Cresce fatia que apoia reeducação de jovens infratores, aponta Datafolha

A maioria ainda defende que os jovens sejam punidos como adultos, mas o índice recuou

Joelmir Tavares
São Paulo, SP

Mais brasileiros acham hoje que adolescentes envolvidos em criminalidade devem ser reeducados do que cinco anos atrás, segundo nova rodada da pesquisa Datafolha sobre o perfil ideológico da população. A maioria ainda defende que os jovens sejam punidos como adultos, mas o índice recuou.

Também houve redução no grupo que defende a pena de morte para criminosos em geral, enquanto ganha impulso o pensamento de que não cabe à Justiça matar uma pessoa mesmo em casos graves.

A ideia de que adolescentes que cometem crimes (juridicamente, atos infracionais) devem passar por processo de reeducação é endossada por 34% da população, ante 25% em 2017, ano do levantamento anterior. O percentual de agora é o maior desde 2013, quando começou a série histórica.

Os entrevistados que acreditam que jovens infratores devam ser penalizados como se fossem adultos eram 73% cinco anos atrás e agora são 65%. Embora a opinião permaneça como majoritária, esse é o menor percentual desde que a sondagem passou a ser feita. Uma fatia de 1% não opinou.

No recorte dos entrevistados por faixa etária, a punição equivalente à dos adultos é menos aprovada justamente pelos mais jovens, de 16 a 24 anos. Nesse estrato, 57% concordam com a alternativa mais dura, enquanto, entre os cidadãos com 35 a 59 anos, o índice sobe para 68%.

A maioridade penal no Brasil é atingida aos 18 anos. Antes disso, adolescentes que cometem infrações vão para os sistemas de cumprimento de medida socioeducativa, geridos pelos governos estaduais. Menores de idade podem ficar até três anos internados.


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A pesquisa mostrou, de maneira geral, uma identificação maior do brasileiro com pensamentos associados à esquerda, como a pauta dos direitos humanos. A classificação no espectro foi feita a partir de respostas do entrevistado a perguntas sobre comportamento, valores e economia.

Segundo o instituto, 49% da população está situada hoje nesse campo, o maior percentual já alcançado. Em 2017, o grupo correspondia a 41%. Já a direita atingiu sua menor pontuação, passando de 40% para 34%.

A identificação maior com pensamentos de esquerda foi verificada também em relação à pena de morte.

Um grupo de 61% da população acha que não cabe à Justiça matar uma pessoa, mesmo que ela tenha cometido um crime grave. Em 2017, essa avaliação somava 55%. Os números para essa questão são ascendentes desde a primeira edição do levantamento.


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A tendência é que a execução seja rejeitada mais por mulheres (entre as quais a opinião é compartilhada por 64%) do que por homens (57%). Pessoas acima dos 60 anos (64%) e com nível superior de escolaridade (64%) também repelem o extermínio com maior intensidade.

De acordo com a pesquisa, a pena de morte é a melhor punição para indivíduos que cometem crimes graves na visão de 36%, ante 42% no levantamento anterior. Uma fatia de 3% não opinou.

O índice de favoráveis à aplicação da pena capital entre os que se declaram espíritas é de 20% e vai a 33% entre evangélicos e a 40% entre católicos.

Na primeira edição da pesquisa, em 2013, as parcelas contrária e favorável à execução de criminosos eram muito mais próximas, de 49% e 47%, respectivamente.


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A pena de morte não é aplicada no Brasil, embora esteja prevista no inciso 47 do artigo 5º da Constituição em período de guerra declarada. O último combate em que o país entrou foi a Segunda Guerra Mundial.

O Datafolha ouviu 2.556 pessoas acima dos 16 anos em 181 cidades de todo o país nos últimos dias 25 e 26. Contratado pela Folha, o levantamento está registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o número BR-05166/2022 e possui margem de erro de 2 pontos percentuais, para mais ou menos.

A classificação ideológica foi feita conforme a pontuação alcançada pelas respostas do entrevistado em questões sobre temas que separam as duas visões de mundo, tanto em comportamento e valores quanto em economia. A conversão à esquerda foi mais sensível na primeira parte do que na segunda.


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