Os bancos elevaram pela sétima vez consecutiva suas projeções para o crescimento do crédito no Brasil neste ano, de acordo com a Pesquisa de Economia Bancária e Expectativas da Febraban (Federação Brasileira de Bancos). A avaliação é que o crescimento da carteira total seja de 14,1% em relação a 2021. Em setembro, a projeção era de alta de 13,9%.
As projeções para este ano cresceram tanto nas carteiras de recursos livres quanto nas de recursos direcionados. No primeiro caso, passaram de 16,7% de alta para 17,3%; no segundo, de 9,3% de crescimento para 10,2%, segundo a Febraban.
Os dois números tiveram contribuição dos empréstimos para pessoas físicas, embora na carteira direcionada as novas rodadas de programas governamentais também tenham contribuído para o ajuste.
A melhoria na carteira de pessoas físicas neste ano, de 17,2% para 18,2%, veio com o crescimento da atividade econômica e do consumo, que estimula a contratação de linhas como o cartão de crédito e o crédito pessoal.
“Para este ano, a revisão positiva se deve à melhora das expectativas da atividade econômica, ao crescimento maior do que o esperado do mercado de crédito, além da reedição dos programas públicos de crédito, como Pronampe e FGI-Peac, que seguem com demanda alta”, afirma Rubens Sardenberg, diretor de economia, regulação prudencial e riscos da Febraban.
Para 2023, também houve revisão positiva, de alta de 8% para de 8,4%. Segundo Sardenberg, o ajuste mais relevante foi na carteira de recursos livres, em que a projeção de crescimento passou de 9,3% para 10% entre uma pesquisa e outra.
“Esta nova revisão positiva reforça, mais uma vez, a capacidade do setor bancário de manter e ampliar a oferta de crédito, que foi uma das alavancas que permitiram esse desempenho positivo da economia em 2022”, diz ele.
Inadimplência
Por outro lado, os bancos pioraram as estimativas para a inadimplência acima de 90 dias no fim deste ano. Na pesquisa anterior, a expectativa era de índice de atrasos de 3,9% no fim de dezembro; na atual, a projeção é de índice de 4,3%. Para o ano que vem, a previsão passou a ser de inadimplência de 4,6%, depois dos 4,2% estimados.
Na temporada de balanços dos grandes bancos, encerrada na semana passada, as instituições disseram esperar uma piora dos índices de inadimplência nos próximos meses, à medida que a renda da população for pressionada pela inflação persistente e pelos juros altos. A deterioração observada até aqui vem justamente de linhas como o cartão e o crédito pessoal, que têm crescido de forma mais acelerada.
Estimativas macroeconômicas
A Febraban também perguntou aos bancos sobre suas percepções para a taxa Selic, o PIB e a inflação, entre outros indicadores. No caso dos juros, 60% dos participantes esperam que os juros comecem a cair no segundo trimestre de 2023. Os demais acreditam que o movimento acontecerá no terceiro trimestre.
Para o PIB, a expectativa de 70% é que a atividade desacelere nos próximos trimestres e que o PIB cresça de 0,5% a 1% no ano que vem. Porém, 25% dos entrevistados anteveem desaceleração maior, com crescimento de até 0,5% em 2023.
Para a inflação, 60% dos participantes acreditam que superará o teto da meta no ano que vem, mais uma vez, enquanto os 40% restantes esperam que o IPCA fique abaixo do teto, mas acima do centro da meta, que é de 3,25%.
A pesquisa da Febraban foi realizada com 20 bancos entre os dias 3 e 8 de novembro. As rodadas são feitas a cada 45 dias, logo após a divulgação da ata da reunião mais recente do Copom, e reúnem as percepções dos bancos tanto sobre o documento quanto sobre o desempenho da carteira de crédito no ano corrente e no seguinte.
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