Após a demissão do último presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, o Comitê de Elegibilidade da estatal analisa nesta sexta-feira (23) a indicação do novo nome para o cargo. Se aprovado, Caio Mário Paes de Andrade deve assumir o comando da empresa em um cenário de pressão política do governo federal e do Congresso, por causa da disparado do preço dos combustíveis em ano eleitoral.
Se o nome for aprovado, deverá ainda passar pela assembleia-geral da estatal, realizada pelo atual conselho da empresa. Até o momento, quem está como presidente-interino é Fernando Borges, diretor-executivo de produção e exploração.
O Comitê de Elegibilidade é composto por cinco membros do Conselho de Administração e do Comitê de Pessoas, sendo três conselheiros e dois diretores. Também foi convidado para participar Marcelo Mesquita, conselheiro de administração, eleito pelos acionistas minoritários detentores de ações preferenciais.
Caso seja aprovado, Paes de Andrade será o quarto presidente da Petrobras durante o governo Bolsonaro. As trocas de comando estão relacionadas, principalmente, à pressão política feita sobre os reajustes de preço dos combustível.
Para evitar prejuízos, a estatal tem repassados os aumentos às distribuidoras. A gasolina e o diesel têm contribuído para o alto patamar da inflação, que acumula alta de 11,73% nos últimos 12 meses. de acordo com o IPCA, índice oficial da inflação. Apenas em 2022, o preço do diesel nas refinarias acumula alta de 68% e o da gasolina, 31%.
Quem é Caio Mário Paes de Andrade?
Caio Mário Paes de Andrade, nome que será analisado pelo Cômite, tem o apoio do governo. Ele é secretário especial de Desburocratização, cargo alto do Ministério da Economia e próximo de Paulo Guedes, chefe da pasta.
Ao anunciar a indicação de Paes de Andrade, o Ministério de Minas e Energia afirmou que “ele reúne todas as qualificações para liderar a companhia a superar os desafios que a presente conjuntura impõe, incrementando o seu capital reputacional, promovendo o contínuo aprimoramento administrativo e o crescente desempenho da empresa, sem descuidar das responsabilidades de governança, ambiental e, especialmente, social da Petrobras”.
Andrade é formado em comunicação social pela Unip, pós-graduado em administração e gestão pela Harvard University e mestre em administração de empresas pela Duke University.
Um grupo de checagem da estatal analisa as informações sobre currículo do secretário especial, que foram passadas por ele.
Relembre nomes que já passaram pelo cargo
O primeiro a assumir a presidência da estatal no governo Bolsonaro, em 2019, foi o economista Roberto Castello Branco. Mas a gestão foi criticada pelo presidente da República por causa da política de preços da estatal. Em 2021, ele acabou demitido e o general Joaquim Silva e Luna assumiu.
O militar durante a sua posse disse que o desafio seria conciliar os interesses dos acionistas da estatal e dos consumidores. Mas Silva e Luna também acabou caindo pelos mesmos motivos. Em 2022, ano eleitoral, o químico José Mauro Ferreira Coelho assumiu ainda mais pressionado.
A renúncia do último presidente da estatal veio logo depois de a Petrobras anunciar um reajuste de 14,2% no preço do diesel e de 5,2% na gasolina. Ele já havia sido demitido por Bolsonaro, mas aguardava assembleia de acionistas aprovar seu sucessor, Caio Paes de Andrade. O aumento, de acordo com a empresa, foi motivado pelas mudanças nos preços internacionais.
*É estágiaria do R7, sob supervisão de Ana Vinhas