Daniel Radcliffe exorciza Harry Potter como rei das paródias

Eternizado na memória dos fãs como o Harry Potter dos cinemas, Daniel Radcliffe tem tentado “exorcizar” o bruxinho mais famoso do mundo desde o fim da franquia principal, em 2011. Nos últimos anos, o ator de 33 anos se aventurou por filmes mais desafiadores, como Amaldiçoado (2013) e Um Cadáver para Sobreviver (2016), e até tirou a roupa no teatro. Sua grande chance para mostrar que cresceu na função, no entanto, surgiu com Weird: The Al Yankovic Story (2022).

Inspirado (mas nem tanto) em eventos reais, o longa conta a história de Al Yankovic, cantor norte-americano que virou um fenômeno nos anos 1980 e ficou conhecido com o rei das paródias. Descrito como “estranho” por críticos e público, o cantor ganhou fama ao criar versões cômicas e politicamente incorretas de hits de bandas e artistas como Queen, Pink Floyd, Michael Jackson (1959-2009) e Madonna.

Produzido pelo The Roku Channel, Weird: The Al Yankovic Story ainda não tem data para chegar ao Brasil, mas a sua trajetória nos Estados Unidos já está consagrada. Tanto o longa quanto Daniel Radcliffe saíram vitoriosos do Critics Choice Awards 2023 ao receberem, respectivamente, as estatuetas de melhor filme feito para a TV e melhor ator de série limitada ou filme para a TV.

Intérprete do protagonista, Radcliffe conquistou o papel de maneira inusitada. O eterno Harry Potter tem pouquíssimas semelhanças físicas com Al Yankovic, mas o cantor enxergou isso como uma “qualidade”. Envolvido no projeto como produtor executivo, Weird Al valorizou o talento do astro para a atuação e não pensou duas vezes na hora de escalá-lo.

“Eric [Appel, diretor e produtor do filme] e eu fizemos uma lista de atores que podiam fazer o papel. E sempre parávamos em Daniel, porque amamos o trabalho dele, e sabíamos que ele podia fazer tanto o drama quanto a comédia. Precisava ser interpretado como se fosse um filme vencedor do Oscar. E Daniel entendeu isso logo de cara. Não conseguimos pensar em ninguém que fizesse o papel melhor do que ele”, contou Yankovic durante o painel de Weird na New York Comic Con 2022.

Escolhido para encabeçar o elenco, Daniel não entendeu sua escalação quando recebeu a notícia. Fã do músico, o ator acreditava que não teria muitas chances pelas diferenças físicas, mas entendeu qual seria a intenção de Appel e Yankovic após ler o roteiro pela primeira vez.

“Eu era fã, conhecia ele [Weird Al] bem, não tão bem quanto agora, claro. E aí recebi a proposta de vivê-lo na cinebiografia. Achei legal, mas pensei que tinham pessoas mais parecidas fisicamente com ele. Aí li o roteiro e entendi que ser parecido não era o caminho. E lendo o roteiro eu já percebi o quanto seria divertido, cantar, dançar e lutar”, contou o protagonista.

Evan Rachel Wood e Daniel Radcliffe

Evan Rachel Wood como Madonna e Daniel Radcliffe como Weird Al no filme

Divulgação/Roku Channel

Eventos reais, mas nem tanto

Apesar de ser baseado na vida de Al Yankovic, o longa foi desenvolvido para que a trama abusasse de licenças criativas. Segundo o cantor, a onda de cinebiografias que surgiram com os sucessos de Bohemian Rhapsody (2018) e Rocketman (2019) o incentivou a contar a sua história nas telonas. Entretanto, como sua jornada é marcada por eventos bizarros e histórias quase inacreditáveis, ele decidiu que nem tudo precisaria ser inspirado em fatos.

“[Esses filmes] Não são documentários, são feitos para entretenimento. Mas, como fã, eu sempre fico chateado quando vejo Queen ou Elton John [no cinema] e sei que eles não eram daquele jeito. Eu sempre soube que, se fizesse uma [cinebiografia], jogaria os fatos pela janela e inventaria tudo. Foi o que eu fiz”, explicou Weird Al.

“Madonna realmente sugeriu que eu fizesse [a paródia] Like a Surgeon, mas pegamos essa pequena verdade e transformamos em uma coisa psicótica. Digamos que eu não estou na lista de presentes de Natal dela”, exemplificou o cantor.

Com a decisão, Eric Appel optou por “remendar” várias passagens da vida de Yankovic e adaptou alguns acontecimentos. Fatos marcantes como a tumultuada relação com Madonna (vivida no longa por Evan Rachel Wood) e a criação de algumas das paródias mais famosas da carreira do cantor foram modificados para melhor servir à narrativa do longa.

O pouco tempo de produção também foi um obstáculo a ser superado. O projeto foi filmado em apenas 18 dias, o que fez com que equipe e elenco se desdobrassem para que tudo saísse conforme o planejado por Yankovic e Appel.

“Eu não sei como fizemos tudo em apenas 18 dias. A equipe foi incrível”, destacou Daniel Radcliffe. “Tinha algumas coisas que tivemos que cortar. Como só tínhamos 18 dias, precisamos excluir algumas ideias. Em alguns momentos podíamos fazer só um ou dois takes porque os dois [atores] são tão bons, então eles ajudaram muito”, completou Appel.

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