A Organização Mundial da Saúde (OMS) segue monitorando a disseminação recente da varíola dos macacos —doença que, até o momento, tem causado infecções leves, apesar das lesões características na pele.
Mais de cem casos foram confirmados fora das regiões em que a enfermidade é endêmica, em 16 países no total: Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, França, Israel, Itália, Países Baixos, Portugal, Reino Unido, Suécia e Suíça.
O surto da doença pegou cientistas de surpresa. As autoridades de saúde do Reino Unido, por exemplo, que contabilizava 57 infectados até esta segunda (23), chegaram a emitir novas recomendações recentemente, pedindo às pessoas infectadas ou que tiveram contato com alguém doente que se isolem por três semanas.
Na sexta-feira (20), a Bélgica se tornou o primeiro país a decretar uma quarentena de três semanas para aqueles infectados.
Falando no domingo na abertura da Assembleia Mundial da Saúde da OMS, Tedros Adhanom, diretor-geral da entidade, comentou que “a pandemia de Covid não é a única crise em nosso mundo”.
“Enquanto falamos, nossos colegas ao redor do mundo estão respondendo a surtos de ebola na República Democrática do Congo, varíola e hepatite de causa desconhecida e crises humanitárias complexas no Afeganistão, Etiópia, Somália, Sudão do Sul, República Árabe Síria, Ucrânia e Iêmen”, completou.
“Enfrentamos uma formidável convergência de doenças, seca, fome e guerra, alimentada por mudanças climáticas, desigualdade e rivalidade geopolítica”, acrescentou o chefe da OMS.
Há alguns dias a entidade havia declarado que uma série de casos suspeitos de varíola dos macacos estavam sendo investigados —sem citar os países envolvidos— e alertou que mais infecções provavelmente seriam confirmadas. No sábado (21), publicou uma primeira lista com os locais afetados.
Depois que um primeiro surto foi identificado no Reino Unido, o vírus passou a ser detectado em vários outros países da Europa —com agências de saúde pública na Espanha, Portugal, Alemanha, Bélgica, França, Holanda, Itália e Suécia, todas confirmando casos.
Outras infecções foram anunciadas na Áustria e na Suíça neste domingo. A Argentina também informou um primeiro caso suspeito.
Susan Hopkins, diretora da Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido, informou que novos casos estão sendo detectados “diariamente” e que o vírus já tem se espalhado de forma comunitária no país, ou seja, entre pessoas que não tiveram contato com ninguém que tenha visitado o continente africano, onde a doença é endêmica.
O risco para a população em geral, entretanto, permanece “extremamente baixo”, diz ela, com casos até agora encontrados principalmente em algumas áreas urbanas.
O vírus que causa a varíola dos macacos é mais comum em partes remotas da África Central e Ocidental — e não tende a se espalhar facilmente entre as pessoas.
A doença geralmente é leve e a maioria das pessoas infectadas se recupera em algumas semanas.
Embora não haja vacina específica para a varíola dos macacos, vários países informaram que estão estocando doses contra a varíola “comum”. Como os vírus que causam as duas doenças são bastante semelhantes, o imunizante tem eficácia de cerca de 85% na prevenção da infecção.
Ainda não está claro por que os surtos estão acontecendo agora.
Uma possibilidade é que o vírus tenha mudado de alguma forma, embora atualmente haja poucas evidências que indiquem a existência de uma nova variante.
Outra explicação possível é de que o vírus tenha encontrado o lugar certo na hora certa para se disseminar.
Também é possível que a varíola dos macacos se espalhe com mais rapidez do que no passado por conta da diminuição da cobertura vacinal da varíola “comum”.