As vagas de trabalho andam escassas. Embora tenha recuado, a taxa de desemprego ainda era de 10,5% no Brasil —11,3 milhões de pessoas— no trimestre encerrado em abril.
As formas de procurar emprego, porém, estão se diversificando nas redes sociais.
As ferramentas usadas por empresas de recrutamento agora incluem aplicativos de mensagem como Slack, Discord, Telegram e WhatsApp.
Além de permitirem um contato mais próximo com o candidato, grupos específicos como “Médicos do ABC” ou “Direito empresarial” podem fazer o papel de selecionar o perfil de funcionário desejado pela empresa.
“A pandemia acelerou esse movimento de forma gigantesca”, afirma Gabriela Andrade, diretora de operações da consultoria de recursos humanos Luandre.
Cidades muito pequenas podem exigir da empresa recursos como carro de som ou anúncio em igreja, mas, na maioria dos casos, a internet é a principal ferramenta.
Nos últimos anos, a proporção entre recrutamentos presenciais e remotos se inverteu, segundo Andrade. “Antes, 80% dos nossos processos eram presenciais”, afirma.
Independentemente do meio, o método de escolha do candidato é como um funil: primeiro, a empresa atrai o maior volume possível de profissionais que tenham a mínima aderência ao perfil solicitado. Depois, faz uma triagem nos currículos para, por último, entrevistar os selecionados e encontrar o mais adequado ao seu cliente.
O LinkedIn, rede social de negócios, já foi incorporado pela empresa na última década, mas recentemente os aplicativos de mensagem começaram a ser adotados. O público-alvo, nesses casos, é o com mais qualificação. “Para vagas de base é mais difícil usar essas ferramentas”, afirma Andrade.
Se a empresa busca um professor, por exemplo, os recrutadores entram em grupos que podem concentrar profissionais do perfil, como as comunidades de educação, e publicam a oportunidade. A principal vantagem é direcionar a mensagem para grupos restritos. “Nós temos um foco específico na busca”, diz ela. “Sabemos como direcionar e onde vai estar esse público.”
A engenheira de computação Laís Pessine do Carmo, 30, não é recrutadora, mas quando vê uma vaga na sua empresa, publica em um grupo do Telegram de mulheres que programam ou têm interesse na linguagem Python.
“Eu tento direcionar essas vagas para grupos de mulheres na tecnologia. Essa é uma área em que infelizmente há pouca presença feminina, quase sempre eu sou a única do meu grupo”, diz ela.
As vagas em tecnologia normalmente pedem perfis fechados, diz ela, como saber programar em uma linguagem específica. O grupo ajuda, além de aproximar a candidata. “Se é uma vaga para Python e vem uma menina do grupo, com certeza eu vou dar um pouquinho mais de atenção para ela”, afirma.
Patricia Guisordi, 38, conquistou uma vaga ali. Formada em relações internacionais, ela resolveu migrar para a tecnologia depois de dez anos na sua área de formação. Ela conheceu o grupo em uma oficina de programação.
Quando viu o anúncio no Telegram, em 2018, ela estava empregada havia dois meses. “Tem situações em que a própria pessoa está procurando. Aí você manda o currículo e já conversa, isso talvez acabe abrindo portas”, afirma ela. Foi o seu caso quando conseguiu a vaga.
O processo é bem diferente daquele no início da sua faculdade. “A gente acabava procurando emprego no mural da faculdade. Eu cheguei a procurar nos classificados e a levar currículos para agências”, lembra ela.
No grupo, é mais fácil até mesmo enxergar a capacidade técnica das colegas, segundo ela. “A gente tira dúvidas umas das outras. Isso ajuda no seu networking e talvez na empregabilidade”, afirma.
O ambiente online não elimina as boas práticas nos processos de seleção, segundo a diretora da Luandre Gabriela Andrade. Veja abaixo algumas dicas para conseguir a vaga.