Mulher de jornalista desaparecido na Amazônia pede urgência nas buscas – Notícias


A mulher do jornalista inglês Dom Phillips, que está desaparecido desde domingo (5) na Amazônia, pediu que as autoridades brasileiras tenham urgência nas buscas e na investigação. Alessandra Sampaio vive com Phillips, que é colaborador do jornal The Guardian, em Salvador, no Brasil.


“Autoridades brasileiras, nossas famílias estão desesperadas. Por favor, respondam à urgência do momento com ações urgentes”, afirmou Alessandra ao The Guardian. “Enquanto faço este apelo, eles estão desaparecidos há mais de 30 horas. Na floresta cada segundo conta, cada segundo pode ser a diferença entre a vida e a morte.”


Alessandra gravou um vídeo em que pede ao governo federal e aos órgãos que intensifiquem as buscas. As imagens foram reproduzidas no Twitter do jornalista Tom Phillips, correspondente do The Guardian na América Latina.




“Porque a gente ainda tem um pouquinho de esperança de encontrá-los. Mesmo que eu não encontre o amor da minha vida vivo, eles têm que ser encontrados. Por favor, intensifiquem essas buscas”, disse no vídeo, emocionada.


Phillips e o indigenista Bruno Araújo saíram de Atalaia do Norte para visitar a equipe de vigilância indígena do lago do Jaburu, ambas as localidades no estado do Amazonas, na última sexta-feira (3). O retorno deveria ter ocorrido no domingo (5).


O vale do Javari, no extremo oeste do estado, fica próximo à fronteira com o Peru e abriga ao menos 14 grupos isolados — a maior população indígena não contatada do mundo. A região é pressionada por invasores ligados à pesca e à caça ilegal, ao garimpo e à extração de madeira.


“Tudo o que posso fazer é rezar para que Dom e Bruno estejam bem, em algum lugar, e impossibilitados de continuar sua jornada por causa de algum problema mecânico, e que tudo isso acabe sendo apenas mais uma história nesta vida cheia deles”, afirmou Alessandra ao The Guardian.



A mulher do jornalista ressaltou a preocupação dela e da família e pediu que as autoridades “façam todo o possível” para revistar rotas na região. “Se alguém puder ajudar a aumentar os recursos para a pesquisa, seria ótimo, porque o tempo é crucial”, disse.


Phillips mora em Salvador, na Bahia. O jornalista é colaborador do The Guardian e também faz reportagens sobre o Brasil há 15 anos para o New York Times e o Washington Post.


O jornal The Guardian afirmou que a embaixada britânica no Brasil também acompanha o caso. “O Guardian está muito preocupado e busca urgentemente informações sobre o paradeiro e as condições de Phillips. Estamos em contato com a embaixada britânica no Brasil e autoridades locais e nacionais para tentar apurar os fatos o mais rápido possível.”


Viagem


Bruno Araújo e Dom Phillips saíram de Atalaia do Norte para visitar a equipe de vigilância indígena do lago do Jaburu em uma embarcação nova, com 70 litros de gasolina — o suficiente para o percurso — e sete tambores vazios de combustível.


Por volta das 6h do domingo, eles chegaram à comunidade São Rafael, onde encontrariam uma liderança local. Sem conseguirem falar com o morador, decidiram voltar para Atalaia do Norte, viagem com duração estimada em cerca de duas horas, mas não chegaram à cidade.


De acordo com a Univaja (União das Organizações Indígenas do Vale do Javari), o indigenista Bruno Araújo tinha sido intimidado dias antes da viagem na companhia do jornalista do Guardian. A entidade diz que as ameaças foram relatadas à Polícia Federal, ao Ministério Público Federal, ao Conselho Nacional de Direitos Humanos e a organizações de direitos dos povos indígenas.


“Às 14h, saiu de Atalaia do Norte uma primeira equipe de busca da Univaja, formada por indígenas extremamente conhecedores da região. A equipe cobriu o mesmo trecho que Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips supostamente teriam percorrido, mas nenhum vestígio foi encontrado”, informa o comunicado da Univaja.


Araújo é indigenista especializado em povos indígenas isolados e conhecedor da região, onde foi coordenador regional por cinco anos. Segundo a Funai, ele não estava em “missão institucional” e estava de “licença para tratar de interesses particulares”. O servidor era alvo de ameaças constantes por parte de garimpeiros e madeireiros na região.

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