Em meio a um clima de tensão nas ruas e entre a classe política, manifestantes favoráveis e contrários ao governo Bolsonaro se mobilizam nesta terça (7) em Brasília, São Paulo e outras cidades do país. O 7 de Setembro será marcada pelos protestos que começaram, sobretudo na capital federal, a acontecer ainda na noite de segunda-feira (6).
Em Brasília, o esquema de segurança montado pelo Governo do Distrito Federal (GDF) foi furado pelos manifestantes pró-Bolsonaro ontem. O GDF previa revistar todos que fossem participar dos atos e fechou a Esplanada dos Ministérios para veículos no domingo. Com caminhões e ônibus, entretanto, bolsonaristas descumpriram o bloqueio montado pela Polícia Militar e, além de desfilarem com automóveis, montaram acampamentos no espaço.
Ao todo, 5 mil agentes das forças de segurança do DF devem participar do policiamento nesta terça-feira. Os eventos serão monitorados também pelo Centro Integrado de Operações de Brasília (Ciob), que reúne órgãos e instituições do Executivo local.
As manifestações a favor e contra do governo ocorrerão em espaços diferentes. A intenção é que os 13 grupos bolsonaristas cadastrados se reúnam apenas na Esplanada dos Ministérios, enquanto os protestos de oposição devem se concentrar na Torre de TV.
Convocação
O maior público é esperado na manifestação a favor do governo. O presidenter Jair Bolsonaro se pronunciou em diversas ocasiões reforçando o convite para que apoiadores participem do ato. O mandatário reiterou, em vários momentos, críticas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e afirmou que os protestos serão uma resposta a eles.
“Hoje, o Brasil tem um presidente da República que acredita em Deus, que respeita os seus militares, que defende a família tradicional e deve lealdade ao seu povo. No próximo dia 7, terça-feira, dia da Pátria, todos nós temos um encontro com nosso destino. Enquanto juristas procuram quem é o poder moderador no Brasil, eu digo a todos que o poder moderador é o povo brasileiro”, afirmou no último sábado a apoiadores em Caruaru (PE).
“E não estaremos lá apenas para fazer figuração. Estaremos lá para mostrar a todos que não admitiremos mais quem quer que seja ignorar a nossa Constituição. Os nossos movimentos sempre foram pacíficos, ordeiros. Nunca teve atos de vandalismo. Tenha certeza que o retrato da imagem na Esplanada, onde estarei pela manhã, bem como à tarde, na Paulista, o retrato do povo servirá para mostrar para esses que ousam não respeitá-los, que ousam não se submeter à nossa Constituição. Esses serão colocados no seu devido lugar”, acrescentou o presidente.
Prisões
A tensão também ficou mais forte com prisões e mandados de busca e apreensão contra conservadores que são suspeitos de participar da organização de atos antidemocráticos para esta terça. O ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou algumas das ações dos últimos dias no âmbito de inquérito que investiga ameaças à democracia.
O blogueiro Wellington Macedo foi preso na última sexta-feira. Nas redes sociais, ele chegou a publicou mensagens com referência ao ano de 1964, quando teve início a ditadura militar. “O que estamos ouvindo são ecos de cachorros mortos. Chegou a hora. Mais uma vez, após 57 anos, serão derrotados os que se achavam donos do poder. Poder o povo dá. Poder o povo tira”, escreveu, no Twitter.
O ministro também determinou a prisão do caminhoneiro Zé Trovão, que, foragido, desafiou Moraes. Ele afiromou que não foi preso porque “ordens ilegais não se cumprem” e desafiou o magistrado a ir até a Avenida Paulista, onde estão marcados atos pró-governo no dia 7 de Setembro.