Representantes de Ministérios da Saúde e agências sanitárias da União Europeia se reúnem nesta quinta-feira (29) para discutir eventuais medidas comuns dentro do bloco para evitar que a onda de Covid da China se propague no continente. O fim da política Zero Covid do governo chinês causou uma explosão de casos da doença, gerando temores no mundo sobre o aparecimento de novas variantes.
Representantes de Ministérios da Saúde e agências sanitárias da União Europeia se reúnem nesta quinta-feira (29) para discutir eventuais medidas comuns dentro do bloco para evitar que a onda de Covid da China se propague no continente. O fim da política Zero Covid do governo chinês causou uma explosão de casos da doença, gerando temores no mundo sobre o aparecimento de novas variantes.
Em reação a este cenário, especialistas do Comitê de vigilância de riscos sanitários da França afirmam que, por enquanto, não há necessidade de restabelecer controle nas fronteiras.
“De um ponto de vista científico, não existe atualmente razão para que os controles nas fronteiras sejam restabelecidos (…), mas claro que isso pode mudar de um dia para o outro”, declarou Brigitte Autran, membro do comitê, em entrevista a uma rádio francesa.
“A situação está sob controle e as informações científicas de que dispomos não indicam a aparição de novas variantes preocupantes na China”, completou. “As variantes que circulam na China são todas da família ômicron e são variantes que circularam na França. Nós adquirimos imunidade”, afirmou Autran em outra entrevista, nesta quinta-feira, ao canal público de televisão France Inter, insistindo que não existe motivos para preocupações.
Diante do aumento de casos sem precedente na China, diversos países, como Estados Unidos, Japão e Itália restabeleceram a obrigação, para passageiros vindos da China, de apresentar um teste negativo de Covid-19. A Comissão Europeia decide, nesta quinta-feira, sobre medidas comuns para o bloco.
Economia e preocupações
Se, por um lado, a reviravolta na política chinesa de Zero Covid é saudada por aquecer a economia, por outro, o aumento dos contágios em um país de 1,4 bilhão de habitantes gera apreensão em todo o mundo. O surgimento de novas variantes do coronavírus é o foco das preocupações.
O assunto é destaque nos jornais franceses desta quinta-feira. O presidente Emmanuel Macron já ordenou aos ministros do país para prepararem uma estratégia para a volta da circulação de chineses na Europa. O fluxo de aviões vindos do país asiático já aumentou em Paris, uma abertura que deverá se generalizar a partir de 8 de janeiro.
A China flexibilizou as medidas de proteção no momento em que enfrenta uma onda de contaminações “preocupante”, assinala Le Parisien. Ao jornal, o respeitado virologista Christian Bréchot, ex-diretor do Instituto Pasteur, afirmou que “o que acontece na China abala o equilíbrio mundial” em relação à epidemia e “muda tudo”.
“Até agora, éramos 670 milhões de pessoas no mundo a terem sido contaminadas pelo vírus e, em três ou quatro semanas, pelo menos 250 mil chineses se contaminaram”, explicou. “Evito usar palavras catastróficas, mas, sim, a situação pode ser perigosa”, avaliou, já que “uma população hipercontaminada induz, indiscutivelmente, à ameaça de novas variantes”. O especialista lamenta, ainda, que o governo francês não tenha se preparado melhor desde os primeiros sinais da retomada epidêmica.
De pandemia e endemia
O Libération, por sua vez, indica que a contaminação em massa dos chineses e a reabertura do país ameaçam a passagem do estágio pandêmico da Covid-19 para endêmico, em curso em diversos países. Essa transição, possível graças à imunização massiva das populações, significa que a doença se instalou de forma contínua, mas não progride mais em termos de hospitalizações e mortes.
A onda chinesa pode abalar essa dinâmica. Uma especialista ouvida pelo diário aponta que a variante ômicron tende a evoluir na China, onde se registra uma propagação de proporções “gigantescas”, e as mutações podem levar a uma maior resistência do vírus à imunidade adquirida.