobre a Folha com documentos e testemunhos faz parte de um relatório enviado ao Ministério Público Federal e que pretende servir de base para ações de reparação a vítimas da repressão na ditadura militar. “Um dos objetivos era reunir elementos, indícios e provas para que o MP pudesse abrir ações judiciais, inquéritos ou procedimentos administrativos contra essas empresas”, diz Edson Teles, coordenador do projeto pela Unifesp/Caaf.

Resposta publicada pela Folha sobre a trajetória do grupo na ditadura no último domingo, 2 de julho

Outro lado

Procurado pela Agência Pública no dia 23 de junho, o superintendente do Grupo Folha, Carlos Ponce de Leon não quis dar entrevista. Pediu, através de sua secretária, que as perguntas fossem enviadas. As respostas chegaram apenas na tarde de sexta, 30 de junho. Dois dias depois, a Folha publicou “Documento abordará trajetória do Grupo Folha na ditadura”, em duas páginas do caderno “Ilustrada Ilustríssima” do domingo, 2 de julho. 

A matéria da Folha antecipou a posição do jornal em “resposta” a esta reportagem que ainda não havia sido publicada, procedimento estranho ao próprio manual da Folha e que não explica os questionamentos sobre os principais pontos da pesquisa da Unifesp abordados pela reportagem.

Eis a íntegra da nota do Grupo Folha encaminhada à Pública

“Os temas das perguntas enviadas, que versam sobre um período já distanciado no tempo, deram ensejo a indagações parecidas no passado e hoje são objeto de uma investigação de historiadores, sob os auspícios do Ministério Público Federal, para a qual a Folha tem colaborado, franqueando aos pesquisadores amplo acesso à documentação remanescente que esteja em seu poder. Foram também objeto de extensa apuração empregada pelo próprio jornal, cujos resultados têm sido publicados em suas páginas e em livros nas últimas décadas. Embasado numa dessas apurações, por exemplo, o então diretor de Redação, Otavio Frias Filho, respondeu em 2018 ao blog do jornalista Fernando Morais sobre a acusação de que carros do jornal teriam sido utilizados pelo aparato de repressão da ditadura.

Escreveu então: “Em 2011, solicitei que uma pesquisa exaustiva fosse realizada para esclarecer o episódio. Seus resultados constam do livro ‘Folha Explica a Folha’ (2012; págs. 49 a 61), da jornalista Ana Estela de Sousa Pinto.

Não foram encontrados registros que comprovem essa utilização nem nos arquivos da ditadura, nem nos jornais clandestinos mantidos pela luta armada na época. A acusação se baseia no depoimento de dois militantes presos que afirmaram ter visto veículos do jornal no prédio do DOI-Codi (Vila Mariana, SP). Os atentados terroristas contra veículos da Folha, praticados pelo grupo ALN, ocorreram quatro dias depois da morte pela repressão do guerrilheiro Carlos Lamarca no interior da Bahia, sugerindo que o motivo do ataque foi a cobertura, bastante hostil, que a Folha da Tarde fez daquele fato.

A Folha sempre afirmou que, se a cessão de veículos ocorreu, foi de forma episódica e sem conhecimento nem autorização de sua direção”.

A Folha manterá a mesma disposição de publicar tudo o que saiba sobre essa época.

GRUPO FOLHA”

Vasconcelo Quadros | Agência Pública


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