Expandir franquias de sucesso tornou-se algo comum na cultura pop. De Star Wars à Marvel, diversas sagas que marcaram época viram seu universo (e multiverso) aumentar gradativamente conforme a repercussão entre os fãs continuava a crescer. Por causa disso, era questão de tempo que The Witcher, um dos principais títulos da Netflix, também se juntasse ao time.
Infelizmente para os fãs de Geralt de Rivia (Henry Cavill) e seu universo de monstros, magos e elfos, The Witcher: A Origem (2022) é uma péssima expansão da franquia. Dividida em quatro episódios, a minissérie da Netflix que estreia neste domingo (25) decepciona em todas as frentes e passa longe de honrar o sucesso da atração original.
Situada 1.200 anos antes de Geralt, The Witcher: A Origem revela a história da Conjunção das Esferas, evento que mudou completamente a face do mundo e colocou humanos, elfos e outras criaturas para coexistirem. Contada em forma de canção, a minissérie faz uma recapitulação de como este universo de fantasia se tornou o que é.
Ser narrada em forma de canção foi a solução encontrada pelo criador Declan De Barra para ligar a minissérie à atração original. Eis que surge Jaskier (Joey Batey), bardo aliado de Geralt e um dos personagens favoritos dos fãs. Ele é convocado pela elfa Seanchaí (Minnie Driver) para contar uma história esquecida pelo tempo, mas que nunca deveria ter sumido do imaginário de todos.
Milhares de anos antes de Geralt, o mundo era dominado pelos elfos. Embora eles coexistissem com anões, eram as criaturas de orelhas pontudas que governavam o mundo espalhados entre reinos regidos por monarquias e diferentes clãs.
Michelle Yeoh como a elfa espadachim Scian
Divulgação/Netflix
Cada um destes reinos estava em conflito constante, mas um grupo de elfos rebeldes decide se unir para derrubar as monarquias e criar um império para governar o mundo como um só. Isso resulta em uma reação em cadeia que leva a todos os tipos de eventos cruciais no cânone de The Witcher, incluindo a criação dos caçadores de monstros e formando o Continente como os fãs conheceram na série original.
Com a imperatriz Merwyn (Mirren Mack) no centro da revolta que exterminou os clãs para formar o império, um grupo de sete guerreiros distintos se forma para combater a nova força. São eles Fjall (Laurence O’Fuarain), um soldado ex-protetor da princesa; Éile (Sophia Brown), uma cantora e lutadora talentosa quando não está decepando membros; Scian (Michelle Yeoh, como sempre classificando o baseado), uma mestre espadachim que treinou Éile; o assassino Irmão Morte (Huw Novelli); os irmãos magos Syndril e Zacaré (Zach Wyatt e Lizzie Annis) e a anão Meldof (Francesca Mills).
Por ter apenas quatro episódios, a narrativa de The Witcher: A Origem parece exageradamente acelerada. Com o intuito de unir rapidamente o grupo de sete guerreiros, grande parte dos personagens tem suas histórias pouco desenvolvidas, o que torna a missão de se afeiçoar a alguém muito difícil.
Embora o elenco tenha certo carisma –Francesa Mills se destaca entre os demais–, o texto pobre resulta em diálogos constrangedores. São tantas as frases clichês e resoluções convenientes que A Origem parece uma série saída direto do forno dos principais erros dos anos 1990.
Não é impossível fazer uma boa história da franquia sem Geralt; a própria Netflix fez isso com o ótimo Lenda do Lobo (2021), mas mesmo o spin-off animado ainda era centrado principalmente em bruxos e tinha em Vesemir um personagem que tinha muito do mesmo apelo de Henry Cavill. A Origem, por outro lado, parece distante das coisas que realmente tornam The Witcher interessante e muito inchada de personagens para que qualquer um consiga carregá-la.
Tivesse de dois a quatro episódios a mais, The Witcher: A Origem teria tempo necessário para desenvolver mais a narrativa e seus protagonistas. Talvez assim a minissérie conseguisse fazer o público se importar pelo menos um pouco com a história e aqueles que deveriam contá-la. Não foi o caso.
The Witcher: A Origem
Trailer legendado