Nos momentos de grande incerteza, é comum investidores procurarem e se questionarem sobre quais ativos poderiam promover proteção. Nestes períodos, alguns dizeres comuns afloram: ouro defende, o investimento internacional protege, com dólar e imóvel não se perde e outros. Afinal, estas afirmações são verdadeiras? O que de fato protege o patrimônio?
Você provavelmente já ouviu de alguém que pelo menos uma das quatro aplicações acima são as melhores para proteção. Usualmente, ela é comentada por alguém que ganhou por algum período com ela.
O problema destas afirmações é que elas são meia verdade e a história por trás delas é vista apenas do ponto de vista de um período bem-sucedido que foi vivenciado.
Afinal, como alguém que ganhou dinheiro com um ativo vai dizer que ele tem risco? Mais ainda se essa pessoa investiu seguindo uma recomendação de que não havia risco. Logo, ela acreditou que não havia risco e realmente ela não perdeu. Daí se forma uma crença.
Antes de explicar mais, vou fazer um teste. Observe o gráfico abaixo. Este é o gráfico de um investimento que ao longo de 4 anos rendeu 166,77% no período, que equivale a um retorno de 27,8% ao ano. Agora responda as duas perguntas seguintes.
1) Qual ativo você acredita que seja o representado neste gráfico?
a) Renda fixa
b) Ibovespa
c) Ouro
d) Dólar
e) Investimentos internacionais
2) Qual dos ativos acima, você acredita que menos tem a função de proteger um portfólio?
Sou capaz de apostar que respondeu, para a segunda pergunta, que o Ibovespa seria o ativo com a menor capacidade de gerar proteção a um portfólio.
É preciso tomar cuidado quando avaliamos um ativo em um determinado espaço de tempo. Todos os investimentos acima se valorizaram no longo prazo, ou seja, em período superior a dez anos. Entretanto, não é o fato de eles terem se valorizado que proporciona a eles a capacidade de proteção ou de menor risco.
O risco pode ser definido como a incerteza sobre o retorno futuro.
Desta forma, apenas o primeiro ativo, ou seja, a renda fixa tem a função de proteger seu portfólio e de ter menor risco. Mas, não é qualquer renda fixa que tem esta função. Até mesmo a renda fixa, quando se investe em títulos com longo prazo de vencimento pode gerar perdas no curto prazo.
Os outros ativos têm risco e podem resultar em perdas quando analisados em curto espaço de tempo. Por exemplo, a volatilidade dos retornos do ouro, do dólar e do Ibovespa é de 17%, 18% e 23% ao ano, respectivamente. Desde 2007, ou seja, nos últimos 15 anos, estes três ativos já apresentaram perda superior 25% em um ano.
Portanto, mesmo ouro ou dólar pode te gerar no curto prazo perda similar à de um índice de ações.
Vou acabar com sua curiosidade e responder qual é o ativo do gráfico. O gráfico representa a evolução do Ibovespa entre dezembro de 2015 e dezembro de 2019.
Agora imagine alguém que ouviu que apenas ações protegem um portfólio e comprou ações nesse período? Você já entendeu qual imagem ela formou sobre ter ações. Já vi muitos definirem renda fixa como “perda fixa”, argumentando que apenas ações protegem um portfólio no longo prazo. O mesmo, muitas vezes é falado de ouro, dólar e outros.
Não estou dizendo que não se deva ter ativos de risco, por exemplo, ouro, dólar, investimentos internacionais e ações. Mas, é preciso ter um horizonte de longo prazo, ou seja, de mais de cinco anos, para realizar investimento nestes ativos. No curto prazo, eles apresentam risco de resultar em prejuízo.
Se você deseja proteger seu portfólio, o mais recomendado é manter um balanceamento entre títulos ou fundos de renda fixa referenciados ao CDI e ao IPCA com vencimento até cinco anos.
Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.
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