Saia engomada e dendê: baianas do acarajé compartilham sua tradição – 25/11/2022

Esta é a versão online da newsletter Nós Negros enviada hoje (25). Quer receber antes o pacote completo, com a coluna principal e mais informações, no seu email, na semana que vem? Cadastre-se aqui.

***

Com origem na África Ocidental, o acarajé é mais do que um quitute no Brasil: representa a manutenção da memória e práticas ancestrais africanas. Isso porque são mulheres negras conhecidas como “baianas do acarajé” as responsáveis pela sua produção e comercialização. É pelas mãos delas que o tradicional bolinho de feijão fradinho é frito no azeite de dendê.

Oriundo da Bahia, e que se difunde por todo o território nacional, o ofício das “baianas do acarajé” está inscrito como patrimônio imaterial no Livro dos Saberes do Iphan (Instituto de Patrimônio Histórico Artístico e Nacional), e 25 de novembro é considerado o seu dia comemorativo.

No Rio de Janeiro, que também é um epicentro da diáspora africana em pontos como a Pequena África, as “baianas” que “nunca pisaram na Bahia” montam seus tabuleiros para vender o prato.

A produção do acarajé também está ligada ao culto aos orixás nas religiões de matrizes africanas. Por isso, tradicionalmente as vestimentas de quem os comercializa pelas ruas são as mesmas ou semelhantes às usadas durante as cerimônias religiosas.

No candomblé, mais do que “pano-da-costa, bata rendada, pulseira de ouro e saia engomada” – como diria a canção de Dorival Caymmi -, as vestimentas das mulheres contam histórias de luta, fé e tradição passada entre gerações.

É o caso da yalorixá Vivian Basílio, do Ilê Axé de Yansã, que aprendeu com a avó a engomar os saiotes com água e amido de milho.

Poder usar essa roupa é uma forma de recordar essas mulheres que encontraram estratégias de sobrevivência e conseguiram aglutinar as pessoas em quilombos urbanos, que são os candomblés. Estamos falando de uma vestimenta que é um investimento de liderança de mulheres extremamente inteligentes e com um poder de estratégia muito grande.”
Daisy Santos, museóloga e pesquisadora das vestimentas de terreiro

***

CRAQUE FORA DO CAMPO… Com um instituto para ajudar o ensino público brasileiro, o jogador Vini Júnior não é só uma esperança para a seleção brasileira de futebol, como também para a educação no país: ele criou uma tecnologia que une futebol e a Base Nacional Comum Curricular.

ORIGENS… O ex-jogador e agora comentarista Grafite acreditava que suas origens fossem 100% africanas. Após um teste de ancestralidade genética feito para o especial Origens ele se disse surpreso com o resultado: há em seu DNA traços das Américas, Europa e Ásia.

É GOL!… Após ser alvo de racismo na Eurocopa, o jogador da Inglaterra Bukayo Saka estreou na Copa do Mundo com dois gols. Os ingleses venceram a seleção iraniana e tiveram os jogadores negros como as grandes estrelas.

É HIT?… Seguindo a tradição de participações em músicas na Copa do Mundo, Ronaldinho Gaúcho lança a faixa “Olé Olé” ao lado de Lit Kilah, Yandel e AirBeatz.

***

CONTRA O PRECONCEITO… Alex Scott, ex-jogadora da seleção da Inglaterra e atual comentarista da BBC, entrou em um estádio no Qatar com uma braçadeira de arco-íris em apoio à causa LGBTQIA+.

PROMESSA… Com a mãe acamada em 2014, Fernanda Barros prometeu que, se a mãe melhorasse, ela iria para todas as Copas do Mundo até completar 50 anos. A baiana embarcou para o Qatar nesta semana!

MODA… Os jogadores de futebol não ganham visibilidade apenas pelo que fazem dentro dos gramados, mas também são cobiçados por campanhas, ações e presença em desfiles de grifes. Nossa conta o que Neymar, Vini Jr e Daniel Alves têm feito no mundo fashion.

***

DIVERSIDADE… O evento oferece vinho, pães artesanais e refeições refinadas enquanto o público aprecia shows de drag queens: TAB conta como foi um dos dias do Drag Brunch, que está na sua 5ª edição em São Paulo.

***

DANDO A LETRA

Tem como pilares principais as músicas de santo dos candomblés Congo/Angola, Jeje e Ketu; a musicalidade dos blocos afro e a música negra contemporânea.”
Cris Guterres, colunista

Cris Guterres no Universa Talks Empreendedorismo 2021.

Imagem: Mariana Pekin/UOL

Em Universa, Cris Guterres dá destaque para o espetáculo “Uma Leitura dos Búzios”, que mergulha no levante popular baiano conhecido como Conjuração Baiana.

Em Notícias, Chico Alves conversa com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), sobre a invasão de representantes do agro na assembleia legislativa goiana.

Atuar em rede, para nós, significa também construir modelos e estratégias de produção intelectual que não reiteram as mesmas chaves de apagamento e silenciamento. A luta contra a negação da humanidade de gente negra e indígena também é uma luta contra essas (e outras) estratégias.”
Patrícia Alves Melo, colunista

Em Presença História, Patrícia Alves Melo fala sobre a importância das narrativas negras a partir da história de Alcides Bahia, deputado negro que foi embranquecido no jornal que dirigiu.

Em Esporte, Rodolfo Rodrigues fala sobre Thiago Silva, que aos 38 anos será o brasileiro mais velho na disputa desde 1930.

Em Ecoa, Eduardo Carvalho compara um “paredão” que segrega as regiões mais pobres de Doha, no Qatar (sede da Copa), com estrutura semelhante às Olimpíadas do Rio de 2016.

***

PEGA A VISÃO

Quem gosta de futebol joga em qualquer canto.”
Gabriel, jogador da Champions Lama

Champions Lama, torneio em Natal (RN). - Valcidney Soares/UOL - Valcidney Soares/UOL

Champions Lama, torneio em Natal (RN).

Imagem: Valcidney Soares/UOL

No Bairro Bom Pastor, zona Oeste de Natal (RN), a disputa pela bola acontece em meio à lama numa área de mangue. A “Champions Lama” potiguar é um campeonato disputado há três anos reunindo amantes do futebol.

***

SELO PLURAL

Papo Preto. - Arte UOL - Arte UOL

Papo Preto.

Imagem: Arte UOL

No episódio #106 de Papo Preto, o antropólogo brasileiro-congolês Kabengele Munanga explica a importância da data do Dia da Consciência Negra, que homenageia Zumbi dos Palmares. Também fala sobre o 13 de maio, o dia da abolição da escravatura, data vista pelo movimento negro como uma abolição “incompleta”.

Deixe um comentário