House of the Dragon sai da sombra da original com 1ª temporada

Um dos maiores fenômenos da história da televisão, Game of Thrones (2011-2019) mudou para sempre a maneira de contar histórias de fantasia. Acompanhar a série era um evento semanal, com amigos se reunindo em frente à TV todo domingo à noite para acompanhar as jornadas de Daenerys Targaryen (Emilia Clarke), Jon Snow (Kit Harington), Tyrion Lannister (Peter Dinklage) e tantos outros personagens marcantes. Em uma época na qual o domínio do streaming tornou-se predominante, uma produção de TV a cabo conseguir tal feito foi algo histórico.

Foi com o peso desta responsabilidade quase incomparável que House of the Dragon estreou três anos depois de os fãs se despedirem da série original. Também inspirada nos livros escritos por George R. R. Martin, o primeiro spin-off da franquia tinha uma missão ingrata. Como reconquistar a atenção do público depois do final criticadíssimo de Game of Thrones e, ao mesmo tempo, pavimentar o próprio caminho sem cair nas mesmas armadilhas de sua antecessora?

[Cuidado: possíveis spoilers de House of the Dragon abaixo]

A principal fórmula para atingir este objetivo foi resgatar (quase) tudo o que deu certo nos primeiros anos anos da série mãe. Para quem acompanhou a trama de Game of Thrones durante oito temporadas, parece bizarro relembrar que houve um momento no qual não havia dragões, white walkers, batalhas grandiosas ou cidades sendo destruídas.

Milly Alcock como Rhaenyra Targaryen em House of the Dragon

Milly Alcock como Rhaenyra Targaryen em House of the Dragon

Divulgação/HBO

Em seu primeiro ano, a série mãe se “limitava” a apresentar os personagens com uma narrativa lenta, porém extremamente saborosa de acompanhar. Através dos olhos de Ned Stark (Sean Bean), o público conheceu as intrigas de Porto Real, a mente estratégica de Tywin Lannister (Charles Dance) e os escândalos de Cersei (Lena Headey). Também aprendeu que, neste universo, é praticamente impossível se afeiçoar a alguém sem ter medo de ver seu personagem favorito morrer de maneira surpreendente pouco tempo depois.

Em House of the Dragon, o showrunner Ryan J. Condal soube andar pelos caminhos de pedra e seguiu à risca as “dicas” deixadas por David Benioff e D.B. Weiss na original. Entre erros e acertos, a primeira temporada do spin-off conseguiu conquistar o público com intrigas familiares, estratégias políticas e uma guerra fria para saber quem sentará no Trono de Ferro que parece não ter fim –e, como bem sabe o fã, nunca terá.

Ao fim de seus dez primeiros episódios, o resultado final é extremamente positivo. Embora o spin-off não tenha movimentado tanto as redes sociais quanto sua antecessora, a primeira leva de House of the Dragon fez um trabalho fantástico ao resgatar a franquia e ser capaz de dar passos largos por conta própria, distanciando-se para longe da enorme sombra de Game of Thrones que ofuscaria qualquer aposta meia-boca.

Paddy Considine

Paddy Considine como o rei Viserys

Divulgação/HBO

Elenco de primeira

Se a série original ficou marcada por caminhar de forma lenta até demais em seus primeiros anos, House of the Dragon seguiu por outra direção. A cada novo episódio, saltos temporais foram utilizados para apresentar os reais protagonistas da trama e preparar o terreno da grande guerra que está por vir. Se parte do público não aprovou a velocidade da narrativa e a constante troca de atores, o elenco da atração foi responsável por fazer da experiência de assistir ao spin-off extremamente agradável.

Escalado para dar vida ao rei Viserys Targaryen, Paddy Considine parece uma aposta certa para aparecer entre os indicados ao Emmy 2023. Conhecido por seus súditos como O Pacífico, o monarca viu o reinado de Westeros praticamente cair em seu colo por causa das tradições conservadoras dos Sete Reinos. Com a missão ingrata de praticamente comandar um ninho de cobras, ele viu sua saúde (física e mental) sucumbir pouco a pouco diante da pressão que sofria de todos os lados.

Se apesar da apatia e da inocência, Viserys conseguiu conquistar fãs em todo o mundo, foi por causa da excelente atuação de Considine. Do rei vigoroso introduzido no início ao idoso frágil e desgastado visto em seus momentos finais, o ator britânico foi capaz de mostrar apenas por sua expressão facial as dores e as dificuldades de ser um líder em um mundo no qual todos almejam o seu lugar.

Emma D'Arcy e Matt Smith na série House of the Dragon, variação de Game of Thrones

Emma D’Arcy e Matt Smith na série House of the Dragon, variação de Game of Thrones

Divulgação/HBO

O mesmo pode-se dizer das duplas Milly Alcock/Emma D’arcy (Rhaenyra Targaryen) e Emily Carey/Olivia Cooke (Alicent Hightower). Responsáveis por interpretar as duas principais personagens da primeira temporada em suas versões jovens e adultas, as atrizes dominaram suas cenas e fizeram o público se dividir sobre para qual núcleo da família Targaryen torcer.

Outra escolha certeira para ressuscitar o universo de Game of Thrones foi Matt Smith. Mais conhecido por Doctor Who e The Crown, o astro de 40 anos fez do rebelde Daemon Targaryen um favorito dos fãs desde o início. Com seu jeito sedutor e afrontoso, ele acumulou amor e ódio desde o primeiro episódio e foi um dos grandes destaques da primeira temporada –apesar de um pouco escanteado nos momentos finais.

Ainda há muitas histórias não contadas nos livros de Martin que vão alimentar as próximas temporadas de House of the Dragon. O que a primeira temporada fez foi reintroduzir um universo muito familiar sob um novo prisma, mostrando que a disputa pelo Trono de Ferro começou muito antes de Daenerys dar o seu primeiro suspiro em Dragonstone. Aos fãs da franquia, resta apenas a espera por novos episódios e declamar entre os amigos: vida longa à Casa Targaryen!

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