O CO₂ é um ótimo fertilizante natural

Todos devem se lembrar de que o gás carbônico, tecnicamente denominado dióxido de carbono e representado por CO₂, é a substância essencial para o desenvolvimento das plantas. Sem o CO₂ não seria possível que os vegetais existissem. A concentração desse gás na atmosfera é pífia, tanto é que consideramos a sua participação no grupo classificado como traços.

A atmosfera é praticamente estável em sua composição até cerca de 80 quilômetros de altitude (denominada homosfera). Dentre os gases, temos 78,00% de nitrogênio (N₂), 21,00% de oxigênio (O₂) e 0,93% de argônio (Ar), o gás nobre mais abundante do planeta. Quando realizamos a soma, fica claro que sobra muito pouco para se completar 100%. Pois é justamente nesta fração ínfima que entram todos os outros gases, que além de serem classificados como traços, podem apresentar algumas variações no decorrer do tempo, espaço e distribuição geográfica, inclusive em altitude. O CO₂ ocupa o primeiro lugar, com cerca de 0,035 a 0,038%, valores bastante aceitos na literatura científica e verificados no decorrer do último século, mesmo com os alarmistas querendo dizer que subiu para além dos 0,040 ou 0,041%. O vapor d’água, por ser a substância altamente variável, não se enquadra como componente de composição, pois sua presença pode ser próxima de zero a até 4,0%, bem mais elevado que o CO₂, concorrendo com os outros componentes majoritários do ar. Como os valores dos gases traços são tão ínfimos, adota-se, por referência, a taxa por milhão, ou seja, o CO₂ apresentaria, sendo bastante conservador, uma taxa de 380ppm, ou seja, entre um milhão de moléculas, 380 seriam desse gás.

Não cabe aqui uma ampla discussão sobre o assunto, mas vale ressaltar que, assim como a água tem um ciclo, conhecido por Ciclo Hidrológico, o CO₂ também o tem. Contudo, tal ciclo anda bastante esquecido, ou foi simplesmente violado pelas agendas que atingem atualmente a educação, pois as fontes de CO₂ são grafadas, com grande ênfase, como as saídas de chaminés ou escapamentos de automóveis, atribuindo um peso antrópico elevado que não existe.

Fica claro que as taxas de CO₂ ainda são muito pequenas e se elas se elevaram, os valores ficaram na faixa dos milésimos. Se isto ocorreu, provavelmente, foi muito benéfico para as plantas. Alguns trabalhos científicos que utilizaram as séries de imagens de satélites desde os anos 1980, demonstraram que o planeta ficou mais verde, tanto por vegetação natural, quanto por plantada (agricultura e florestas). Ao que parece, as florestas seriam, então, um grande sumidouro de carbono da atmosfera, absorvendo-o. Contudo, a coisa não é tão simples. Primeiramente, porque florestas estabilizadas consomem o carbono apenas para a manutenção de seus ciclos de vida, pouco contribuindo para o armazenamento. Portanto, esse consumo exacerbado só ocorreria durante o crescimento vegetal e, nas florestas de médias e altas latitudes, no período da primavera, quando há uma recomposição das folhagens. Assim sendo, concluímos que o CO₂ é um ótimo fertilizante natural, com propriedades de acelerar e, possivelmente, até expandir o crescimento vegetal.

No mundo próximo das certezas, sabemos que as estufas (as verdadeiras casas de vidro ou de plástico) têm por objetivo controlar ambientes, ou melhor, capturar um pedacinho da atmosfera e lá poder, além de inibir a circulação do ar com o meio externo, injetar CO₂. As taxas variam de 10 a 100% a mais que a concentração normal. Os vegetais, além de se tornarem mais vistosos, ficam mais saudáveis e resistentes às pragas. Apresentam também um desenvolvimento acelerado. As pesquisas que corroboram este fato já passaram dos 80 anos. A pergunta que fica no ar é: será que o procedimento é válido em uma escala temporal menor em ambiente aberto?

Em 2013, quando estive em Vitória da Conquista — BA, em um evento de agricultores e produtores de café, tive a oportunidade de conhecer o professor Matta. Ele apresentou os resultados que conseguiu com o seu experimento, já realizado nos EUA há mais de 20 anos. Trata-se do Face (Free Air CO₂ Enrichment, ou Enriquecimento do Ar Livre por CO₂). O experimento era composto por um pequeno cercado poligonal feito de apenas um cano por face do polígono. Os canos possuíam pequenos orifícios que, conforme soprava o sentido do vento, soltavam o gás CO₂ de forma que ele circularia pelo interior do polígono, misturando-se ao ar livre, tendo em vista que se tratava de experimento ao ar livre. Tanto no polígono quanto fora haviam mudas de café, porém, as que estavam fora possuíam um ano e eram razoavelmente desenvolvidas, enquanto as que estavam no polígono, tinham apenas uma semana, sendo bem mirradas. Logicamente, o ar borrifado, enriquecido, permearia por um tempo pequeno por dentro da formação do polígono entre as folhas das mudas de café, até ser carregado pela atmosfera livre. O controle do fluxo de liberação do gás era realizado por uma estação meteorológica que registrava o sentido do vento. Passados 18 meses, as mudas que receberam o reforço de CO₂ no polígono, além de robustas, estavam um pouco maiores e mais desenvolvidas que as de fora (Figs. 01 a 04). O experimento evidenciou que o reforço de CO₂ em ambiente aberto realmente acelera o crescimento das plantas de café, como fora verificado em outros projetos Face de outras culturas nos EUA.

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Até aí, entendemos a importância do CO₂ para um desenvolvimento acelerado. Contudo, a ala dos pesquisadores crentes do “aquecimento global antrópico” resolveu levar o experimento já consagrado para um outro patamar escalar, inclusive questionando-o. Com algumas modificações, ampliaram a experiência para utilizar uma torre com 35 metros, de outro experimento mais antigo. Esta torre será cercada por mais 16 torres extras da mesma altura que farão o papel de soltar o CO₂, exatamente como no Face realizado em escala menor pelo professor Matta. O experimento, financiado com dinheiro público da Fapesp e da Alemanha, por meio da DFG, diz ter como objetivo, em linhas gerais, tentar validar modelos ecossistêmicos feitos em computador, com os dados experimentais locais. Já por aí vemos algumas falhas lógicas e procedimentais que envolvem utilizar um único ponto como referência para uma área vasta como a floresta; aplicar a lógica do Face a uma área florestal de desenvolvimento maduro; extrapolar a lógica para a grande diversidade de espécimes existentes, entre outros.

Curiosamente, há uma citação do professor Lapola (Cepagri/Unicamp) que diz, textualmente, que os “dados de observação de longo prazo mostram que o tamanho dos estoques de carbono na Amazônia reduziu 30% desde a década de 1990. Se essa tendência persistir, a maior floresta tropical do mundo se tornará uma fonte de carbono para a atmosfera em cerca de 15 anos. Então, como podemos esperar que as florestas absorvam ainda mais carbono, quando temos projeções mostrando que os estoques de carbono atuais não irão persistir?”. As projeções sempre são falhas porque tendem a avaliar os eventos naturais linearmente, coisa que não existe, mas tal afirmação proferida derrubaria a falsa ideia de que a floresta é o grande sumidouro de carbono e “regulador de temperatura global” como tanto alegam. Também concluímos, como sempre alerto, que boa parte do discurso alarmista é apoiado em especulações, pois ficou evidente o desconhecimento profundo sobre diversos fatores listados como reguladores climáticos. Isto não dá carta branca para devastação, mas indica que o uso racional da floresta pode e deve ser empregado, gerando riqueza e produção. No caso, a única devastação que observamos foi a da hipótese que não se sustentou, pois, ao que parece, não há necessidade de se “alimentar por meio da floresta” para se verificar que a sua resposta ao carbono, como atuador climático, não representa a realidade, mas há, sim, uma enorme necessidade de se alimentar os seres humanos. Sempre questionarei o uso de dinheiro público em aventuras como essa, quando há muitas outras necessidades reais a serem pesquisadas que trariam soluções pragmáticas para a sociedade.

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