Tuíte atribuído a Xuxa é falso e policial federal ferida por Roberto Jefferson não estava grávida – 26/10/2022 – Poder

É falso que a policial federal Karina Lino Miranda de Oliveira estava grávida e perdeu o filho após ser atingida por uma granada atirada pelo ex-presidente do PTB e ex-deputado federal Roberto Jefferson. A PF (Polícia Federal) negou que a policial estivesse grávida. Karina de fato fazia parte da equipe da PF que foi atacada por Roberto Jefferson, mas ela teve apenas ferimentos leves.

Também é falso que a apresentadora Xuxa Meneghel tenha publicado um tuíte alegando que a agente de segurança teria perdido o suposto bebê em decorrência das ações do ex-parlamentar que resistiu à prisão. Uma busca avançada no perfil de Xuxa no Twitter não mostra resultados para as expressões utilizadas na peça alvo da checagem. Ao Comprova, a assessoria de imprensa da artista negou que ela tenha publicado tal conteúdo.

A postagem já recebeu do Facebook o selo de “informação falsa”, com base em checagens feitas por verificadores independentes, mas a publicação continua acessível na plataforma. O Facebook recomendou ainda aos usuários que acessem o site da Justiça Eleitoral para encontrar informações oficiais sobre as eleições de 2022 e disponibilizou link para o site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Falso para o Comprova é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance

No Facebook, a peça alvo da checagem tinha 620 reações, 572 comentários e 623 compartilhamentos até o dia 25 de outubro de 2022.

O que diz o responsável pela publicação

A reportagem enviou mensagem ao perfil que publicou o tuíte falso de Xuxa, mas não obteve resposta até a publicação deste material.

Como verificamos

O Comprova entrou em contato com fontes oficiais da Polícia Federal tanto do Rio de Janeiro, quanto de Brasília, para checar a informação de que a policial federal Karina de Oliveira estava na viatura atacada por Roberto Jefferson. Durante o contato, também checamos se a agente estava grávida, o que foi negado pelo órgão. Depois, entramos em contato com a assessoria de imprensa de Xuxa.

Sem post

Em seu perfil no Twitter, a última atualização feita pela apresentadora foi no dia 18 de outubro, ou seja, quase uma semana antes do ocorrido, no dia 23 de outubro.

A equipe da apresentadora confirmou que a mensagem não foi publicada originalmente no perfil de Xuxa. “Fake. Xuxa não fez esse post”, foi a resposta enviada ao Comprova.

Além disso, a foto do perfil do Twitter atribuído a Xuxa, utilizada na montagem que está sendo compartilhada, não condiz com a atual foto utilizada pela apresentadora no seu perfil na rede social.

Sem gravidez

Karina de Oliveira não estava grávida, logo, não perdeu nenhum filho por conta dos ferimentos. A informação não consta em nenhum boletim de ocorrência e foi negada por fontes oficiais da PF.

A agente foi ferida na cabeça e em outras partes do corpo por estilhaços de vidro do para-brisa, que foi atingido por uma granada lançada por Roberto Jefferson, segundo a PF. Karina foi prontamente atendida e teve ferimentos leves. Ela foi levada para um hospital da região e recebeu alta no mesmo dia.

Tentativas de homicídio

Karina não foi a única a ser ferida no episódio. O delegado federal Marcelo Vilella também estava na viatura e foi atingido por estilhaços. O policial teve ferimentos sem gravidade e recebeu atendimento no mesmo hospital que Karina.

Roberto Jefferson foi indiciado por quatro tentativas de homicídio, duas pelo ataque aos policiais Karina e Marcelo e outras duas relacionadas a agentes que estavam numa viatura, mas que não chegaram a ser atingidos.

O caso aconteceu no dia 23 de outubro, em Levy Gasparian, município que fica no interior do estado do Rio de Janeiro, onde mora Jefferson. Agentes da PF foram até a residência do político para cumprir ordem de prisão expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), e foram atacados pelo ex-deputado com granadas e um fuzil.

Jefferson se entregou depois de oito horas de descumprimento da decisão do STF. De acordo com a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária, ele teve a prisão mantida nesta segunda-feira (24), por determinação da Justiça, e foi levado para o Presídio Pedrolino Werling de Oliveira (Bangu 8), no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste.

O ex-deputado é investigado no inquérito que apura atividades de uma organização criminosa (milícia digital) que teria agido com o intuito de provocar um atentado contra o Estado Democrático de Direito. Jefferson vinha cumprindo prisão domiciliar e estava proibido de usar as redes sociais. No entanto, na última semana, ele apareceu em um vídeo nas redes proferindo xingamentos contra a ministra do STF Cármen Lúcia, reclamando de uma decisão judicial tomada por ela.

Filiada ao PT

Maria Aparecida Vieira de Lima tem 52 anos e nasceu em Inajá, Pernambuco. É advogada inscrita na subseção da OAB da cidade de Santo André, na Grande São Paulo. Em seu perfil no Instagram, consta que possui PhD em Teologia, Pós-graduação em Direito Constitucional, em Direito Eleitoral e Prática Previdenciária. Tem aulas online gravadas sobre religião e política. Nas eleições municipais de 2020, a advogada concorreu pelo PT para o cargo de vereadora da cidade de Santo André, utilizando o nome de Pastora Maria Aparecida.

De acordo com a Justiça Eleitoral, Maria Aparecida é filiada ao PT desde 2018.

Por que investigamos?

O Comprova investiga conteúdos suspeitos sobre a pandemia, políticas públicas do governo federal e as eleições presidenciais. Publicações falsas ou enganosas envolvendo candidatos à Presidência, como a peça aqui verificada, podem induzir a interpretações equivocadas sobre a realidade e influenciar eleitores no momento da votação. Os cidadãos têm direito de basear suas escolhas em informações verdadeiras e confiáveis.

A investigação desse conteúdo foi feita O Povo, SBT, Jornal do Commercio e CNN Brasil e publicada em 25 de outubro pelo Projeto Comprova, coalizão que reúne 43 veículos na checagem de conteúdos virais. Foi verificada por Folha, Correio Braziliense, Correio, Alma Preta, Poder360, Plural Curitiba, Estadão, piauí, A Gazeta, Grupo Sinos e Metrópoles.

Deixe um comentário